terça-feira, 8 de maio de 2012

Inutilia truncat

Considerando que as principais características do Arcadismo são o bucolismo (fugere urbem), a simplicidade da composição, voltada para elementos do classicismo - constituindo-se em um neoclassicismo -, e a presença de pseudônimos pastoris, culminando com a filosofia do carpe diem, reflita sobre a especifidade do Arcadismo no Brasil, destacando um dos três elementos listados abaixo:
1) Apego aos valores da terra;
2) Incorporação do indígena;
3) Sátira política.
Para esse trabalho devem ser analisadas obras - ao menos duas - ou fragmentos que possuam relação com a característica escolhida. Procure justificar sua leitura com um texto teórico de referência.

35 comentários:

  1. Gregório de Matos é considerado o maior poeta do Barroco brasileiro. Suas obras, repletas de figuras de linguagem, falando sobre religião, filosofia e amor.Viveu a decadência da família, de antiga fidalguia lusa,e senhora de um engenho de tamanho médio no Recôncavo, perdeu, como tantas outras, o sustento que mantinha as famílias naquela época, quando ocorreu a queda fulminante dos preços do açúcar. No soneto "À Bahia", o poeta identifica o "eu lírico com o objeto de seu poema"(Alfredo Bossi, 1992,p.94). Apresenta ambos na mesma situação. O presente é resultado de uma decadência sofrida tanto pela Bahia quanto pelo eu-lírico em relação a um passado de opulência. O soneto começa com a expressão "Triste Bahia!",o que confere à Bahia um estado de pessoalidade. As emoçõe expressas por uma Bahia triste são, na verdade,as emoções do poeta.O poeta vê a cidade;a cidade vê o poeta,citando Bassi, o que fica evidente pela empatia demonstrada pelo poeta ao procurar sempre estabelecer uma relação entre si e a Bahia.
    À cidade da Bahia
    Triste Bahia! ó quão dessemelhante
    Estás e estou do nosso antigo estado!
    Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
    Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

    A ti trocou-te a máquina mercante,
    Que em tua larga barra tem entrado,
    A mim foi-me trocando, e tem trocado,
    Tanto negócio e tanto negociante.

    Deste em dar tanto açúcar excelente
    Pelas drogas inúteis, que abelhuda
    Simples aceitas do sagaz Brichote.

    Oh se quisera Deus, que de repente
    Um dia amanheceras tão sisuda
    Que fôra de algodãoo teu capote!

    Clarisse Recuero

    ResponderExcluir
  2. Na Europa do século XVIII desenvolveu-se um panorama de transformação cultural, o qual valorizava a razão e as ciências em oposição às ideias religiosas e resultou em um movimento conhecido por Iluminismo ou Ilustração. Na literatura esse movimento deu origem ao Arcadismo, também chamado Neoclassicismo pelo fato de retomar referenciais clássicos, como a mitologia, mas sem preservar, contudo, o rigor e os exageros do barroco.
    O Arcadismo no Brasil seguiu a linha do carpe diem, da visão bucólica e, dentre elementos caracterizadores, pode-se destacar a incorporação do indígena. Exemplos de autores responsáveis por essa incorporação em suas obras são Frei José de Santa Rita Durão (1722-1784) e José Basílio da Gama (1741-1795), embora tenham adotado perspectivas diferentes de caracterização dos nativos. Vejamos um primeiro fragmento:

    “A terra, ou que pusesse as mãos em falso,
    Rodou sobre si mesmo, e na caída
    Lançou longe a Sepé. Rende-te, ou morre,
    Grita o governador; e o tape altivo,
    Sem responder, encurva o arco, e a seta
    Despede, e nela lhe prepara a morte”.

    Esse trecho foi destacado da obra O Uraguai de Basílio da Gama, Canto Segundo. Basílio nasceu em Minas Gerais e estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro. Decretada a expulsão da Companhia de Jesus do Brasil viajou para Portugal, onde foi detido por Marquês de Pombal, perseguidor do jesuitismo.
    O poema do qual se trouxe um recorte foi produzido pelo poeta a fim de evitar seu degredo de terras lusitanas e, com esse intuito, além de retratar o jesuíta como um inimigo, “tenta conciliar a louvação de Pombal e o heroísmo do indígena” (BOSI, 2006, p. 65). No fragmento citado, o exemplo de heroísmo está na figura do índio Sepé, que prefere a morte em decorrência da luta pela causa defendida do que a rendição ao adversário.
    No entanto, essa visão heroica do indígena não foi unânime na literatura produzida no período do Arcadismo no Brasil. Aproveitando-se o já citado nome de Santa Rita Durão, vejamos agora um trecho de sua obra Caramuru e, em seguida, a relação feita por Alfredo Bosi em História concisa da literatura brasileira a respeito do papel assumido pelo indígena nesta obra e na anteriormente comentada.

    “Devora-se a infeliz mísera Gente,
    E sempre reduzida a menos terra,
    Virá toda a extinguir-se infelizmente;
    Sendo em campo menor maior a guerra.
    Olhai, Senhor, com reflexão clemente
    Para tantos Mortais, que a brenha encerra;
    E que, livrando desse abismo fundo,
    Vireis a ser Monarca de outro Mundo”.

    Também no Caramuru de Fr. José de Santa Rita Durão o índio é matéria-prima para exemplificar certos padrões ideológicos. Mas será uma corrente oposta à de Basílio, voltada para o passado jesuítico e colonial, e em aberta polêmica com o século das luzes (BOSI, 2006, p. 68).

    O fragmento foi retirado do Canto I da obra e está em consonância com o que diz Alfredo Bosi pois, ao contrário do que aconteceu em O Uraguai, no poema Caramuru o povo nativo é retratado como um objeto potencial de colonização e catequização, um povo antropófago que dependia da salvação dos colonizadores. O próprio título refere-se ao náufrago português Diogo Álvares Correia, que é o herói da história.
    Embora este trabalho tenha se atido à questão da incorporação indígena, há outras especificidades que podem ser encontradas nas obras dos poetas árcades brasileiros, tais como o apego aos valores da terra e a sátira política. Entretanto, pensando-se na continuidade dos estudos e antevendo-se o romance indianista como sendo uma das vertentes do próximo período a ser analisado, tornou-se proveitosa a observação da inserção do índio no Arcadismo, observação essa que pode servir para uma futura comparação entre esse e próximos períodos.

    Juliane M. Orlandi

    ResponderExcluir
  3. Referências

    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006.

    TUFANO, Douglas. Estudos de literatura brasileira. São Paulo: Ed. Moderna, 1983.

    Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
    http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/caramuru.pdf
    http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/uraguai.pdf Acessos em: 12 mai. 2012

    Portal São Francisco. Disponível em:
    http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/basilio-da-gama/basilio-da-gama.php Acesso em 12 mai. 2012

    Juliane M. Orlandi

    ResponderExcluir
  4. A literatura árcade tem como marco principal três características básicas que são, o apego a terra, a incorporação do indígena e sátira política. Numa perspectiva mais ampla, expressa também, a crítica à burguesia, aos abusos da nobreza e do clero.Alguns de seus poetas deixam essas características bem claras em suas obras. Um exemplo bem específico é a obra “Caramuru”, de Frei José de Santa Rita Durão. Sendo essa, a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil, a obra se baseia no descobrimento da Bahia. A composição é de caráter informativo, constituindo-se num verdadeiro registro histórico através dos usos, costumes, crenças e temperamento dos selvagens brasileiros, que aparecem na exótica paisagem da natureza tropical.Ainda, Santa Rita Durão mantém descrição dos costumes, das técnicas, dos ritos, tão exata quanto possível no seu tempo.
    “E, sem demora as praias ocupando,
    Foi dos Tupinambás, com teu recordo,
    As potentes aldeias visitando,
    Com amiga aliança em firme acordo.
    Do sertão vasto em numeroso bando
    Desciam, festejando o nosso abordo,
    Os carijós, tapuias e outras gentes,
    Por fama do teu nome obedientes.“
    “Nas comestíveis ervas, é louvada
    O quiabo, o jiló, os maxixeres,
    A maniçoba peitoral prezada,
    A taioba agradável nos comeres,
    O palmito de folha delicada,
    E outra mil ervas, que se usar quiseres,
    Acharás na opulenta natureza
    Sempre com mimo preparada a mesa.”
    Em seu poema, Santa Rita Durão, mostra o indígena como um “bom selvagem”, com uma ideia de aproximá-lo da civilização e não somente de catequizá-lo apesar de abordar o indígena do ponto de vista da catequese a qual servirá como elemento de dominação, de transformação do índio de um selvagem para um humano. Além disso, apresenta para a sociedade a exaltação das terras brasileiras. A preocupação do poeta também de narrar de maneira cuidadosa e com precisão e riqueza de detalhes a natureza, outra característica marcante do arcadismo.

