Conforme Antonio Candido [Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos]:
"A razão setecentista, contemporânea do empirismo e da física de newton, é a mesma que transparece na ordenação do mundo natural, mostrada por Linneu ou Buffon. O mundo, que impressiona a folha branca do espírito, deixa nela um traçado coerente; é pois um mundo ordenado, pelo fato mesmo de lhe ser coextensiva. A ordem intelectual prolonga a ordem natural, cujo mistério Newton interpreta para os contemporâneos. A atividade do espírito obedece, portanto, a uma lei geral, que é a própria razão do universo, e não se destaca da natureza, como implicava o dualismo racionalista de Descartes. Uma nova razão, pois, unida à natureza por vínculo muito mais poderoso, inelutável na sua força unificadora."
Considerando essa racionalidade que orienta e redireciona a percepção de mundo, comente sobre o período do Arcadismo e a poesia pastoral no Brasil. Para tanto, considere o seguinte trecho da Formação da Literatura Brasileira:
"É elucidativa a este propósito a voga do famoso preceito horaciano de que para comover é preciso estar comovido; preceito sempre referido que assume então renovada importância e é tratado menos como indicação de um recurso técnico, do que como verdadeiro apelo à sinceridade. Na Epístola a Termindo Sipilio, de Silva Avarenga, por exemplo, ela é transposta num contexto que lhe dá aspecto de acentuada valorização da emoção pessoal, rompendo o molde da convenção e abrindo caminho à tumultuosa revelação dos estados peculiares à alma de cada um."
Exemplifique seu comentário com pelo menos um exemplo literário, procurando analisar brevemente a produção estética do período, apontando aspectos que culminam no nativismo.