terça-feira, 17 de abril de 2012


O Barroco brasileiro

Leia as citações de Massaud Moisés sobre o Pe. Antônio Vieira e de Antônio Dimas sobre Gregório de Matos e estabeleça uma conexão sobre o Barroco no Brasil a partir de seus mais importantes expoentes. Após essa relação inicial, procure apresentar outro autor que possa se inserir nessa discussão, seja em prosa ou poesia, contextualizando os principais elementos do período. Faça a leitura de algumas das obras dos autores citados a fim de apresentar com clareza a relação possível do autor escolhido.



“O estilo há de ser muito fácil e muito natural.” Como se vê, o pregador postula exatamente o que pratica no sermão, e vice-versa. E sendo antigongórico, ou seja, conceptista, vitupera o estilo alambicado comum à eloquência do tempo: “Este desventurado estilo que hoje se usa, os que o quere imitar chamam-lhe culto, os que o condenam chamam-lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro, e negro boçal e muito cerrado”. Sua investida destinava-se precipuamente ao dominicano Frei Domingos de S. Tomás, um dos vários pregadores gregorizantes da época. Quanto ao assunto: “O sermão há de ter um só assunto e uma só matéria”, “há de ser duma só cor, há de ter um só objetivo, um só assunto, uma só matéria”. Quanto aos argumentos: “As razões não hão de ser enxertadas, hão de ser nascidas. O pregar não é recitar. As razões próprias nascem do entendimento, as alheias vão pegadas à memória, e os homens não se convencem pela memória, senão pelo entendimento”. (Massaud Moisés)



Ao contrário de Vieira, Gregório não se envolveu em questões magnas, afetas à condução da política em curso. Não lhe interessavam os índios, mas as mulatas. Não o aborreceram os holandeses, mas os portugueses. Não cultivou a política, mas a boêmia. Não “fixou a sintaxe vernácula” como quer Eugênio Gomes, mas engordou o léxico. Não transitou por cortes europeias, mas vagabundeou pelo Recôncavo. Se refratário ao Sistema ou por ele marginalizado, não importa. Importa é que essa incapacidade de adequação social fez de Gregório de Matos uma espécie de poeta maldito, sempre ágil na provocação, mas nem por isso indiferente à paixão humana ou religiosa, à natureza, à reflexão e, dado importante, às virtualidades poéticas de uma língua europeia recém-transplantada para os trópicos. Com Gregório, a linguagem barroca do português se expande e se enriquece, incorporando um “vocabulário rico, variado, cheio de termos tropicais”. (Antônio Dimas)

25 comentários:

  1. Professor, meu filho precisou fazer uma cirurgia de emergência. Tenho atestado de acompanhante de 10 dias. Sua revista continua comigo. Obrigado, Clarisse.

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  2. O barroco colonial desenvolveu-se em várias vertentes, principalmente no campo da oratória sagrada, e obteve tanto sucesso pela necessidade de uma catequese para o índio e edificação para o colono, segundo as normas da fé católica. A literatura barroca é marcada por duas atitudes: o cultivo e o conceptivo. O cultismo é rebuscado, visual, plástico, cheio de metáforas, brincadeiras sintáticas, antíteses e trocadilhos. O conceptivo já é mais lógico e tem mais a preocupação de buscar a origem das coisas através de conceitos e raciocínios, endo apoiado pelo Pe. Antônio Vieira. Um dos principais autores de obras historiográficas, essenciais à compreensão do Barroco Brasileiro, foi Affonso Ávila que estudou a fundo a relação entre Gregório de Matos, e o mineiro Aleijadinho, no livro Catas de Aluvião.