    Jose Basílio da Gama, outro autor do período árcade, também trás em sua obra “O Uraguai”, a incorporação indígena. Trata-se de um poema que tem como base a critica drástica aos jesuítas, seus antigos mestres. Ele alega que os jesuítas apenas defendiam os direitos dos índios para eles mesmos serem seus senhores. Trata os indígenas como matéria poética, e não apenas de forma informativa ou exótica.
    "Sete povos, que os bárbaros habitam
    Naquela oriental vasta campina
    Que o fértil Uraguai discorre e banha.
    Quem podia esperar que uns índios rudes,
    Sem disciplina, sem valor, sem armas,
    Se atravessassem no caminho aos nossos,
    E que lhes disputassem o terreno!"
    (Canto II, v.170-176)
    No trecho "rudes, sem disciplina, sem valor, sem armas", temos a visão do colonizador em relação aos nativos, onde, disciplina significa para o europeu ordem e hierarquia, "sem valor", já aponta diretamente para uma questão que envolve história e tradição onde, um povo não europeu, sem noção da escrita, não católico e de organização social rude e simples, na opinião do conquistador, não pode ter uma história de maneira a se comparar com a da civilização europeia. Ainda, em “sem armas”, fica uma ideia de certo reconhecimento da parte do colonizador, pelo indígena. Como um povo de guerreiros sem valor, podem enfrentar, sem armas, o exército real? Um certo ar de contradição pode ser visto nesse trecho visto que, valor também significa coragem, valentia, heroísmo e bravura.

    ANGÉLICA NORONHA DE SÁ

    ResponderExcluir
  5. Para compreender o artifício da vida rústica a poesia arcádica,o mito do homem natural cuja forma extrema é a figura do bom homem selvagem o índio.No arcadismo brasileiro os traços pré-românticos são poucos espaçados embora ás vezes expressivos,como em uma outra lira de Gonzaga.
    As principais obras do arcadismo brasileiro são valorização da vida no campo,os principais autores são Manoel da Costa e Basílio da Gama.No entanto ,já observou Antônio Cândido de todos os poetas mineiros talvez o mais profundamente preso ás emoções os valores da terra é Basílio da Gama.Com seu Uraguai ,que lê-se até hoje com agrado,pois ele era um autor de veia fácil que aprendeu na Arcádia menos o artifício dos temas que o desempenho da linguagem e do metro.
    “Fumam ainda nas desertas praias
    Lagos de sangue, tépidos e impuros,
    Em que odeiam cadáveres despidos,
    Pasto de corvos”.

    Bibliografia: Alfredo Bosi,história concisa da literatura Brasileira.
    Massaud Moisés ,história da literatura brasielira.


    ROSELAINE DE LIMA SOUZA

    ResponderExcluir
  6. O Arcadismo ou neoclassicismo foi uma época em que, panoramicamente, a liberdade de expressão e vontade própria tornava-se algo em plena ascensão, porém como em todos os outros períodos literários não basta apenas relevar suas respectivas características e não levar em conta o contexto histórico.
    O Brasil ainda estava sob controle português, que por sua vez havia implantado impostos de preços absurdamente altos. Esse foi um importante fator que desencadearia a indignação do povo brasileiro, gerando assim uma revolta chamada Inconfidência Mineira, liderada por Tiradentes e composta por vários poetas como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Inácio de Alvarenga, entre outros.
    Esse desnorteio gerado pelo período e fortemente influenciado por Iluministas, fez com que as pessoas valorizassem coisas simples como apegar-se aos valores da terra, refletindo nas poesias, como exemplo a obra de Claudio Manuel da Costa, “Sonetos”:

    Sonetos
    IV
    “Sou pastor; não te nego; os meus montados
    São esses, que aí vês; vivo contente
    Ao trazer entre a relva florescente
    A doce companhia dos meus gados;”

    Nesse fragmento do poema o apego aos valores da terra se apresenta claramente quando o eu-lírico diz viver contente entre a relva e com a doce companhia de seus gados. Ele coloca algo aparentemente simples em um pedestal, ou seja, acrescenta adjetivos para aquilo a ser cultivado. Por exemplo no terceiro e no quarto verso onde aparece “relva florescente” e “a doce companhia dos meus gados”. Por mais insignificante que possa parecer aquela vida bucólica, para ele é o suficiente. Não satisfeito, ele ainda sente orgulho em ser pastor, explícito no primeiro verso onde ele afirma: “Sou pastor; não te nego;”
    Outro trecho de poema a ser destacado é de Tomás Antônio Gonzaga, nomeado “Marília de Dirceu”:

    Marilia de dirceu
    “Tu não verás, Marília, cem cativos
    tirarem o cascalho e a rica terra,
    ou dos cercos dos rios caudalosos,
    ou da minada serra;

    não verás separar ao hábil negro
    do pesado esmeril a grossa areia,
    e já brilharem os granetes de ouro
    no fundo da bateira;

    não verás derrubar os virgens matos,
    queimar as capoeiras ainda novas,
    servir de adubo à terra a fértil cinza,
    lançar os grãos nas covas;”
    Nessa obra, apesar de o eu-lírico mostrar um desejo subjetivo por sua amada, fica evidente a existência das características arcádicas. O culto aos valores da terra aparece em várias partes do poema como em “rica terra”, “minada serra” e “terra fértil”. Pode-se dizer que há um apego tão forte a terra que ele está preocupado e com medo de que aquela beleza toda se esgote, ao mesmo tempo mostra-se valente e determinado a lutar por ela.
    Referências:
    http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/m/marilia_de_dirceu
    http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/ClaudioManoeldaCosta/Poemas.htm
    (Bruna Sedrez)

    ResponderExcluir
  7. O Arcadismo teve inicio no Brasil no século XVIII, período em que Portugal explorava suas colônias inclusive o Brasil a fim de completar suas necessidades econômicas, a economia do Brasil em pleno auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. O minério começava a escassear e os impostos cobrados por Portugal, a serem exagerados. Surgiu, então, a necessidade do Brasil se desligar de Portugal.
    Os Jovens brasileiros que iam buscar conhecimento em Coimbra, voltavam com ideias revolucionárias e influenciaram a sociedade da época. O crescimento espantoso das cidades favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o florescimento de uma literatura cujos modelos os jovens brasileiros, foram buscar em Coimbra, já que a colônia não lhes oferecia cursos superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo as ideias iluministas que faziam agitar a vida cultural portuguesa. E influenciado pela independência dos EUA divulgaram os sonhos de um Brasil independente.
    Enquanto na Europa surgia o trabalho assalariado, o Brasil ainda vivia o tempo de escravidão. Há um processo de revoltas no Brasil, contudo, o mais expressivo durante o período árcade é a Inconfidência Mineira, em Minas Gerais, movimento que teve envolvimentos dos escritores árcades como Tomás Antônio Gonzaga, e Cláudio Manuel da Costa, além de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
    O Arcadismo ficou marcado por dois aspectos. O dualismo dos escritores brasileiros do século XVIII, que, ao mesmo tempo, seguiam os modelos culturais europeus e se interessavam pela natureza e pelos problemas específicos da colônia brasileira, e a influência das ideias iluministas sobre os escritores e intelectuais brasileiros, que resultou no movimento da Inconfidência Mineira e seus trágicos resultados: prisão, morte, exílio, enforcamento.

    ResponderExcluir
  8. O Arcadismo tem como características: a busca por uma vida simples, a valorização da natureza e do viver o presente (pensamentos causados por inspiração a frases de Horácio “fugere urbem” – fugir da cidade e “carpe diem”- aproveite o dia), além da linguagem simples, o uso de pseudônimo, e o apego aos valores da terra: simplicidade na poesia e a ideia de abolir as inutilidades ( inutilia truncat) .
    Um dos autores do Arcadismo é Cláudio Manuel da Costa,
    nasceu em 5 de junho de 1729, em Ribeirão do Carmo (hoje Mariana),
    Minas Gerais. Suicida-se em Vila Rica (MG), em 4 de julho de 1789, aos 60 anos. Filho de mineradores abastados forma-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Tem um papel fundamental na Inconfidência Mineira. Preso em maio de 1789, após um interrogatório, confessa seus crimes e inculpa seus companheiros, em julho, foi encontrado enforcado em seu cárcere. Há a hipótese de ter sido assassinado.
    Um trecho de poemas escolhidos Cláudio Manuel Da Costa.
    Soneto XXXVII
    Continuamente estou imaginando,
    Se esta vida, que logro, tão pesada,
    Há de ser sempre aflita, e magoada,
    Se como o tempo enfim se há de ir mudando:

    Em golfos de esperança flutuando
    Mil vezes busco a praia desejada;
    E a tormenta outra vez não esperada
    Ao pélago infeliz me vai levando.

    Tenho já o meu mal tão descoberto,
    Que eu mesmo busco a minha desventura;
    Pois não pode ser mais seu desconcerto.
    Que me pode fazer a sorte dura,
    Se para não sentir seu golpe incerto,
    Tudo o que foi paixão, é já loucura!

    ResponderExcluir
  9. LXII
    Torno a ver-vos, ó montes; o destino
    Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
    Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
    Pelo traje da Corte rico, e fino.

    Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
    Os meus fiéis, meus doces companheiros,
    Vendo correr os míseros vaqueiros
    Atrás de seu cansado desatino.

    Se o bem desta choupana pode tanto,
    Que chega a ter mais preço, e mais valia,
    Que da cidade o lisonjeiro encanto;

    Aqui descanse a louca fantasia;
    E o que té agora se tornava em pranto,
    Se converta em afetos de alegria.

