terça-feira, 3 de abril de 2012


SOBRE IMAGINÁRIOS E IMAGINADOS:
OS PRIMEIROS TEXTOS EM LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
 

Quando pensamos nos textos produzidos sob o influxo da “descoberta” do Novo Mundo, imaginamos, também, a carga simbólica que eles carregam consigo. Podemos perceber as imagens culturais, os elementos que permeiam todas as impressões que, por mais isentas que tentem ser, inegavelmente se inserem em um modelo de cultura unificador e detentor da verdade. A isso convergem decisivamente a questão da Fé (sim, com f maiúsculo, pois é base de toda a certeza acerca da verdade mencionada) e o caráter missionário atrelado ao modelo de ocupação e conquista, ou seja, trazer os vocábulos que faltam aos selvagens: Fé, Lei e Rei, nas palavras de Pero de Magalhães de Gândavo.

O imaginário sobre esse período se tornou terra fértil para produções futuras. Vários textos tiveram como mote esse entrechoque de culturas. Para citarmos dois exemplos diferentes –tanto na temática quanto na forma literária, visto se constituírem de uma narrativa e de um poema -, dessa visão sobre o período, podemos citar a obra Terra Papagalli, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Nesta narrativa, a personagem-narrador Bacharel Cosme Fernandes é um degregado que fazia parte da esquadra de Pedro Álvares Cabral. O texto procura fazer uma crítica à sociedade atual apontando elementos pejorativos a partir da visão de Cosme Fernandes.



E daquela terra que hoje chamam Brasil (...), digo que de pouco proveito se pode tirar dela, porque vem se povoando de homens cobiçosos. É isso um grande mal, porque é como um Éden, e penso que Deus nos fez vir até ela para que fizéssemos uma nação diferente de todas as outras, porém, segundo a coisa se abala, está bem parecida com a nossa, onde reinam a burla, a roubaria e pode mais quem é mais velhaco. (TORERO, J. R.; PIMENTA, M. A. Terra Papagalli. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 198).



O segundo exemplo vem de um poema de Oswald de Andrade, publicado em Pau-brasil, de 1924, intitulado A Descoberta. Nele convergem interpretações e atribuições de sentido aos atos dos viajantes, invertendo a pretensão de verdade presente na Carta, de Pero Vaz de Caminha.

1.           Seguimos nosso caminho por este mar de longo
2.           Até a oitava da Páscoa
3.           Topamos aves
4.           E houvemos vista de terra
5.           os selvagens
6.           Mostraram-lhes uma galinha
7.           Quase haviam medo dela
8.           E não queriam por a mão
9.           E depois a tomaram como espantados
10.       primeiro chá
11.       Depois de dançarem
12.       Diogo Dias
13.       Fez o salto real
14.       as meninas da gare
15.       Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
16.       Com cabelos mui pretos pelas espáduas
17.       E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
18.       Que de nós as muito bem olharmos
19.       Não tínhamos nenhuma vergonha.


25 comentários:

  1. A carta de Caminha se forma com o processo epistolar, que é uma obra literária feita a partir de um conjunto de cartas recolhidas, verdadeiras ou não, como por exemplo
    "As Relações Perigosas", de Pierre Ambroise François Choderlos de Laclos. No Brasil, considerada uma crônica, de conteúdo histórico onde são relatados os primeiros atos de seu nascimento e fala sobre os portugueses e índios
    considerados a base do futuro individual brasileiro. Conta nos mínimos detalhes a viagem de Cabral, desde a partida,os longos dias de navegação, os primeiros sinais de terra, contatos com a terra e a gente nova. A narrativa acaba enriquecida com os movimentos, os eventos e as emoções vividas por todos os numerosos personagens citados diretamente ou indiretamente na sua leitura.Em ambos os textos a Carta, de Pero Vaz de Caminha, e o Tratado da terra do Brasil, de Pero de Magalhães Gandavo, um dos aspectos salientados é a presença constante do índio no Brasil. Essa visão inicial dos habitantes dessa terra serviu de base para textos criados posteriormente, quando se buscava uma identidade para o país. Considerado como o brasileiro genuíno e tendo ele fama de povo de fácil convivência, tomado por inocente, passivo,fez com que o europeu tivesse a ideia de que aqui não existia pecado, tudo seria permitido e o lugar seria um paraíso. Tais conceitos sobre o que é ser brasileiro, como a inocência e a resignação vindas da leitura dos europeus sobre os índios, continuam até hojeno nosso imaginário.