    Luiza Vasselai da Veiga

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  3. Chegando a terras brasileiras, o Barroco teve grande presença na região de Minas Gerais, onde recebeu uma série de características que muito o particularizavam. Por se tratar de um tipo de arte que não rompeu radicalmente com o Renascimento, o Barroco expresou a religiosidade católica sem abandonar a exploração dos sentimentos e o emprego de curvas que demarcaram a arte renascentista. No Brasil, tais concepções foram expressas com o emprego de materiais como a pedra-sabão, o cedro e o barro cozido.
    A arte barroca brasileira se desenvolveu pela ação de artífices oriundos do espaço metropolitano. Contudo, na medida em que os centros urbanos mineiros se ampliavam, vemos que esse mesmo movimento passou a mão de artistas nascidos no Brasil. Entre outros representantes, podemos destacar as esculturas e igrejas de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738 – 1814); e as pinturas de Manuel da Costa Ataíde (1762 - 1830).
    Biografia: Antonio Francisco Lisboa-O Aleijadinho (1738-1814).
    Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) nasceu em Vila Rica no ano de 1730 (não há registros oficiais sobre esta data). Era filho de uma escrava com um mestre-de-obras portugues. Iniciou sua vida artística ainda na infância, observando o trabalho de seu pai que também era entalhador.
    Manuel da Costa Ataíde (1762 - 1830).
    Mais conhecido como Mestre Ataíde, (Mariana, batizado em 18 de outubro de 1762 – Mariana, 2 de fevereiro de 1830), foi um militar e celebrado pintor e decorador brasileiro.
    Foi um importante artista do Barroco-Rococó mineiros e teve uma grande influência sobre os pintores da sua região, através de numerosos alunos e seguidores, os quais, até à metade do século XIX, continuaram a fazer uso de seu método de composição, particularmente em trabalhos de perspectiva no teto de igrejas. Documentos da época fazem freqüentemente referências a ele como professor de pintura.
    Pouco se sabe sobre sua vida e formação artística e nem todas as suas criações estão documentadas, mas deixou obra considerável, espalhada em várias cidades mineiras.

    ROSELAINE L. SOUZA

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  4. O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo portugueses, leigos e religiosos. Após cem anos do surgimento na Europa se desenvolveu plenamente aqui.
    O período literário é caracterizado pelo contraste, oposições e dilemas. O homem deste período buscava a salvação ao mesmo tempo que queria usufruir dos prazeres mundanos, surgindo assim os conflitos. É o Antopocentrismo opondo-se ao Teocentrismo.
    O homem do barroco está entre o céu e a Terra. Mesmo valorizando-se, vivia atormentado pela idéia do pecado, buscava a salvação.
    Tem como característica o culto do contraste (claro/escuro – vida/morte); a intensidade do pessimismo (caracterizado pelo exagero na figura de linguagem); linguagem muito rebuscada.

    Trecho de Prosopopéia “Bento Teixeira”

    “LX
    Olhai o grande gozo e doce gloria
    Que tereis quando, postos em descanso,
    Contardes esta larga e triste história,
    Junto do pátrio lar, seguro e manso.
    Que vai da batalha a ter Victória,
    O que do mar inchado a um remanso,
    Isso então haverá de vosso estado
    Aos males que tiverdes já passado

    Poema publicado em 1601, em versos decassílabos, dispostos em oitava rima, com 94 estrofes. Há pequena ressonância do ambiente Colônia,salvo alguma das criações da natureza.
    O poema foi escrito em Olinda, de estético valor reduzido, visto como a primeira manifestação do nosso nativismo literário.
    O poema esta em língua portuguesa tocado pela atração que paisagens exóticas, gente primitivas, habitantes de espaço tropicais exerceram e exercem sobre os europeus.

    Caroline Münchow

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  5. O Barroco, datado entre os anos de 1600 e início de 1700, surge na época do Renascimento, da Contra-Reforma, período de transição e oposição entre antropocentrismo e teocentrismo. Este dualismo resultou em características facilmente identificadas, como o culto de contraste e o pessimismo. Além disso, entre as frequentes figuras de linguagem a antítese é uma das que mais se sobressaem, representando, por exemplo, o conflito entre o sagrado e o profano.
    No Brasil, os dois maiores expoentes desse período foram Gregório de Matos Guerra (1636-1696) e Padre Antônio Vieira (1608-1697). O primeiro de estilo cultista, gongórico, ou seja, de linguagem rebuscada e com preocupação no “como dizer”. O segundo conceptista, apresenta obra marcada pelo jogo de ideias que valorizam “o que dizer”. Vieira destacou-se pela prosa, enquanto Gregório ficou conhecido pela poesia de cunho satírico e crítico, principalmente à sua cidade natal, Bahia.
    Atendo-se não à prosa, e sim à poesia barroca – e uma vez já destacada a figura de Gregório de Matos – é de interesse trazer o nome de outro autor para discussão. A fim de futura análise, destaca-se um fragmento do poema Anarda passando o Tejo em uma barca, de autoria de Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711):

    Ardem chamas n’água, e como
    vivem das chamas, que apura,
    são ditosas Salamandras
    as que são nadantes turbas.