    Neste soneto Cláudio Manuel Da Costa ainda demostra reflexos do Barroco, a angústia provocada pela constatação de que a vida é feita de sofrimento, retrata nos versos seu estado da alma, considerado o marco inicial do Arcadismo. O autor retrata sua melancolia, tristeza e sofrimento, pela rejeição da mulher amada e pelos constantes conflitos internos vivenciados, a poesia de Cláudio é uma ponte entre o barroco e o árcade, os dois estilos lhe marcaram a obra com exageração do barroco e a busca da simplicidade dos árcades.
    Poeta mineiro estudou com os jesuítas em Mariana e formou-se em direito em Portugal. Mais de um fator contribuiu para que Cláudio Manuel da Costa fosse o nosso primeiro e mais acabado poeta neoclássico: a sua cultura humanística, sua sobriedade de caráter, sua formação literária portuguesa e italiana, bem como seu talento em versejar, compuseram, para Alfredo Bosi (História concisa da literatura brasileira, 2004, p. 61), o perfil do poeta árcade por excelência.
    Antônio Cândido ressalta que, para além dos particularismos, Cláudio quis ser também homem de seu tempo, exercitando-se na busca da verdade e da natureza por meio da dicção simples. Em sua obra “é notória a preocupação com os efeitos que ampliam a civilização e constroem o fundamento da vida racional, racionalmente ordenada.” (MELLO E FRANCO, 1997: 102)

    Eliani Ludwig

    http://www.suporteeducacional.com.br/aprovar/ano06/_arquivos/apostila/Aprovar_ano06_livro02_006.pdf
    http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/literatura009.asp
    http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/poemas_escolhidos.pdf
    http://www.urutagua.uem.br/015/15silva.pdf

    ResponderExcluir
  10. O ARCADISMO NO BRASIL

    Nataléia Stefani Coitinho

    O Arcadismo se originou no continente europeu no século XVIII, conhecido também como Neoclassicismo, se desenvolveu no Brasil na segunda metade do século , no ciclo do ouro em Minas Gerais, nesse mesmo período surge com ele o Iluminismo.As principais características do Arcadismo brasileiro é o grande apego aos valores da terra, a valorização da vida bucólica e elementos da natureza, a incorporação do indígena e da sática política.Os poetas desta escola literária escreviam sobre as belezas do campo, a tranqüilidade que o campo lhes dava com uma vida simples.E suas escritas usavam termos e expressões simples de fácil compreensão do leitor sem nada de exagero, diferente da Arte Barroca onde se tinha palavras e uso dos mesmos termos mas, mais rebuscados, tornando assim a leitura mais “ pesada” e difícil, as convenções do neoclassicistas europeus era de excluir os traços do cultismo barroco. O Arcadismo aqui no Brasil um autor de grande destaque é Frei de Santa Durão, nasceu em Minas Gerais, estudou no Rio de Janeiro , fez doutorado em filosofia e teologia em Coimbra, viveu na Itália, Espanha, França, ocupou uma cátedra em Coimbra, onde escreveu o poema éptico “Caramuru”, publicado em 1781. Caramuru é um poema do descobrimento da Bahia, Nesse poema são exaltadas a fé, e defendem a terra contra os invasores, o poema retrata fatos desde a história do Brasil, o temperamento indígena, até lendas,é a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil, portanto Santa Rita Durão é considerado um dos mais importantes autores do Arcadismo brasileiro.Segundo Alfredo Bozi, o bucolismo foi para todos o ameno artifício que permitiu ao poeta fechado na corte abrir janelas para um cenário idílico onde pudesse cantar, liberto das constrições da etiqueta, os seus sentimentos de amor e de abandono ao fluxo da existência.


    Referências: BOZI, Alfredo - Literary Cristicism (1970 p.64)
    Editora Cultrix

    ResponderExcluir
  11. O Arcadismo
    O Arcadismo ou Neoclassicismo nasce como uma nova estética poética que se desenvolve principalmente na segunda metade do século XVIII. Neste período, houve uma oposição a algumas particularidades do Barroco, principalmente ao que diz respeito a toda aquela exuberância que o caracterizava. O Renascimento tornou-se um modelo a ser seguido no Arcadismo, procurava-se recuperar e imitar os padrões artísticos deste período, buscando harmonia na pureza e na simplicidade das formas clássicas greco-latinas.
    Ao contrário do Barroco, o Arcadismo deixava de lado aquela linguagem rebuscada e dava-se espaço à linguagem simples e objetiva, tanto é que a frase “Inutilia truncat” (as unutilidades devem ser banidas) explica essa diferença existente entres estes dois períodos. Outros temas do Arcadismo são: “Fugere urbem” (fugir da cidade), “ Locus amoenus “ (local ameno), “ Carpe diem” (aproveitar o momento) e “ Aurea mediocritas” (mediocridade do ouro).
    Entre os elementos do Arcadismo está a satírica política, que pode ser facilmente observada em “Cartas Chilenas” de Tomás Antônio Gonzaga. Cartas Chilenas é um conjunto de poemas, escritos em versos decassílabos e brancos, com uma metrificação parecida com a da epopeia. Nesta obra, fica clara a sátira aos tempos difíceis da corrupção dos governos coloniais.
    Carta III (fragmento)
    Desiste, louco chefe, desta
    empresa;
    Um soberbo edifício levantado
    Sobre ossos de inocentes,
    construído
    Com lágrimas dos pobres, nunca
    serve
    De glórias ao seu autor, mas sim de opróbrio. Desenha o nosso Chefe
    sobre a banca
    Desta forte Cadeia o grande risco
    À proporção do gênio, e não das
    forças
    Da terra decadente, aonde habita.
    Ora posi, doce amigo, vou pintar-te
    Ao menos o formoso frontispício:
    Verás, se pede máquina tamanha
    Humilde povoado, aonde os Grandes
    Moram em casas de madeira a
    pique.

    Carta IX ( fragmentos)

    (...)

    “A desordem, amigo, não consiste
    Em formar esquadrões, mas, sim, no excesso.
    Um reino bem regido não se forma
    Somente de soldados; tem de tudo;
    Tem milícia, lavoura, e tem comércio.
    Se quantos forem ricos se abandonarem
    Das golas e das bandas, não teremos
    Um só depositário, nem os órfãos
    Terão também tutores, quando nisto
    Interessa, igualmente, o bem no império.
    Carece a monarquia dez mil homens
    De tropa auxiliar? Não haja embora
    De menos um soldado, mas os outros
    Vão à pátria servir nos mais empregos,
    Pois os corpos civis são como os nossos,
    Que, tendo um membro forte e os outros débeis,
    Se devem, Doroteu, julgar enfermos.” (...)

    [Jéssica Nunes]


    Referências:

    Cartas Chilenas. In: Blog dos poetas. Disponível em: < http://bloguedospoetas.blogspot.com.br/2012/04/tomas-antonio-gonzaga-cartas-chilenas.html > Acesso em: 13 de maio de 2012.

    Tomáz Antônio Gonzaga. In: Cidades Históricas. Disponível em: < http://www.cidadeshistoricas.art.br/hac/bio_toma_p.php > Acesso em: 13 de maio de 2012.

    Contexto histórico. In: Arcadismo blogspot. Disponível em: < http://arcadismo3c.blogspot.com.br/2007/08/contexto-histrico.html
     Acesso em: 13 de maio de 2012.

    Arcadismo. In: Wikipédia. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Arcadismo > Acesso em: 13 de maio de 2012.

    ResponderExcluir
  12. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  13. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  14. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  15. Segundo Franco & Moura o arcadismo surge como uma reação contra o Barroco. No Brasil neste momento ocorre a crise da lavoura açucareira e as primeiras minas de ouro e pedras preciosas, que transferiu o eixo econômico que se localizava no Nordeste para minas Gerais, onde era extraído o minério e para o Rio de Janeiro onde este minério era escoado. Essa nova situação econômica faz com que o gosto pela cultura comece a se acentuar. Surge então o primeiro grupo de escritores que apresentam alguma interação entre si: o chamado grupo mineiro. A formação de um público leitor e a de um grupo organizado de escritores, o período árcade tem bastante importância, pois é a partir de então que a nossa literatura começa a se integrar num sistema estruturado (autor-obra-público), o que ocorria antes eram apenas manifestações isoladas.
    Escritor e obra escolhidos: Manuel Inácio Silva Alvarenga – Glaura.
    Manuel Inácio Silva Alvarenga
    Silva Alvarenga (1749-1814) nasceu em Ouro Preto. Após formar-se em Direito em Coimbra, volta ao Brasil, fixando-se no Rio de Janeiro. Exerceu Advocacia e Magistério. Foi preso sob suspeita de defender as ideias da Revolução Francesa. Morreu no Rio de Janeiro. Seu pseudônimo árcade era Alcindo Palmiremo.

    ResponderExcluir
  16. A transição do Barroco para o Arcadismo se dá com a publicação, em 1768, do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, um dos integrantes da Inconfidência Mineira. Entre os árcades se destacam ainda Tomás Antônio Gonzaga, também inconfidente, e autor de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas, onde é bem clara a sátira política aos tempos difícieis da exploração portuguesa e à corrupção dos governos coloniais. Impulsionados pelo exemplo da independência norte-americana e da Revolução Francesa, participaram da Conjuração Mineira, tendo como enfoque a critica aos governantes da época. Em Cartas Chilenas da Tomás Antônio Gonzaga o personagem Critilo escreve cartas a Doroteu narrando a tirania e ao abuso de poder do Governador Fanfarrão Minésio que além de ser prepotente desrespeita as leis. Escrito em decassílabos brancos, sua linguagem é direta e simples, dando rapidez a narrativa séria e não poucas vezes amarga. O seu significado político permanece e literariamente, é a obra satírica mais importante do século XVIII brasileiro. Logo na primeira carta percebe-se um tom "jocoso" que narra minuciosamente com exatidão a descrição do imoral governador.


