O Barroco brasileiro
Leia as citações de Massaud Moisés
sobre o Pe. Antônio Vieira e de Antônio Dimas sobre Gregório de Matos e
estabeleça uma conexão sobre o Barroco no Brasil a partir de seus mais
importantes expoentes. Após essa relação inicial, procure apresentar outro autor
que possa se inserir nessa discussão, seja em prosa ou poesia, contextualizando
os principais elementos do período. Faça a leitura de algumas das obras dos
autores citados a fim de apresentar com clareza a relação possível do autor
escolhido.
“O estilo há de ser muito fácil
e muito natural.” Como se vê, o pregador postula exatamente o que pratica no
sermão, e vice-versa. E sendo antigongórico, ou seja, conceptista, vitupera o
estilo alambicado comum à eloquência do tempo: “Este desventurado estilo que
hoje se usa, os que o quere imitar chamam-lhe culto, os que o condenam
chamam-lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é
escuro, é negro, e negro boçal e muito cerrado”. Sua investida destinava-se
precipuamente ao dominicano Frei Domingos de S. Tomás, um dos vários pregadores
gregorizantes da época. Quanto ao assunto: “O sermão há de ter um só assunto e
uma só matéria”, “há de ser duma só cor, há de ter um só objetivo, um só
assunto, uma só matéria”. Quanto aos argumentos: “As razões não hão de ser
enxertadas, hão de ser nascidas. O pregar não é recitar. As razões próprias
nascem do entendimento, as alheias vão pegadas à memória, e os homens não se
convencem pela memória, senão pelo entendimento”. (Massaud Moisés)
Ao contrário de Vieira,
Gregório não se envolveu em questões magnas, afetas à condução da política em
curso. Não lhe interessavam os índios, mas as mulatas. Não o aborreceram os holandeses,
mas os portugueses. Não cultivou a política, mas a boêmia. Não “fixou a sintaxe
vernácula” como quer Eugênio Gomes, mas engordou o léxico. Não transitou por
cortes europeias, mas vagabundeou pelo Recôncavo. Se refratário ao Sistema ou
por ele marginalizado, não importa. Importa é que essa incapacidade de
adequação social fez de Gregório de Matos uma espécie de poeta maldito, sempre
ágil na provocação, mas nem por isso indiferente à paixão humana ou religiosa,
à natureza, à reflexão e, dado importante, às virtualidades poéticas de uma
língua europeia recém-transplantada para os trópicos. Com Gregório, a linguagem
barroca do português se expande e se enriquece, incorporando um “vocabulário
rico, variado, cheio de termos tropicais”. (Antônio Dimas)