    Meu peito também, que chora
    de Anarda ausências perjuras,
    o pranto em rio transforma,
    o suspiro em vento muda.

    Segundo Alfredo Bosi em História concisa da Literatura Brasileira, há duas matizes subjacentes ao processo estilístico de Botelho que são válidas ao gongorismo em geral:

    A primeira reside no princípio da analogia desfrutado em todas as suas possibilidades; graças a ele, qualquer aspecto da realidade será refrangido em imagens tomadas a contextos semânticos diversos. [...] Outra constante da linguagem marinista é o acentuar dos contrastes, reduzindo-os ao paradoxo, isto é, à violenta junção dos opostos. (p. 41, p.42).

    Percebe-se, portanto, nessa obra de Botelho de Oliveira (poeta baiano e de estilo gongórico, assim como Gregório de Matos) analogia e figuras de linguagem, como a antítese em “Ardem chamas n’água” e a metáfora “Meu peito também, que chora”.
    Além de contrastes e paradoxos, o pessimismo, como já foi citado, é outra característica presente no Barroco, uma vez que as mudanças pelas quais a sociedade estava passando – e que afetavam a vida dos autores e, por conseguinte suas obras – suscitavam uma visão de tempo fugaz. Pode-se isso exemplificar a partir de um fragmento de Gregório de Matos:

    Ó não aguardes, que a madura idade
    Te converta essa flor, essa beleza,
    Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

    Os autores aqui citados e suas obras situam-se na transição entre a literatura informativa, “já serão exemplos de textos literários, isto é, de mensagens que não se esgotam no mero registro de conteúdos objetivos, o que lhes acresce igualmente o peso ideológico” (BOSI, 1994, p. 25), constituindo-se em textos da primeira escola propriamente literária brasileira.

    Referências

    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.

    Jornal de Poesia. Disponível em:
    Acesso em: 21 abr. 2012.

    Portal São Francisco. Disponível em:
    Acesso em: 21 abr. 2012.

    [Juliane M. Orlandi]

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  6. O estilo Barroco tem seu surgimento no fim do século XVI a meados do século XVII, a origem da palavra Barroco é um tanto obscura. Originalmente a palavra tanto na forma portuguesa, como na espanhola teria servido para designar uma pérola defeituosa de superfície irregular. Depois o termo é empregado como pejorativo, designando um tipo de raciocínio confuso, que mistura verdade e falsidade, mais tarde a palavra Barroco perde seu formato pejorativo e passa a designar um estilo artístico com qualidades próprias, que preponderou nas artes ocidentais no século XVII.
    No Brasil, na área da poesia destacam-se Gregório de Matos e Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), na obra do primeiro acentuam-se os trabalhos de diferenciação da Literatura Brasileira em relação à Portugal, já na obra do segundo, destaca-se a atitude nativista, o sentimento de orgulho em ralação às coisas da nova terra, como podemos ver no trecho que segue:

    Tenho explicado as frutas e legumes,
    que dão a Portugal muitos ciúmes;
    tenho recopilado
    o que o Brasil contém para invejado,
    e para preferir a toda a terra,
    em si perfeitos quatro AA encerra.
    Tem o primeiro A, nos arvoredos
    sempre verdes aos olhos, sempre ledos;
    tem o segundo A, nos ares puros
    na tempérie agradáveis e seguros;
    tem o terceiro A, nas águas frias,
    que refrescam o peito, e são sadias;
    o quatro A, no açúcar deleitoso,
    que é do Mundo o regalo mais mimoso.
    São pois os quatro AA por singulares
    Arvoredo, Açúcar, Águas, Ares.
    (BOTELHO DE OLIVEIRA, 1967, p.84)

    Manuel Botelho de Oliveira nasceu em Salvador 1636, foi um advogado, político e um poeta barroco brasileiro. Foi o primeiro autor nascido no Brasil a ter um livro publicado, conviveu com Gregório de Matos e versou sobre os temas correntes da poesia de seu tempo. A sua primeira obra impressa foi Mal Amigo, escrita em 1663 e publicada em Coimbra. Sua principal obra é a coletânea de poemas Música do Parnaso, escrita em 1705 e publicado em Lisboa, tornando o primeiro autor nascido no Brasil a ter um livro impresso. Na obra, destaca-se o poema À Ilha de Maré, com vocabulário típico dos barrocos, e um dos primeiros a louvar a terra e descrever com esmero a variedade de frutos e legumes brasileiros, lembrando sempre a inveja que fariam às metrópoles européias.