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  2. A carta de Caminha se forma com o processo epistolar, que é uma obra literária feita a partir de um conjunto de cartas recolhidas, verdadeiras ou não, como por exemplo
    "As Relações Perigosas", de Pierre Ambroise François Choderlos de Laclos. No Brasil, considerada uma crônica, de conteúdo histórico onde são relatados os primeiros atos de seu nascimento e fala sobre os portugueses e índios
    considerados a base do futuro individual brasileiro. Conta nos mínimos detalhes a viagem de Cabral, desde a partida,os longos dias de navegação, os primeiros sinais de terra, contatos com a terra e a gente nova. A narrativa acaba enriquecida com os movimentos, os eventos e as emoções vividas por todos os numerosos personagens citados diretamente ou indiretamente na sua leitura.Em ambos os textos a Carta, de Pero Vaz de Caminha, e o Tratado da terra do Brasil, de Pero de Magalhães Gandavo, um dos aspectos salientados é a presença constante do índio no Brasil. Essa visão inicial dos habitantes dessa terra serviu de base para textos criados posteriormente, quando se buscava uma identidade para o país. Considerado como o brasileiro genuíno e tendo ele fama de povo de fácil convivência, tomado por inocente, passivo,fez com que o europeu tivesse a ideia de que aqui não existia pecado, tudo seria permitido e o lugar seria um paraíso. Tais conceitos sobre o que é ser brasileiro, como a inocência e a resignação vindas da leitura dos europeus sobre os índios, continuam até hojeno nosso imaginário.

    Clarisse Sampaio Recuero

    O texto aacima me pertence apenas cometi o erro de não botar meu nome.

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  3. O poema de Oswald de Andrade “A descoberta” é a reprodução de fragmentos da Carta de Pero Vaz de Caminha na qual o português demonstra o estranhamento causado pela nudez das índias. Andrade põe em contraste o histórico com o moderno; as indígenas referidas por Caminha são vistas por Oswald como as meninas da estação de estrada de ferro (as meninas da gare). Em 1924, quando Andrade escreveu o poema, havia muitas prostitutas nas imediações da estação de trem da cidade de São Paulo (Estação da Luz), onde vivia o poeta, fato muito comum ainda hoje nas cidades brasileiras. Os dois textos retratam o olhar de viajantes recém-chegados a determinado lugar e se surpreendem com o nu das mulheres. O poeta usa recortes de fragmentos da Carta dando a poesia um novo sentido com ironia e crítica. Existe uma intertextualidade de modo estilístico e outro de paródia. Segundo Koch, na obra Intertextualidade – diálogos possíveis (Koch, Bentes e Cavalcante, 2007; pág. 19), “a intertextualidade estilística ocorre, por exemplo, quando o produtor do texto, com objetivos variados, repete, imita ou parodia variados estilos linguísticos. Ou, melhor dizendo, a estilística descreve-se por uma espécie de imitação do estilo de um autor ou formato de um gênero do discurso.”
    Gladis

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  4. Ainda tomando como foco esta intertextualidade, percebemos que o poema de Oswald de Andrade foi produzido a partir do que é chamado de imaginário brasileiro. Esse imaginário diz respeito à visão que se tem do Brasil na época do descobrimento, visão esta, criada a partir dos relatos de Caminha em sua carta. Com um toque de ironia , o poema faz uma síntese do que foi a chegada de Cabral nas terras brasileiras, trazendo aquela imagem pejorativa do povo que ocupava tais terras, imagem esta relatada por caminha. Andrade cita em seu poema:
    “Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
    Com cabelos mui pretos pelas espáduas
    E suas vergonhas tão altas e saradinhas
    Que de nós as muito bem olharmos”
    Aqui percebemos o relato de dois aspectos daquele povo definido como “selvagem”. Um deles era o modo de vestir-se, “expondo suas vergonhas”. Outro seria ao que diz respeito a poligamia “Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis”.
    Já no texto de José Roberto Torero e Marcus Aurélius Pimenta, é apresentado uma crítica à sociedade atual por um narrador-personagem que fazia parte da esquadria de Cabral. O texto traz: “E daquela terra que hoje chamam Brasil (...), digo que de pouco proveito se pode tirar dela, porque vem se povoando de homens cobiçosos”.
    Com a chegada de Cabral ao Brasil, as terras passaram a ser exploradas e suas riquezas extraídas. Diversos produtos despertaram o interesse e a cobiça de Cabral e seus homens, que viam as novas terras como fonte de lucro. Isto explica a crítica trazida neste trecho pelos autores.