    Carta 1ª (fragmentos)

    Não cuides, Doroteu, que vou contar-te

    por verdadeira história uma novela

    da classe das patranhas, que nos contam

    verbosos navegantes, que já deram

    ao globo deste mundo volta inteira.

    Uma velha madrasta me persiga,

    uma mulher zelosa me atormente

    e tenha um bando de gatunos filhos,

    que um chavo não me deixem, se este chefe

    não fez ainda mais do que eu refiro.

    ................................................................................

    Tem pesado semblante, a cor é baça,

    o corpo de estatura um tanto esbelta,

    feições compridas e olhadura feia;

    tem grossas sobrancelhas, testa curta,

    nariz direito e grande, fala pouco

    em rouco, baixo som de mau falsete;

    sem ser velho, já tem cabelo ruço,

    e cobre este defeito e fria calva

    à força de polvilho que lhe deita.

    Ainda me parece que o estou vendo

    no gordo rocinante escarranchado,

    as longas calças pelo embigo atadas,

    amarelo colete, e sobre tudo

    vestida uma vermelha e justa farda.

    GONZAGA Tomás Antônio - Cartas Chilenas

    ResponderExcluir
  17. Glaura

    O Beija-Flor - Rondó VII

    Deixo, ó Glaura, a triste lida
    Submergida em doce calma;
    E a minha alma ao bem se entrega,
    Que lhe nega o teu rigor.
    Neste bosque alegre e rindo
    Sou amante afortunado;
    E desejo ser mudado
    No mais lindo Beija-flor.
    Todo o corpo num instante
    Se atenua, exala e perde:
    É já de oiro, prata e verde
    A brilhante e nova cor.
    Deixo, ó Glaura, a triste lida
    Submergida em doce calma;
    E a minha alma ao bem se entrega,
    Que lhe nega o teu rigor.
    Vejo as penas e a figura,
    Provo as asas, dando giros;
    Acompanham-me os suspiros,
    E a ternura do Pastor.
    E num vôo feliz ave
    Chego intrépido até onde
    Riso e pérolas esconde
    O suave e puro Amor.
    Deixo, ó Glaura, a triste lida
    Submergida em doce calma;
    E a minha alma ao bem se entrega,
    Que lhe nega o teu rigor.
    Toco o néctar precioso,
    Que a mortais não se permite;
    É o insulto sem limite,
    Mas ditoso o meu ardor;
    Já me chamas atrevido,
    Já me prendes no regaço:
    Não me assusta o terno laço,
    É fingido o meu temor.
    Deixo, ó Glaura, a triste lida
    Submergida em doce calma;
    E a minha alma ao bem se entrega,
    Que lhe nega o teu rigor.
    Se disfarças os meus erros,
    E me soltas por piedade,
    Não estimo a liberdade,
    Busco os ferros por favor.
    Não me julgues inocente,
    Nem abrandes meu castigo;
    Que sou bárbaro inimigo,
    Insolente e roubador.
    Deixo, ó Glaura, a triste lida
    Submergida em doce calma;
    E a minha alma ao bem se entrega,
    Que lhe nega o teu rigor.
    Referencias: Franco & Moura, Literatura Brasileira(p.42-58).
    http://arcadismoblog.blogspot.com.br/2010/08/glaurade-silva-alvarenga.html
    [Sirlei Schumacher]

    ResponderExcluir
  18. O século XVIII, conhecido como Século das Luzes, propagou a ciência e enfatizou a razão; surgia, nesse período, a crença de que o bem estar do ser humano só podia advir desses elementos. A isso, chamou-se Iluminismo ou Enciclopedismo. O termo Arcádia, do qual deriva o Arcadismo – referente ao século XVII -, surgiu na Grécia antiga, pois era essa uma região de relevo montanhoso habitada por pastores e foi, assim, relacionada a um lugar mítico, onde os habitantes cantavam do ambiente rústico em que viviam como se fosse uma terra cheia de inocência e de felicidade.
    Passado o período da antiga Grécia, no Século das Luzes, Arcádia passa a designar um agrupamento de poetas que se reuniam frequentemente com o intuito de restaurar a sobriedade que possuíam os poetas clássico-renascentistas. O objetivo básico era com que a poesia voltasse ao equilíbrio das regras clássicas. Surge, então, o Arcadismo (ou Neoclassicismo), que representa o lado artístico da postura intelectual adotada no Século XVII.
    Essa manifestação artística tinha uma linguagem que se diferenciava grandemente do período literário anterior: o Barroco. A simplicidade e a objetividade da linguagem árcade são uma forma de traduzir o racionalismo burguês da época, manifestada tanto na literatura e na filosofia, quanto na ciência. Os escritores do Arcadismo valorizavam a vida campestre, o bucolismo. Colocaram-se na posição de pastores que valorizavam e celebravam a música, a vida natural, o amor e a poesia.
    Os escritos desse período literário possuem muitas características, dentre elas o mimetismo, que significa imitação, a qual se refere à submissão às regras estabelecidas pelos antigos. Também há a presença da mitologia em suas temáticas, sendo o vocabulário simples e acessível, e narrado por meio de pseudônimos pastoris. Dentre todas as características árcades, a de destaque é a exaltação da natureza. Nesse período, ela é retratada de maneira mais tranquila, o que se opõe ao dinamismo da natureza focalizada pelos barrocos.
    Nesse aspecto, o escritor Claudio Manuel da Costa se sobressai nos sonetos sob o pseudônimo pastoril Glauceste Satúrnio. Costa, nascido em Vila do Ribeirão do Carmo, hoje chamada Mariana, em 5 de Junho de 1789, faleceu no dia 4 de Julho de 1789, em Ouro Preto. Foi advogado, magistrado e poeta, autor de muitas obras, tais como Epicédio em memória de Frei Gaspar da Encarnação (1753, Labirinto de amor (1753), Obras (1768) e Vila Rica (1839).
    O escritor foi uma referência no período Árcade. Alfredo Bosi, em História concisa da Literatura Brasileira, escreve:

    “Mais um fator concorreu para que Claudio Manuel da Costa fosse o nosso primeiro e mais acabado poeta neoclássico: a sobriedade do caráter, a sólida cultura humanística, a formação literária portuguesa e italiana e o talento de versejar compuseram em Glauceste Satúrnio o perfil do árcade por excelência.” pg. 61

    [continua]

    ResponderExcluir
  19. Em seus escritos, são fortemente cultivados a simplicidade e o bucolismo que exaltam a natureza e a inquietação amorosa platônica e Nize, a musa mais frequente em suas obras. Como pano de fundo para suas produções literárias, o cenário rochoso de Minas Gerais era fortemente descrito. Apresentam-se as duas primeiras estrofes do Soneto VIII que valoriza o apego à natureza:
    VIII

    Este é o rio, a montanha é esta,
    Estes os troncos, estes os rochedos;
    São estes inda os mesmos arvoredos;
    Esta é a mesma rústica floresta.

    Tudo cheio de horror se manifesta,
    Rio, montanha, troncos, e penedos;
    Que de amor nos suavíssimos enredos
    Foi cena alegre, e urna é já funesta.

    Na primeira estrofe, percebe-se o seu cuidadoso modo de observar o meio natural, ressaltando, como nos primeiro e segundo versos, o rio, a montanha, os troncos e os rochedos. Na segunda estrofe, na segunda linha, vê-se, praticamente, destacados os mesmos elementos. Claudio Manuel da Costa valorizava grandemente os aspectos naturais. Acerca dos elementos usados em seus sonetos, Antônio Cândido comenta no livro Formação da Literatura Brasileira: “de todos os poetas mineiros, talvez seja ele o mais profundamente preso às emoções e valores da terra”, pg. 80.
    Outro autor que se destaca pela valorização da terra, nativista, é o Frei Santa Rita Durão. Nasceu em Minas Gerais em 1722 e faleceu em 1784, em Lisboa. Durão foi Doutor em Filosofia e Teologia pela Universidade de Coimbra, em Portugal. Sua principal obra, escrita enquanto era cátedra de Teologia na Universidade, é Caramuru.
    Em versos decassílabos com dez cantos e cinco partes, Caramuru expressa um nativismo que é explicitado pela exaltação da paisagem brasileira e dos seus recursos naturais, bem como por meio da referência feita ao índio, seus costumes e tradições. Expõe-se um pequeno fragmento da obra:

    XXVI
    São n’água, terra, e mar mui diferentes
    Os anhangás, que reinam divididos;
    Uns, que só no ar e fogo são potentes,
    Causam ventos, trovões, raios temidos;
    O terremoto e pestes sobre as gentes
    Movem outros na terra conhecidos:
    Este, porém, que ao estrangeiro acode,
    N'água não poderá, se em fogo pode.