    Wikkipédia.org
    Acesso em: 22abr.2012.

    Lilian Canez

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  7. A visão de uma estudante sobre o barroco
    Gladis Lindemann Colvar
    A arte barroca teve inicio no século XVII, buscava contrastar a espiritualidade e a emoção da Idade Média com o antropocentrismo e a racionalidade do Renascimento. A princípio influenciada pelo barroco português tendo como destaque os sermões religiosos, os textos que celebram as belezas naturais da colônia, com textos e a poesia lírica e satírica. Conforme Bosi, pag. 31 “opera nos jogos de palavras, nos trocadilhos e nos enigmas, fundados na similitude da imagem sonora de termos semanticamente díspares.”. O Barroco reflete o dilema da época, expressa as contradições e o conflito espiritual do homem, dividido entre o gozo material (antropocentrismo), as solicitações terrenas e a salvação da alma. Além disso, o homem daquela época sente-se também premido pela força do tempo e a transitoriedade da existência humana, como descreve Antônio Cândido, pág. 35 “o sentimento da brevidade enganosa da vida, da transitoriedade das coisas”.
    No Brasil, o marco inicial do barroco na literatura é a publicação, em 1601, de Prosopopeia, poema épico de Bento Teixeira sobre a conquista de Pernambuco.
    Bento Teixeira nasceu em Porto – 1561 e faleceu em Lisboa -1600. Era filho de Manuel Alvares e Barros e Lionor Rodrigues, ambos cristãos-novos.Viveu grande parte de sua vida no Brasil, foi o primeiro caso de intelectual leigo na história brasileira; formou-se no Colégio da Bahia onde ensinou até fugir para Pernambuco, após ter assassinado sua esposa alegando adultério. Então, refugiou-se no Mosteiro de São Bento onde escreveu sua obra-prima: Prosopopeia. Localizado, foi preso e enviado para Lisboa, onde permaneceu até sua morte.
    O poema tem grande valor histórico, o escritor descreve a vida e o trabalho de Jorge de Albuquerque Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco, e seu irmão Duarte.
    A obra disposta em oitava rima, com noventa e quatro versos, cheia de reminiscências, imitações, arremedos e paródias de Os Lusíadas. A influência de Camões é percebida na estrutura e na sintaxe extremamente clássica e cheia de inversões, dificultando a leitura pelo cidadão do século XXI. Na estrutura é percebida: a proposição -cantar os feitos de Jorge de Albuquerque-, a invocação – pedido de ajuda ao Deus cristão para compor seu texto -, e a dedicação – dedicado a Jorge de Albuquerque, visando ajuda financeira. O poema de caráter heroico narra a suposta coragem e valentia dos irmãos perante aos acontecimentos a respeito das terras brasileiras e a região de Alcácer-Quibir, na África, onde os irmãos teriam se destacado numa importante batalha e sofrido um naufrágio quando viajavam na nau Santo Antônio.

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  8. .....continuação de Gladis
    A Prosopopeia se inclui entre aquelas primeiras letras em língua portuguesa tocadas pela atração que paisagens exóticas e gentes primitivas, habitantes de espaços tropicais exerceram sobre europeus. O poema é desprovido de ação e o nome vem da fala de Proteu quando profetiza o post facto, os feitos e a fortuna exageradamente idealizados de Jorge Albuquerque a quem foi consagrado. Há pequena ressonância do ambiente da Colônia, salvo algumas descrições da natureza: "Descrição do Recife de Pernambuco", "Olinda Celebrada!” a qual não se pode atribuir qualquer sentimento nativista.