    Jéssica Nunes

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  5. Por um lado, além de riquezas foram extraídas também as características e o modo de vida dos considerados “selvagens” – mesmo que afetadas pela carga cultural dos colonizadores –, as quais foram direcionadas para as narrativas que hoje se fazem indispensáveis a quem deseja compreender a situação do Brasil Colônia. Por outro, entretanto, “apesar de essas obras terem caráter mais documental do que literário, algumas apresentam elementos que são frutos da imaginação do autor” (FARACO E MOURA, 1999). Logo, retomando o que já foi mencionado a respeito de se ter implantado no imaginário popular conceitos sobre o que é ser brasileiro a partir da visão e dos escritos vindos de europeus, pode-se levantar a seguinte questão: até que ponto nossas narrativas ainda são influenciadas por ideias trazidas pelo sistema colonizador?

    Referência
    FARACO & MOURA. Literatura Brasileira. São Paulo, Ática, 1999, 16ª edição.

    [Juliane M. Orlandi]

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  6. As preocupações com a formação da nação brasileira aproximam o discurso moderno do discurso romântico. Tal aproximação, contudo, é apenas de ordem temática porque os modernistas tratavam o indígena e o colonizador com um enfoque ideológico bastante diferenciado do enfoque romântico.Seguindo uma linha cronológica, antes do Pré-Modernismo, tivemos outros dois estilos,trata-se do Parnasianismo e do Simbolismo.Apesar de contemporâneos, o discurso dos parnasianos difere profundamente do discurso dos realistas/naturalistas. Com uma excessiva preocupação formal (com o plano da expressão), os parnasianos acreditavam que o sentido maior da arte residia nela mesma,em sua perfeição, e não no mundo exterior.

    ROSELAINE DE LIMA

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  7. Ora, sabemos que o imaginário do Brasil foi construído pelo olhar e ponto de vista de portugueses que aqui estiveram com a missão de descrevê-lo. A partir daí alguns poetas ilustres tornaram-se famosos por poemas que marcaram fortemente a identidade nacional. O pioneiro foi, aliás muito conhecido, a Canção do exílio de Gonçalves Dias. Nessa obra há uma exaltação de seu país, podendo até dizer-se que o autor faz uma comparação aos demais países ao dizer que sente saudade de sua terra natal, no trecho: “As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá” explicitando que esse era o melhor lugar para viver. Com isso, vários outros autores escreveram seus textos com a intertextualidade baseada neste, acima citado. Por exemplo: Oswald de Andrade(1925), José Murilo Mendes(1930), Carlos Drummond de Andrade(1945), Mário Quintana(1962), Ferreira Gullar(2000), Casimiro de Abreu (1859), Jô Soares(2006), entre outros. Levando em consideração o questionamento levantado acima, este é só um exemplo de como e quanto o sistema colonizador influenciou, e ainda influencia, nas obras literárias brasileiras. Embora a nossa identidade esteja bem formada e desenvolvida, é preciso refletir sobre como nossa literatura, e não somente, mas também nossos valores e costumes seriam diferentes se outros povos tivessem descoberto e colonizado o Brasil.
    Referências: http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet174.htm;
    DIAS, Gonçalves, Primeiros Cantos, 1847.