    [continua]

    ResponderExcluir
  20. Dentre os elementos que aparecem nesse trecho, há muitas referências à natureza, como no primeiro verso com “n’água, terra e mar”, seguido de “ar e fogo”, na terceira linha, bem como “trovões, raios tremidos”, na quarta linha, etc. É notável a presença da evocação a elementos da natureza na construção de sua obra.
    Sobre essa publicação de Durão, a sua mais famosa, Alfredo Bosi coloca em História concisa da Literatura brasileira: “A partir do canto VI tudo é descritivo. Durão cede à tendência retrospectiva da epopeia clássica espraiando-se na crônica do descobrimento e das riquezas coloniais, não esquecidas as glórias do apostolado jesuítico.” pg 70.
    Percebe-se, portanto, que tal escritor árcade reproduz em seus escritos as riquezas da colônia, dentre as quais estão incluídos a fauna e a flora, além do destaque dado ao próprio indígena. A valorização dos recursos naturais faz parte da construção de seus poemas épicos.
    O Arcadismo tem a natureza como background de muitas composições, bem como é a temática principal de muitos escritos. Quer de um jeito, quer de outro, o apego aos elementos naturais permeou esse período literário que remonta o clássico com elementos únicos, especialmente no Brasil.


    Referências:

    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultix, 2006.

    CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. São Paulo, Martins, 1959.

    POESIA. IN: A BIBLIOTECA virtual de literatura. Disponível em: < http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/ClaudioManoeldaCosta/Poemas.htm >. Acesso em: 14 de Maio de 2012.

    CLAUDIO Manuel da Costa. IN: Q.I. educação. Disponível em: < http://www.qieducacao.com/2010/11/claudio-manuel-da-costa.htm l>. Acesso em: 14 de Maio de 2012.

    SANTA Rita Durão. IN: SCRIBD. Disponível em: < http://pt.scribd.com/doc/6918964/Biografia-Santa-Rita-Durao >. Acesso em: 14 de Maio de 2012

    DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. O ARCADISMO no Brasil. IN: ALUNOS online. Disponível: < www.alunosonline.com.br/portugues/o-arcadismo-no-brasil.html+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 14 de Maio de 2012.


    Julia Ribeiro Castilho

    ResponderExcluir
  21. O apego aos valores da terra nos poemas árcades brasileiros está ligado ao modelo de poesia de Teócrito, pelo processo de concentração urbana ocorridos à época na Roma antiga.No qual o poeta foge à concentração urbana para buscar a felicidade no ambiente pastoril.Que dá origem ao topoi latino: Inutilia truncat ( Deixa o que é supérfluo, inútil ).
    No arcadismo do Brasil isto está contido em um movimento que vai contra o barroco, fortemente ligado a Igreja e financiado por ela, nesse movimento o exagero é rechaçado e parte-se em busca da simplicidade do campo. Porém nesse período em obras do Neo-classicismo podemos encontrar o conflito do homem religioso, fortemente temente à Deus e temente à Igreja católica mas ao mesmo tempo inclinado à idéias humanistas, sente o apelo da busca pelos prazeres e ao mesmo tempo a culpa imposta pela Igreja, e a posição do poeta em conflito com o domínio político do período e seu impedimento para posicionar-se contra o forte poder da Igreja e do poder português.Na obra de Cláudio Manuel da Costa é dito de um pastor que não governa, é comum o uso de pseudônimos pastoris ,quando sabemos de seu envolvimento no movimento de independência colonial.Observa-se a angústia do poeta que troca o ambiente urbano na qual há a movimentação contra a colônia opressora, o ruído”; pela apreciação do ambiente campestre, bucólico onde não há o envolvimento do pastor com a política, governo.
    “Se sou pobre pastor, se não governo
    Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
    Se em frio, calma, e chuvas inclementes
    Passo o verão, outono, estio, inverno;
    Nem por isso trocara o abrigo terno
    Desta choça, em que vivo, coas enchentes
    Dessa grande fortuna: assaz presentes
    Tenho as paixões desse tormento eterno,
    Adorar as traições, amar o engano,
    Ouvir dos lastimosos o gemido,
    Passar aflito o dia, o mês, e o ano;
    Seja embora prazer; que a meu ouvido
    Soa melhor a voz do desengano,
    Que da torpe lisonja o infame ruído.” (Thamires Marchezini)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Universidade Federal de Pelotas
      Centro de Letras e Comunicação
      Bacharelado em Redação e Revisão de Textos
      Disciplina de Panorama da literatura Brasileira



      Trabalho sobre Arcadismo
      “Cláudio Manoel da Costa”

      Biografia: Nasceu em Vila Ribeirão do Carmo, hoje Mariana, em Minas Gerais, dia 05 de junho de 1729. Sua infância, no Rio de Janeiro teve a participação dos Padres Jesuítas, que lhe deram os primeiros ensinamentos. Em 1749 na Universidade de Coimbra onde estudou Direito, testemunhou a fundação da Arcádia Lusitana. Nesta época tendo contato com os ideais iluministas, absorveu o clima das primeiras manifestações do Arcadismo. De volta ao Brasil, em Vila Rica, reuniu intelectuais da região, fundando em 1768 uma Arcádia Ultramarina. Foi um poeta em transição, pois vivia muito apegado ao Barroco. Adotou o pseudônimo de Glauceste Saturnio revelando-se frustrado com sua própria obra. Foi preso em 1789, acusado de reunir conjurados da Inconfidência Mineira. Após delatar seus companheiros, é encontrado morto em sua cela em Vila Rica.

      Surgido na Europa, também denominado “setecentismo ou neoclassicismo”, o Arcadismo tem por característica a exaltação da natureza e tudo que lhe diz respeito caracterizando-se ainda pelo recurso a esquemas rítmicos mais graciosos.
      Numa perspectiva mais ampla, expressa a crítica da burguesia aos abusos da nobreza e do clero praticados no antigo regime.
      De seus seguidores, Cláudio Manoel da Costa, sem dúvida, representa com muita propriedade esse novo estilo em seu trabalho. Tanto é verdade, que lhe é atribuído o título de precursor no Brasil do Arcadismo, através de seu Livro “Obras”.

      Soneto LXII

      Torno a ver-vos, ó montes; o destino
      Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
      Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
      Pelo traje da Côrte rico, e fino.

      Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
      Os meus fiéis, meus doces companheiros,
      Vendo correr os míseros vaqueiros
      Atrás de seu cansado desatino.

      Se o bem desta choupana pode tanto,
      Que chega a ter mais preço, e mais valia,
      Que da cidade o lisonjeiro encanto;

      Aqui descanse a louca fantasia;
      E o que té agora se tornava em pranto,
      Se converta em afetos de alegria.
      Dentre suas inúmeras obras destacamos o soneto LXII (acima), que expressa claramente o estilo árcade, observadas através da característica “fugerem urbem” .
      O autor, em seus versos, compostos de forma regular: ABBA, ABBA, CDC e CDC, faz comparações, apologia aos valores campestres com a fuga da cidade, em especial nos versos um, dois, três e quatro.
      Com palavras simples e sem as metáforas do Barroco, mostra a beleza da vida no campo; a valorização desta em detrimento da vida na cidade. Aquele sentimento bucólico


      Segundo Antonio Candido, p35 “Quando nos colocamos ante uma obra, ou uma sucessão de obras, temos vários níveis de possíveis compreensão, segundo o ângulo que nos situamos. Em primeiro lugar, os fatores externos, que a vinculam ao tempo e se podem resumir na designação de sociais; em segundo lugar o fator individual, isto é, o autor, o homem que a intentou e realizou, e está presente no resultado; finalmente, este resultado, o texto, contendo os elementos anteriores e outros, específicos, que os transcendem e não se deixam reduzir a eles”.


      Ademir Pereira

      Excluir
  22. Uma das características principais do Arcadismo no Brasil foi a incorporação do indígena. O Uraguai, de Basílio da Gama, ilustra satisfatóriamente o retrato da "nova imagem do indígena brasileiro". A obra critica veementemente os jesuítas alegando que estes "apenas defendiam os direitos dos índios para ser eles mesmos seus senhores".

    Ditas as leis ao público sossego,
    Honra de Toga e glória do Senado.
    Nem tu, Castro fortíssimo, escolheste
    O descanso da pátria: o campo e as armas
    Fizeram renovar no ínclito peito
    Todo o heróico valor dos teus passados.
    Os últimos que em campo se mostraram
    Foram fortes dragões de duros peitos,
    Prontos para dous gêneros de guerra,
    Que pelejam a pé sobre as montanhas,
    Quando o pede o terreno; e quando o pede
    Erguem nuvens de pó por todo o campo
    Co’ tropel dos magnânimos cavalos.
    Convida o General depois da mostra,
    Pago da militar guerreira imagem,
    Os seus e os espanhóis; e já recebe
    No pavilhão purpúreo, em largo giro,
    Os capitães a alegre e rica mesa.

    Na obra índios são vistos como "bons, puros e valorosos mas sujeitos ao mal e a corrupção à medida que entram em contato com a cultura e a civilização. Os jesuítas, de outra parte, são vistos como como os responsáveis pela militarização e agressividade dos indígenas contra os portugueses"[¹].

    Outro autor que se utilizou da temática indígena em sua obra foi o Frei José de Santa Rita Durão:

    VII
    Nem podereis temer, que ao santo intento
    Não se nutram Heróis no Luso Povo,
    Que o antigo Portugal vos apresento
    No Brasil renascido, como em novo.
    Vereis do domador do Índico assento
    Nas guerras do Brasil alto renovo,
    E que os seguem nas bélicas idéias
    Os Vieiras, Barretos, e os Correas.

    Em Caramuru (trecho acima), Santa Rita Durão traz informações que ajudam a conhecer melhor a história sobre os índios da época. Na obra também aparecem elementos que remetem à catequização e consequentemente aos jesuítas, como em O Uraguai.


    ABDALA JR., Benjamim e CAMPEDELLI, Samira Y. Tempos da Literatura Brasileira. SP;Ática, 1985.

    http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/o/o_uraguai- acesso em 14/05/2012- 22:30

    [1] Fragmento retirado de um texto fornecido pelo professor Alfeu Sparemberger em semestre anterior.

    http://www.mundovestibular.com.br/articles/439/1/CARAMURU---Santa-Rita-Durao-Resumo/Paacutegina1.html -acesso em: 14/05/2012 - 22:15

    [Aline Morales]

    ResponderExcluir
  23. A literatura no século XVIII, aparece impregnada da ideologia iluminista e libertadora. O espírito crítico e a inovação que domina o século XVIII, no campo filosófico, cientifico, político e religioso absorve a literatura e serve-se dela como instrumento de combate e divulgação. Uma das primeiras atitudes artísticas é a reação contra os excessos do Barroco e do seu espírito inócuo. É ver as inúmeras passagens de Marília de Dirceu, livro que esgota dezenas de edições desde seu lançamento, é ler os belíssimos poemas de Cláudio Manuel da Costa, marcados de celebração nativista e de entusiasmo patriótico.
    A linguagem árcade pretendia, fazer regressar os modelos Greco-latinos do classicismo. A temática explorou o bucolismo, como ideal de vida.
    A literatura no século XVIII, aparece impregnada da ideologia iluminista e libertadora. O espírito crítico e a inovação que domina o século XVIII, no campo filosófico, cientifico, político e religioso absorve a literatura e serve-se dela como instrumento de combate e divulgação. Uma das primeiras atitudes artísticas é a reação contra os excessos do Barroco e do seu espírito inócuo. É ver as inúmeras passagens de Marília de Dirceu, livro que esgota dezenas de edições desde seu lançamento, é ler os belíssimos poemas de Cláudio Manuel da Costa, marcados de celebração nativista e de entusiasmo patriótico.
    A linguagem árcade pretendia, fazer regressar os modelos Greco-latinos do classicismo. A temática explorou o bucolismo, como ideal de vida.
    A literatura no século XVIII, aparece impregnada da ideologia iluminista e libertadora. O espírito crítico e a inovação que domina o século XVIII, no campo filosófico, cientifico, político e religioso absorve a literatura e serve-se dela como instrumento de combate e divulgação. Uma das primeiras atitudes artísticas é a reação contra os excessos do Barroco e do seu espírito inócuo. É ver as inúmeras passagens de Marília de Dirceu, livro que esgota dezenas de edições desde seu lançamento, é ler os belíssimos poemas de Cláudio Manuel da Costa, marcados de celebração nativista e de entusiasmo patriótico.
    A linguagem árcade pretendia, fazer regressar os modelos Greco-latinos do classicismo. A temática explorou o bucolismo, como ideal de vida.
    Claudio Manuel da Costa é considerado o precursor do Arcadismo Brasileiro com a publicação de suas Obras (1768), escolheu para si o pseudônimo Glauceste Satúrnio.
    Outros autores que são destacam nesse período são: Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama ...
    Temei, penhas
    Destes penhascos fez a natureza
    O berço em que nasci! Oh quem cuidara,
    Que entre penhas tão duras se criara
    Uma alma terna, um peito sem dureza!

    Amor, que vence os tigres, por empresa
    Tomou logo render-me; ele declara
    Contra o meu coração guerra tão rara,
    Que não foi bastante a fortaleza.

    Por mais que eu conhecesse o dano,
    A que dava ocasião minha brandura,
    Nunca pude fugir ao cego engano;

    Vós, que ostentais a condição mais dura,
    Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
    Onde há mais resistência, mais se apura.
    Observe que a dureza e a solidez das rochas, a natureza agreste de sua terra natal é o cenário onde se trava a luta entre a alma frágil do poeta e os perigos do amor. O amor é encarado como algo que enfrenta o poeta, como um inimigo que declara guerra a ele.(Caroline Munchow)

    ResponderExcluir
  24. Arcadismo
    Gladis Lindemann Colvar
    O Arcadismo é o movimento literário restrito a poesia e se desenvolve no XVIII. . Conforme Cândido; 2005, pág.102, o nome do estilo literário ora estudado “[...] provém do romance pastoral de Sannazaro, Arcadia (1504), no qual a vida campestre é idealizada como o verdadeiro estado de poesia [...]”. O estilo propunha-se na época um retorno aos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, considerados fonte de equilíbrio entre a razão e o sentimento de simplicidade, também denominado Neoclassicismo.
    Esta literatura aparece impregnada de ideias iluministas e libertadoras. O espírito de crítica e inovação que domina na época, no campo filosófico, científico, político e religioso absorve a literatura e serve-se dela como instrumento de combate e divulgação. Uma das primeiras atitudes artísticas é a reação contra os excessos do Barroco e do seu espírito inofensivo.
    O Arcadismo no Brasil teve origem e expressão principalmente em Vila Rica, (hoje Ouro Preto MG) e seu aparecimento está relacionado diretamente ao crescimento urbano no século XVIII nas cidades mineiras, cuja economia era norteada pela extração de ouro.
    O crescimento urbano favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o florescimento da literatura. As camadas privilegiadas da sociedade costumavam mandar seus filhos a Coimbra para estudar, uma vez que aqui não havia cursos superiores. Ao retornarem de Portugal, traziam consigo as ideias que cresciam na vida cultural portuguesa à época das inovações políticas e culturais do ministro Marquês de Pombal, adepto das ideias do Iluminismo.
    Os escritores árcades mineiros tiveram participação direta na Inconfidência Mineira. Chegavam de Coimbra com ideias enciclopedistas e influenciados pela independência dos Estados Unidos da América (1776), eles se juntaram aos revoltosos contra a exploração praticada pelo governo, que confiscava grande parte do ouro extraído na colônia, também ajudaram a divulgar os sonhos de um Brasil independente e contribuíram para a organização inconfidente. Esses escritores eram Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa. Cândido, 2005; pág. 111, ressalta que estes escritores conviveram com “Outros, depois de iniciados lá na literatura,[ ...] durante cerca de dez anos, estiveram juntos em Minas, formando um grupo menor com outros letrados de menor porte – e esta seria a impropriamente denominada “Escola Mineira”.”
    “Cláudio Manuel da Costa (Vargem Grande, Minas Gerais, 1729) – Ouro Preto, 1789). Filho de portugueses ligados à mineração. Estudou com os jesuítas do Rio de Janeiro e cursou Direito em Coimbra. Voltando para Vila Rica, aí exerceu a advocacia e geriu os bens fundiários que herdou.Era ardente pombalino e certamente foi lateral o seu papel na Inconfidência; preso e interrogado uma só vez, foi encontrado morto no cárcere, o que se atribui a suicídio.” Bosi, 1994; pág. 61.
    Em 1768 publica “Obras poéticas”, que reúne seus melhores trabalhos, inaugurando o Arcadismo no Brasil.

    continua

    ResponderExcluir
  25. A característica observada na poesia de Cláudio Manoel da Costa é “fugere urbem” com a preocupação em trabalhar de acordo com o pensamento árcade; ele destacou-se por seus,
    Sereno e manso um curvo e fresco vale,
    Acharam, os que o campo descobriram,
    Um cavalo anelante e o peito e as ancas
    Cobertos de suor e branca espuma.

    Destacam-se no poema a fuga ao modelo camoniano e o abandono das personagens mitológicas, substituídas por elementos da cultura indígena, com a exaltação do espírito guerreiro e a descrição da natureza brasileira, características que iriam antecipar o romantismo.




    REFERÊNCIAS:
    BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix 1994.
    CÂNDIDO, Antônio, CASTELO, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira: das origens ao Realismo. Rio de Janeiro: Bertrand. 2005.
    WWW.seara.uneb.br, 11.05.12 às 11h41min
    WWW.sebastiaoe.dominiotemporario.com, 11.05.12 às 10h35min
    WWW.colegioparaiba.com.br, 11.05.12 às 10h4min

    ResponderExcluir
  26. Aconteceu num erro durante a postagem o trabalho não está completo.
    Gladis