    (Bruna Sedrez)

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  8. Ainda seguindo o questionamento levantado a cima, mesmo quando já tínhamos um Sistema Literário Brasileiro, o qual se consolidou após a Independência de nosso país, muitas produções literárias perpetuaram em suas obras visões ainda muito influenciadas pelo sistema colonizador.
    A perplexidade diante do novo mundo e o entrechoque de culturas que marcaram o que era relatado na carta de Pero Vaz de Caminha e nos registros de viagem - os quais, sobretudo, descreviam os índios como selvagens nus, antropófagos e polígamos – deram lugar a uma literatura brasileira que muitas vezes descrevia o índio através de uma visão estereotipada. Tal fato podemos destacar na literatura romântica brasileira na obra “Iracema”, de José de Alencar, na qual a figura da índia é retratada através de uma imagem idealizada como a virgem dos lábios de mel.
    Na literatura nacional podemos notar fortes traços da cultura Medieval Europeia em vários períodos da literatura até o Romantismo, entretanto se destaca o Barroco principalmente pela questão da religiosidade.


    Referencias Bibliográficas:

    http://fredb.sites.uol.com.br/iracema.html

    CANDIDO, Antonio, CASTELO, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira: das origens ao Realismo. Rio de Janeiro: Bertrand, 2005.

    (BIANCA ROSA PERES)

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  9. Atento-me especificamente à carta de Pero Vaz de Caminha que, das duas manifestações literárias existentes à época: Literatura informativa (material) e Literatura dos jesuítas (catequese); enquadra-se no primeiro e forma essa maravilha descritiva, vivido durante aquele período.
    – “O longo do século XVI – e já de início com a Carta, de Pero Vaz de Caminha – foi sendo produzida na Colônia uma literatura que visava a fornecer à Metrópole o perfil da nova descoberta. Eram relatórios, tratados, histórias, diários ou discussão de problemas de catequização produzidos pelos portugueses, jesuítas ou leigos, que de alguma forma aqui aportaram”. SANCHEZ, Amauri. Panorama da literatura no Brasil. São Paulo: Abril Educação, 1982.
    Assim como tantas outras etapas da história do Brasil, sabidamente falsas, suscita em mim dúvidas em relação a bondade e pureza narrada na carta de Caminha, dos portugueses que aqui desembarcaram em relação aos índios. Teriam os índios docilmente aceito a intromissão dos portugueses em terras brasileiras sem que houvesse resistência?
    Trechos da carta contribuem na minha forma de ver, vejamos:
    “Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.”
    Num outro trecho, é reforçado o ato de domínio
    “...e tomou dois daqueles homens da terra, mancebos e de bons corpos, que estavam numa almadia. Um deles trazia um arco e seis ou sete setas; e na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas de nada lhes serviram.”
    Mais adiante fica a dúvida quanto o conhecimento que os índios tinham sobre as riquezas minerais, ouro e prata, bem como do interesse dos portugueses por essas riquezas.
    “Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata.”
    Ora, se viviam em liberdade obtendo da natureza o que precisavam, como saberiam do valor dessas riquezas? Por qual razão se forçariam à comunicação com gestos para se fazer entender e assim oferecer essas riquezas naturais aos portugueses?
    Ademir Pereira

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  10. Ao que diz respeito à figura do índio no Brasil, sem dúvida alguma, o Tratado da Terra do Brasil de Pero de Magalhães é o que mais se aproxima da realidade na época e que se pode comparar a hoje, ao que nos faz brasileiros. No capitulo sétimo (Da Condição e Costumes Dos Índios Da Terra) de seu Tratado Pero Magalhães define os índios da seguinte maneira:
    “Finalmente que são estes índios mui deshumanos e cruéis, não se movem de nenhuma piedade: vivem como brutos animaes sem ordem nem concerto de homens, são mui deshonestos e dados a sensualidade e entregão-se aos vícios como se nelles não houvera rezão de humanos, ainda que todavia sempre têm resguardo os machos e as fêmeas em seu ajuntamento, e mostrão ter nisto alguma vergonha. Todos comem carne humana e têm-na pela melhor iguaria de quantas pode haver: não de seus amigos com quem elles têm paz se não dos contrários.” Estas palavras servem para descrever o ato do canibalismo que para nossos índios é uma pratica de se fortalecer ao comer o inimigo que era tão bravo, forte e corajoso. A ideia de avançar ao se “enriquecer” com o outro é o que move o Nacionalismo brasileiro.
    Estes textos - a Carta e o Tratado - mesmo sendo documentos históricos nos ajudam a compreender a literatura e as propostas modernistas de nossos autores.

    Natássia Pegoraro Camargo

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  11. Contudo a Carta de Caminha e o Tratado de Gandavo nos mostra, a figura do narrador- escrivão que se dilui diante das imagens que lhes são apresentadas de modo que o real se torne a mais clara expressão da verdade. Os autores citados nesses textos fazem uma análise das terras recém descoberta com um olhar de futura exploração econômica e há uma divergência no elemento indígena para esses dos dois autores pois, Caminha descreve em sua carta que os índios são amigáveis e de fácil socialização com o branco europeu e já Gandavo em seu Tratado por sua vez lhe dá tons de pessoas selvagens, canibais (que são capazes de comer o inimigo para mostrar que são mais valentes), e o clima agradável que essa terra nova tinha para a plantação da cana-de-açúcar, etc.
    Estes textos e tantos outros nos fazem refletir sobre a formação da literatura já que o autor escreve com a intenção de que o leitor leia, entenda e reescreva sobre o seu ponto de vista.

    Catiusce Voigt

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  12. Com a conquista do Brasil,a literatura de informação começou, aos poucos, se formar e amadurecer. A Carta de Pero Vaz de Caminha é o primeiro exemplo,sendo de grande valia e considerada a fundadora da Literatura Brasileira. Nela são relatados, fatos e acontecimentos que aqui, se passavam. Ao analisarmos a ideia do índio por exemplo, podemos constatar manifestos literários, à partir da catequização dos mesmos pelos Jesuítas.
    Pode-se dizer que, o trabalho de catequizar os índios, deu um grande impulso para as produções literárias, na área da poesia de devoção por exemplo.
    O padre José de Anchieta, dava ênfase à religião em suas produções, e ,como os jesuítas preocupavam-se muito em catequizar,esse fato deu inicio as suas manifestações nao só na poesia mas também como no teatro. Essa literatura pode ser considerada até mesmo a melhor de sua época, devido a sua facilidade em transmitir a mensagem, sem produzirem texos fortes ou agressivos. Pelo contrario eram textos tranquilos com o intuito de acalmar as pessoas.


    Angélica Noronha de Sá

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  13. A carta de Pero Vaz de Caminha trata-se de um original bastante claro. A narração se enriquece com os movimentos dos numerosos personagens citados diretamente ou de presenças apenas subentendidas na leitura do texto.
    Caminha pode então exprimir o sentido das descobertas diante do seu Rei os eventos e as emoções vividas por todos os protagonistas da nova historia, os portugueses e os indígenas.
    A carta de Caminha tem um duplo valor; o de ser a memória estável dos primeiros atos de seu nascimento; o segundo pelo fato de ser o duplo testemunho sobre a base do futuro indivíduo brasileiro.

    Caroline Münchow

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  14. O índio, o descobrimento, a carta de Vaz de Caminha, tudo isso contribuiu significativamente para que a literatura começasse a se consolidar no Brasil. É claro que a relação entre indígenas e portugueses, na época do descobrimento, não foi amena, apesar de, no princípio, ter sido amistosa, segundo Antonio Carlos Olivieri na Página 3 da Pedagogia & Comunicação. Isso porque os portugueses queriam a ajuda dos índios para seus interesses, como, por exemplo, a extração do pau-brasil e os índios queriam o que os portugueses lhes podiam oferecer, como facões e machados. Toda essa relação foi descrita por Pero Vaz, o que deu início a uma literatura brasileira. Passados os anos, Oswald de Andrade, em seu poema A Descoberta, contrapõe aspectos destacados na Carta de Caminha, usando, por exemplo, para caracterizar as índias:
    “ 17. E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
    18. Que de nós as muito bem olharmos
    19. Não tínhamos nenhuma vergonha.”
    Esse trecho da poesia de Oswald remete a uma situação de vulgaridade, podendo comparar aquelas indígenas a prostitutas. Já na carta de Caminha, há o seguinte relato:
    “Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto”.

    Esses e muitos outros escritos com suas muitas interpretações acerca do descobrimento do Brasil contribuíram e ainda contribuem para a consolidação e o amadurecimento da literatura brasileira.