    ResponderExcluir
  27. Arcadismo ao Romantismo
    Gladis Lindemann Colvar
    O Arcadismo é o movimento literário restrito a poesia e se desenvolve no XVIII. . Conforme Cândido; 2005, pág.102, o nome do estilo literário ora estudado “[...] provém do romance pastoral de Sannazaro, Arcadia (1504), no qual a vida campestre é idealizada como o verdadeiro estado de poesia [...]”. O estilo propunha-se na época um retorno aos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, considerados fonte de equilíbrio entre a razão e o sentimento de simplicidade, também denominado Neoclassicismo.
    Esta literatura aparece impregnada de ideias iluministas e libertadoras. O espírito de crítica e inovação que domina na época, no campo filosófico, científico, político e religioso absorve a literatura e serve-se dela como instrumento de combate e divulgação. Uma das primeiras atitudes artísticas é a reação contra os excessos do Barroco e do seu espírito inofensivo.
    O Arcadismo no Brasil teve origem e expressão principalmente em Vila Rica, (hoje Ouro Preto MG) e seu aparecimento está relacionado diretamente ao crescimento urbano no século XVIII nas cidades mineiras, cuja economia era norteada pela extração de ouro.
    O crescimento urbano favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o florescimento da literatura. As camadas privilegiadas da sociedade costumavam mandar seus filhos a Coimbra para estudar, uma vez que aqui não havia cursos superiores. Ao retornarem de Portugal, traziam consigo as ideias que cresciam na vida cultural portuguesa à época das inovações políticas e culturais do ministro Marquês de Pombal, adepto das ideias do Iluminismo.
    Os escritores árcades mineiros tiveram participação direta na Inconfidência Mineira. Chegavam de Coimbra com ideias enciclopedistas e influenciados pela independência dos Estados Unidos da América (1776), eles se juntaram aos revoltosos contra a exploração praticada pelo governo, que confiscava grande parte do ouro extraído na colônia, também ajudaram a divulgar os sonhos de um Brasil independente e contribuíram para a organização inconfidente. Esses escritores eram Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa. Cândido, 2005; pág. 111, ressalta que estes escritores conviveram com “Outros, depois de iniciados lá na literatura,[ ...] durante cerca de dez anos, estiveram juntos em Minas, formando um grupo menor com outros letrados de menor porte – e esta seria a impropriamente denominada “Escola Mineira”.”
    “Cláudio Manuel da Costa (Vargem Grande, Minas Gerais, 1729) – Ouro Preto, 1789). Filho de portugueses ligados à mineração. Estudou com os jesuítas do Rio de Janeiro e cursou Direito em Coimbra. Voltando para Vila Rica, aí exerceu a advocacia e geriu os bens fundiários que herdou.Era ardente pombalino e certamente foi lateral o seu papel na Inconfidência; preso e interrogado uma só vez, foi encontrado morto no cárcere, o que se atribui a suicídio.” Bosi, 1994; pág. 61.
    Em 1768 publica “Obras poéticas”, que reúne seus melhores trabalhos, inaugurando o Arcadismo no Brasil.


    A característica observada na poesia de Cláudio Manoel da Costa é “fugere urbem” com a preocupação em trabalhar de acordo com o pensamento árcade; ele destacou-se por seus sonetos, perfeitos na form

    ResponderExcluir
  28. ... Continuação..forma e na linguagem. Os temas giravam em torno das reflexões morais, das contradições de vida. Bosi, 1994; pág. 62, afirma “[...] tem por vigas o motivo bucólico e as cadências do soneto camoniano. Os cem sonetos de Cláudio [...] onde não uma só figura feminina, mas várias pastoras, em geral inacessíveis, constelam uma tênue biografia sentimental:”
    Pouco importa, formosa Daliana,
    Que fugindo de ouvir-me, o fuso tomes,
    Se quanto mais me afliges, e consomes,
    Tanto te adoro mais, bela serrana.

    Nisa¿ Nisa¿ onde estás¿ Aonde espera¿
    Achar-te uma alma, que por ti suspira;
    Se quanto a vista se dilata, e gira,
    Tanto mais te encontra-te desespera.

    Formo e manso gado, que pascendo
    A relva andais por entre o verde prado.
    Venturoso rebanho, feliz gado.
    Que à bela Antandra estás obedecendo.


    Paisagens e acidentes geográficos são utilizados como confidentes por Cláudio, explica Bosi,1994; pág. 62,“Os prados e os rios, os montes e os vales servem não só de pano de fundo às inquietações amorosas de Glauceste como também de seus confidentes:”
    Sim, que lisonja do cuidado
    Testemunhas serão de meu gemido
    Este monte, este vale, aquele prado.


    José Basílio da Gama, segundo Bosi, 1994; pág. 64, “(Arraial de São José das Mortes, hoje Tiradentes, 1741 – Lisboa, 1795). Era estudante jesuíta quando o decreto da expulsão dos padres o atingiu; viaja então para a Itália e Portugal onde logra obter a proteção do Marquês de Pombal escrevendo um epitalâmio para as núpcias de sua filha. A redação de Uraguai confirma a sua subserviência ao “déspota ilustrado”.
    Na Itália ingressou na Arcádia Romana adotando o pseudônimo pastoril de Termindo Sipilío. Em 1769, publica o Uraguai, poema épico que inovou o gênero em seu tempo, por não usar a métrica convencional. A narrativa discorre sobre a luta de portugueses e espanhóis contra os Sete Povos das Missões. De acordo com Bosi, 1994, pág. 65; “O seu Uraguai poemeto épico, tenta conciliar a louvação de Pombal e o heroísmo do indígena; e o jeito foi fazer recair sobre o jesuíta a pecha de vilão, inimigo de um, enganador do outro.”
    .
    O herói é o português Gomes Freire de Andrade, que divide as honras com o cacique Cacambo, a heroína Lindóia e os guerreiros Cepé, Tanajura e Tatu-Guaçu.No poema, a visão bucólica se apresenta conforme Bosi, 1994; pág. 66, “A natureza é colhida por imagens densas e rápidas; não são já mero arcadismo, mas caminho para o paisagismo romântico, relação mais direta dos sentidos com o mundo”
    Medrosa deixa o ninho a vez primeira
    Águia, que depois foge à humilde terra,
    E vai ver mais de perto, no ar vazio,

    ResponderExcluir
  29. continuaçõa
    O espaço azul, onde não chega o raio.
    ..............................................................
    Enfim, junto a um ribeiro, que atravessa,
    Sereno e manso um curvo e fresco vale,
    Acharam, os que o campo descobriram,
    Um cavalo anelante e o peito e as ancas
    Cobertos de suor e branca espuma.
    Destacam-se, nos poemas dos poetas, a fuga ao modelo camoniano e o abandono das personagens mitológicas, substituídas por elementos da cultura indígena, com a exaltação do espírito guerreiro e a descrição da natureza brasileira, características que iriam antecipar o romantismo.

    REFERÊNCIAS:
    BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix 1994.
    CÂNDIDO, Antônio, CASTELO, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira: das origens ao Realismo. Rio de Janeiro: Bertrand. 2005.
    WWW.seara.uneb.br, 11.05.12 às 11h41min
    WWW.sebastiaoe.dominiotemporario.com, 11.05.12 às 10h35min
    WWW.colegioparaiba.com.br, 11.05.12 às 10h4min

    Gladis

    ResponderExcluir
  30. Arcadismo no Brasil
    Bianca Peres

    O Arcadismo desenvolve-se no Brasil durante o século XVIII, período em que o ciclo do ouro está em alta. Nesta época, há a consolidação de uma classe social mais abastada e culta, em detrimento do desenvolvimento econômico, constituída de funcionários da coroa, magistrados, mineradores, comerciantes e intelectuais dos quais, muitos, estudaram na Europa e difundiram no Brasil os ideais iluministas, propósitos que influenciaram a formação do Arcadismo brasileiro.
    Os principais elementos estéticos deste movimento, em oposição à linguagem rebuscada do Barroco, constituem: a proposta de utilização de uma linguagem simples e a possibilidade de utilizar na poesia o verso branco (sem rimas). Especificamente em nosso país, as características mais notórias do Arcadismo são: a valorização da vida despreocupada no campo, crítica à vida na cidade, linguagem simples e pseudônimos pastoris.
    Entre os autores pertencentes ao referido movimento faz-se pertinente destacar, para fins de futura análise, Claudio Manuel da Costa (1729-1789) e José Basílio da Gama (1741-1795). Embora a obra do primeiro, em sua totalidade, tenha como temática predominante o apego aos valores da terra, destacaremos aqui, principalmente, o elemento relativo à incorporação do indígena, por meio de uma de suas obras secundárias, denominada Vila-Rica. Para tal análise, salientamos as relações entre os poemas épicos O Uraguai (Basílio da Gama) e Vila-Rica (Manuel da Costa).
    O poemeto Vila-Rica é composto de dez cantos em versos decassílabos. Ele é constituído de duas ações, uma lírica e outra, épica. Nesta obra são trazidos, paralelamente, episódios relativos à penetração bandeirante, mineração e pacificação de revoltas; além dos “infortúnios amorosos ou sentimentais de indígenas” (CANDIDO e CASTELLO, 1976, p.127), através de um tratamento mítico.
    Nas obras “O Uraguai” e “Vila-Rica” a figura do índio é retratada de maneira semelhante, nos dois poemas os personagens indígenas estão envolvidos em dramas e em infelicidades amorosas.
    Na primeira, é narrada a luta de portugueses e espanhóis contra os índios, instigados pelos jesuítas, nos Sete Povos das Missões. No drama principal está, entre outros episódios, a morte dos guerreiros indígenas, Sepé Tiaraju e Cacambo. Logo após a morte de Cacambo, sua amada, a índia Lindoia, fica muito deprimida e acaba deixando que uma cobra lhe pique.
    Já na segunda, é narrado o drama do amor de Garcia e da índia Aurora, a qual é aprisionada em um acampamento português, ficando separados; mais tarde Garcia é influenciado a entregar Aurora.

    Segundo Bosi, é possível perceber, nestas obras já citadas, “o contraste que divide a inteligência de toda a Colônia: a matéria ‘bruta’ que a paisagem oferece aos sentidos do poeta só é aceita quando vazada nas formas da metrópole”. (BOSI, 1994, p. 64). Isso está refletido nas obras de ambos os poetas, através de uma ambivalência.