    Julia R. Castilho

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  15. Vale ressaltar, ainda, que A Carta de Pero Vaz de Caminha fez parte do Quinhentismo do qual também faziam parte os textos jesuítas. O padre José de Anchieta que teve grande importância na chamada “literatura jesuíta” a qual era utilizada para a catequização dos índios. Para os fins religiosos desejados, o padre utilizava-se da poesia. José de Anchieta não produzia apenas poemas para fins religiosos, mas também com o mero objetivo de expressão. Um dos poemas mais conhecidos produzidos pelo padre é “A Santa Inês”:

    Cordeirinha linda,

    Como folga o povo,

    Porque vossa vinda

    Lhe dá lume novo.





    Cordeirinha santa,

    De Jesus querida,

    Vossa santa vida

    O Diabo espanta.

    Por isso vos canta

    Com prazer o povo,

    Porque vossa vinda

    Lhe dá lume novo.

    [Aline Morales]

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  16. A carta de Pero Vaz de Caminha trata-se de um original bastante claro. A narração se enriquece com os movimentos dos numerosos personagens citados diretamente ou de presenças apenas subentendidas na leitura do texto.Na época, não tinha carga de documento como hoje, mas tinha intuito de transmitir notícias.
    Caminha pode então exprimir o sentido das descobertas diante do seu Rei os eventos e as emoções vividas por todos os protagonistas da nova história, os portugueses e os indígenas.
    A carta de Caminha tem um duplo valor; o de ser a memória estável dos primeiros atos de seu nascimento; o segundo pelo fato de ser o duplo testemunho sobre a base do futuro indivíduo brasileiro.
    A carta formatou o imaginário mundial(estrangeiros e brasileiros) sobre o povo do Brasil. Isso se deu pelo choque cultural: a diferença entre a aparencia européia e brasileira indígena.
    Possuía erros, pois a língua portuguesa ainda estava sendo construída(tal fato começou a mudar no século XVI, por causa da literatura).

    Caroline Münchow
    Caroline Münchow

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  17. Em seu livro “Formação da Literatura Brasileira: Momentos Decisivos”, Antonio Cândido exclui o Barroco, defendendo a tese de que a literatura brasileira teve início somente a partir do Romantismo, porém, Haroldo Campos e Afrânio Coutinho defendem a tese de que a nossa literatura teve início já no Barroco. Coutinho identifica Gregório de Matos como o primeiro autor da literatura barroca devido ao seu sentimento nativista. Coutinho afirma: “ a brasilidade já se vinha constituindo, consolidando e libertando havia muito antes da fase 1750 a 1836”. (Coutinho, 1981, p.39), com isto conclui que “o Brasil é o único país americano que abre mão de todo um patrimônio cultural ou literário, entregando-o aos Portugueses sob alegação de que a produção literária da época colonial é simples dependência da literatura portuguesa”. Coutinho,p.42).
    Por ser bastante relevante este assunto ainda deixo em aberto se alguém quiser continuar , ao contrário concluirei para entrega final.
    Referência Bibliográfica: HTTP://www.mafua.ufsc.br/numero11/ensaios/correa.htm
    [Sirlei Schumacher]

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  18. Esqueci de citar as referências:

    http://www.soliteratura.com.br/quinhentismo/quinhentismo02.php

    http://www.algosobre.com.br/literatura/quinhentismo-e-literatura-de-informacao.html

    http://www.jornaldepoesia.jor.br/janc02.html


    [Aline Morales]

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  19. Continuação do texto número 8, da aluna Bianca Rosa Perez

    A catequização e a difusão da religião católica deixam marcas na identidade brasileira da literatura, sendo uma grande inspiração para o barroco. A literatura barroca se caracteriza pelo uso da linguagem dramática expressa no exagero de hipérboles, metáforas, anacolutos e antíteses. O princípio do barroco brasileiro foi marcado pelo Padre Antônio Vieira que discriminava a escravidão dos índios e enchia salões paroquiais com sermões pomposos e cheios de filosofia. O Padre fora até mesmo acusado de traição por defender, além dos índios, os novos cristãos, principalmente os judeus. Gregório de Matos Guerra também representa o barroco brasileiro, quando ora revelava em seus poemas uma profunda devoção às coisas sagradas e ora escrevia versos pornográficos e sensuais. Alguns autores como Antonio Cândido, defendem a tese de que o barroco deve ser excluído da história da literatura ao defender um modelo de historiografia que indica o Romantismo como o período literário que marca o início da literatura brasileira no século XIX.

    CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos.
    Belo horizonte, MG: Editora Itatiaia, 2000, vol. II.


    (Luiza Vasselai da Veiga)

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  20. Primeiras manifestações literárias é o termo que Antônio Cândido dá às cartas, aos diários e às demais formas de relatos que os Europeus encontraram para descrever aos seus compatriotas o que seria aquele 'Novo Mundo'. Um dos documentos mais conhecidos é a Carta, de Pero Vaz de Caminha. Também tivemos os jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta com obras fundamentais para o desenvolvimento da vida colonial. E ainda relatos da experiência de alemães, como Hans Staden e franceses, como Jean de Léry e André Thevet.
    Documentos estes, que serviram de referência para a literatura brasileira:

    "As descrições da natureza exuberante e dos hábitos dos nativos podem ser vistas como embrião do Nativismo, decisivo para as manifestações literárias do Barroco e do Arcadismo. A imagem do índio como símbolo nacional, empregada por autores do Romantismo, também remonta às produções desse período. Até a primeira geração modernista, no intuito de apresentar novos padrões para o nacionalismo literário, apropriou-se da obra de autores do século XVI."


    Referência: [http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=definicoes_texto&cd_verbete=12160&cd_item=237&cd_produto=84]

    Juliete Bönemann

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  21. Embora Antônio Cândido diga que a literatura brasileira só tenha começado a partir do Romantismo é inegável admitir que a carta de Pero Vaz de Caminha tenha uma grande contribuição para a construção do imaginário brasileiro ao relatar aspectos que até hoje prevalecem em nosso imaginário, como o mito do índio gentil e cordial, que formou a visão do brasileiro amável, alegre de nossos dias e o mito de que o Brasil era um paraíso, o que gerou a aparência de um país acolhedor.

    Eliani Ludwig

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  22. Os escritos produzidos no descobrimento foram um grande ponto de referência para a literatura brasileira, que estava sendo constituída, embora seja conhecida no período como literatura de informação. Literatura de informação pois eram textos de informação escritos para serem enviados ao Rei.
    Os textos produzidos nesse período são obras de reconhecimento da nova terra e de tudo o que tinha nela, eram escritos principalmente para os leitores europeus. O primeiro texto foi A Carta de Pero Vaz de Caminha, a qual contribuiu para a construção do imaginário da nação brasileira.
    Esses textos de informação foram tão importantes para o imaginário brasileiro, que até hoje nossas narrativas são influenciadas pelas ideias descritas pelos colonizadores.


    Caroline Ortiz


    http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=definicoes_texto&cd_verbete=12160&cd_item=237&cd_produto=84


    http://www.biblio.com.br/conteudo/JoseVerissimo/histlitbras.htm

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  23. A Carta de Pero Vaz tem grande importância, por ser considerada um documento historiográfico e também o primeiro texto literário feito no Brasil, Literatura Informativa.
    Apesar de ter sido escrito como forma de relatório para informar à Coroa a situação das "novas terras" e da população que ali habitava, ela é sim um marco literário para o que conhecemos hoje como Literatura Brasileira.

    Há que a considere como a primeira Crônica brasileira.

    (Elizane Oliveira)

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  24. A Carta de Pero Vaz de Caminha torna-se crônica ao fazer a integração de tempos diferentes,o tempo observado por seu autor e o tempo histórico brasileiro,vemos nela o inicio de uma cultura que surge sob as impressões que esse documento revela.
    É uma cultura sobre oque virá a ser a base do Brasil,as relações entre a colônia exploradora e o povo que aqui habita,ou seja o português e o indio.
    A carta preserva elementos que remetem à tempos distintos,ao tempo real,aquele no qual foi escrita.E o tempo histórico brasileiro,onde situamos a descoberta da nova terra. (Thamires Marchezini)

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  25. A carta de Caminha, é umas das primeiras obras literárias no Brasil, sendo que o autor era de Portugal.Quando Caminha descreve na carta o que vio chegando ao Brasil, percebe-se que a um linguajar avantajado no seu modo de escrever, parecendo que não escreveu durante a viajem,e sim, quando retornou à Portugal, tendo asssim mais tempo para aperfeiçoar sua escrita e torna-lá então um obra de grande valorização linguística.
    Nataléia Stefani

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