    Nas obras Vila-Rica (poemeto épico) e Fábula do Ribeirão (poesia narrativa) de Claudio Manuel da Costa, é perceptível a oscilação do escritor entre o “prestígio da Arcádia e as suas montanhas mineiras”. Podemos constatar tal afirmação com um pequeno trecho transcrito da Fábula do Ribeirão:




    “Competir não pretendo
    Contigo, ó cristalino
    Tejo, que mansamente vais correndo:
    Meu ingrato destino
    Me nega a prateada majestade,
    Que os muros banha da maior cidade.” (BOSI, 1994, p.64).

    ResponderExcluir
  31. continuação - Bianca Peres

    O mesmo é expresso na obra “O Uraguai” de Basílio da Gama, na qual o autor tenta conciliar a louvação de Pombal e o heroísmo indígena. Esta tentativa suscitou na figura do jesuíta retratado como vilão. Para exemplificar, podemos destacar o episódio em que ocorre a morte de Cacambo e sua amada, Lindoia, passa a buscar a própria morte. Entretanto, a índia é impedida de tal intento por uma feiticeira que leva Lindoia a uma gruta. Neste local, Lindoia tem uma visão: a cidade de Lisboa reconstruída pelo Marquês de Pombal, a expulsão dos jesuítas e o fim inglório das missões do Sul. Isto está evidenciado no seguinte trecho da mesma obra:


    “[...] vê destruída
    a república infame e bem vingada
    a morte de Cacambo”. (BOSI, 1994, p.65).


    Essa bivalência esboçada nas obras dos mencionados autores, em especial na de Manuel da Costa, é mais tarde reduzida pelos poetas românticos a padrões unívocos, culminando no nacionalismo e no indianismo.


    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 33. Ed. São Paulo: Cultrix, 1994.
    CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: das origens ao romantismo. 7. Ed. Revista. Rio de Janeiro: Difel, 1976.
    Disponível em: http://www.graudez.com.br/literatura/arcadismo.html Consulta realizada em: 12/05/12
    Disponível em: http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/ArcadisPreromant/Claudio_Vila_Rica.htm Consulta realizada em: 12/05/12
    Disponível em: http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completasvilarica Consulta realizada em: 13/05/12

    ResponderExcluir
  32. Em busca da quebra da razão, anteriormente encontrada na literatura brasileira, o romantismo propõe um "agir segundo a emoção", expressar-se e exagerar na exposição dos sentimentos através das obras.
    O personagem, na maioria da vezes, mostra-se inquieto, sofrendo por amor e questionando o por quê de a vida ter agido de tal forma com ele. Ao agir assim, ele auxilia na libertação de um sentimento sufocado, perdido na mente mas que agora aflora.
    A exaltação nacionalista também está muito presente no Romantismo brasileiro. De acordo com Antônio Cândido, para que haja de fato literatura é preciso escritores conscientes de seu papel, capazes de consolidarem uma obra que estimule a formação de um público, de modo que com esses três elementos se promova a "continuidade literária" (CANDIDO, pag.24) , isto é, que não haja um afastamento com o público. Com base nisso, afirma Moreira Leite(1979) "já não se tratava de conseguir a independência política, mas de consolidá-la através de elementos característicos e distintivos do país, bem como de um sentimento fundamental de fidelidade à pátria às suas tradições" (pag. 43)

    Como obra romântica, podemos citar um trecho de "A Lira Quebrada" de Gonçalves Dias:

    Lira quebrada

    [...]

    Uma febre, um ardor nunca apagado,
    Um querer sem motivo, um tédio à vida
    Sem motivo também,—caprichos loucos,
    Anelo d'outro mundo, d'outras coisas;

    Desejar coisas vãs, viver de sonhos,
    Correr após um bem logo esquecido,
    Sentir amor e só topar frieza,
    Cismar venturas e encontrar só dores;

    Fizeram-me o que vês: não canto,
    sofro! Lira quebrada, coração sem forças
    De poético manto as vou cobrindo,
    Por disfarçar desta arte o mal que passo.

    [...]

    Essa poesia retrata claramente os sentimentos e sofreres do eu-lírico. Observa-se a insatisfação que sendo tanta, ele ainda avisa, na segunda estrofe, que não adianta sonhar e desejar coisas pois só será encontrado sofrimento.

    Referências:

    CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 13. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012.

    MOREIRA LEITE, Dante. Romantismo e Nacionalismo. O amor romântico e outros temas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1979.

    DIAS, Gonçalves. "Lira quebrada". Últimos cantos. Rio de Janeiro: Typographia de F. de Paula Brito, 1851.

    (Bruna Sedrez)

    ResponderExcluir
  33. Universidade Federal de Pelotas
    Centro de Letras e Comunicação
    Bacharelado em Redação e Revisão de Textos
    Disciplina de Panorama da literatura Brasileira

    Trabalho sobre o gênero literário “Romantismo”




    Filho de Antônio Cardoso da Costa e de Jacinta Júlia da Costa, um casal de classe média, Lobo da Costa despertou para a poesia aos doze anos, ao publicar, no jornal Eco do Sul, um poema em que celebrava a retomada de Uruguaiana pelas tropas brasileiras, durante a Guerra do Paraguai.
    Aos quinze anos, empregado na estação de telégrafo local, ele já lia e recitava Castro Alves, Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo. Inspira-se em Gonçalves Dias para criar uma poesia de temática indianista. Aos dezesseis anos, escreveu Heloísa, trabalho de ficção, em que demonstra sua preocupação com as desigualdades sociais.
    A partir daí, começa a publicar com frequência seus poemas em jornais nos quais trabalha como redator e repórter. Criou, em 1869, um semanário literário, A Castália, que circulou até o ano seguinte.
    Em 1874, viaja para São Paulo com o propósito, não concretizado, de estudar Direito. Lá convive com estudantes e intelectuais e leva uma vida boêmia que prejudica sua saúde. Publica Lucubrações nesse ano. Debilitado pela doença, parte de São Paulo em 1875, com destino à terra natal, mas acaba por se estabelecer por algum tempo na Ilha do Desterro, atual Florianópolis.
    De volta a Pelotas, em 1876, a vida boêmia e desventuras amorosas lhe trazem conflitos com a conservadora sociedade local. Casou-se em 1879, em Jaguarão, com Carolina Augusta Carnal, com quem tem uma filha, Amanda.
    A partir de 1881, perambula por várias cidades do Rio Grande do Sul, colaborando com jornais locais e compondo poesias. Em 1883, por encomenda de um grupo amador de Dom Pedrito , escreve uma peça teatral, O Filho das Ondas
    Em 1885, é internado pela primeira vez e, a partir daí, sua vida se divide entre hospitais e bares. No dia 18 de junho de 1888, deixa sem autorização a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas e se dirige a uma região de bares chamada de Santa Cruz. No fim da tarde de inverno, é visto em tal região bebendo. É encontrado morto na manhã seguinte por um carroceiro, estando nu, caído numa vala tomada pelas águas da chuva. Ladrões haviam roubado seus pertences e suas roupas. Faleceu aos trinta e quatro anos.
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Lobo_da_Costa

    ResponderExcluir
  34. A sombra do Salgueiro (trecho)
    (Fragmentos)
    Adeus! eu vou partir. Por que soluças? Não brilha o pranto, a dor, à luz da festa, Nem a rosa, por pálida e modesta, Deve pender a fronte ainda em botão... Que eu te diga este adeus — manda o destino! Eu sou náufrago vil, sem norte ou guia, Açoitado por ventos de agonia Nas cavernas fatais do coração.
    Chorarás no momento em que eu te deixe,
    Ou, quando perto eu for da tua herdade,
    Passarás uma noite com saudade;
    Mas a aurora trará mimos a flux...
    E desperta de um sonho que te aflige,
    Os passos sulcarás d'almo folguedo,
    Esquecida daquele que tão cedo,
    Sem amparo caiu vergado à cruz.

    Trará o esquecimento alívio às dores;
    Muitos dias talvez virão por este,
    E das bagas do pranto que verteste
    Brotarão os jasmins de um novo amor...
    Cantarão no teu lar os passarinhos,
    Muitas flores virão com a primavera,
    E de mim ficará de uma outra era
    Agudo espinho de saudosa dor.


    Bem sei... há de custar-te a minha ausência,
    Enquanto a ela tu não te acostumas.
    Mas, ah! que nunca choram as espumas,
    Quando soltas das vagas vão além!
    É fatal, bem eu sinto, este momento!
    Lisonjeia-me a dor do que não valho...
    Olha: o manso gatinho no borralho,
    Parece que a me olhar chora também.

    Teu cãozinho de neve que tu amas,
    No latido gentil, como que implora
    Que eu não faça chorar sua senhora,
    Ou pedindo-me em prantos, que eu não vá...
    Nas quem sabe, se um dia, quando os tempos
    De novo me trouxerem a estas plagas,
    Não serás, ó cãozinho que me afagas,
    O primeiro que então me morderá!









    Do trecho transcrito de escritor Francisco Lobo da Costa, percebe-se com clareza de detalhes as características do romantismo. Nele Lobo da Costa mostra toda uma angústia, um lamento que quase clama pela morte.
    continuação...

    O romantismo surge através do novo perfil adquirido pela então burguesia e a prole formada por artesãos, médicos, professores e outros profissionais. Este novo público leitor, pelo maior número e descentralização do poder cultural, favorece o surgimento de escritores a nível regional.

    Ademir Pereira

    ResponderExcluir