    “A intenção é enconomiástica e o objeto do louvor a Jorge de Albuquerque Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, que encetava a sua carreira de prosperidade graças à cana-de-açúcar. A imitação de Os Luísiadas é assídua, desde a estrutura até o uso dos chavões da mitologia e dos torneios sintáticos. O que há de não-português (mas não diria de brasileiro) no poemeto, como a “Descrição do Recife de Pernambuco”, “Olinda Celebrada” e o canto dos feitos de Albuquerque Coelho, entra a título de louvação da terra enquanto colônia, parecendo precoce a atribuição de um sentimento nativista a qualquer dos passos citados.”
    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. Pág. 32. 35ª Ed.,
    Editora Cultrix, 1994.
    http://WWW.astormentas.com – 22.04.12 às 11h08min
    http://WWW.omelhordaweb.com.br – 21.04.12 às 21h
    http://colegioweb.com.br – 21.04.12 ás 00h
    Almanaque Abril, 1998 – Editora Abril, pág. 30 e 107
    Cândido, Antônio e Castelo, J. A., op. Cit., v.1, pág. 17
    Bosi, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 35ªEd.. pág.32. Ed. Cultrix, 1994

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  9. No séc. XVII a busca da riqueza e dos prazeres terrenos abalou o dogmatismo da Igreja Católica. Esta, por sua vez, atrelada ao preceito da idade média continuava a combater o lucro e a bloqueava a propagação do Humanismo.
    O homem da época se dividiu em impulsos contrários, era pressionado pela Igreja e por um protestantismo rigoroso à um retorno ao teocentrismo medieval, ao mesmo tempo, pelos apelos ao racionalismo e ao prazer divulgados pelo Humanismo.Devido à esta realidade descordante, o Barroco foi denominado “A arte do conflito”.
    No Brasil, a Igreja Católica encontrou um vasto espaço para custear o barroco promovendo assim os dogmas da Igreja e prevenindo a entrada das idéias reformistas e humanistas. Nos colégios jesuíticos o ensino era fortemente verbal, seu objetivo era aplicar ao estudante o desempenho e fluência necessários para afirmar e defender as verdades da Igreja.Como Portugal não havia interesse em educar seu território colonizado, o barroco surgia entre os domínios da Igreja e entre as famílias abastadas, cultivando no discurso o jogo de idéias, a dialética cerrada.Os gongóricos praticavam o discurso destacando os aspectos sensoriais enquanto os conceptistas buscavam expor os conceitos e a lógica.
    Assim como Frei Domingos de S.Tomás, muitos pregadores religiosos da época utilizavam-se do discurso gongorizante em seus sermões pois neste a percepção ocorria pelos aspectos sensoriais, não havendo reflexão sobre oque era exposto neste discurso ou algum estímulo ao espírito crítico, o oposto ao que ocorria sob a lógica do dicurso conceptista.
    Gregório de Matos Guerra escreveu em seus poemas o sentimento do homem da época distanciando-se dos sermões afeitos à política.E traduziu o sentimento barroco brasileiro interpondo-se entre o sagrado e o profano, a elevação do espírito e a vulgaridade, o sublime e o grotesco.Ele enriqueceu o léxico pois utilizou-se não só da língua culta trazida de Portugal, mas também fez uso de termos usados no Brasil colônia.
    Frei Manoel da Santa Maria descreveu a ilha de Itaparica em seu poema “Eustáquios”,onde o Brasil é descrito com uma paisagem paradisíaca opondo-se ao inferno. Neste poema aparece a descrição hiperbólica, intensificada, da paisagem brasileira.
    IV
    Em o Brasil, Província desejada
    Pelo metal luzente, que em si cria,
    Que antigamente descoberta e achada
    Foi de Cabral, que os mares discorria,
    Perto donde está hoje situada
    A opulenta e ilustríssima Bahia,Jaz a ilha chamada Itaparica,
    A qual no nome tem também ser rica.
    VIII
    Pela costa do mar a branca areia
    É para a vista objeto delicioso,
    Onde passeia a Ninfa Galatéia
    Com acompanhamento numeroso;
    E quanto mais galante se recreia
    Com aspecto gentil, donaire airoso,
    Começa a semear das roupas belas
    Conchinhas brancas, ruivas e amarelas.
    (Thamires Marchezini)
    http://pt.scribd.com/api_user_11797_vivancrisologo/d/7289657-Frei-Manuel-de-Santa-Maria-Itaparica-Descricao-Da-Ilha-de-Itaparica
    http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/2516756

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  10. Época de contradições
    O Barroco é característico pelos contrastes, oposições e dilemas. Incentivado pela Igreja Católica, motivadora do Teocentrismo, o homem buscava a salvação e ao mesmo tempo queria usufruir dos prazeres mundanos.
    Na época, esse estilo literário não conseguiu expandir-se ao Brasil inteiro, concentrando-se apenas em dois núcleos culturais: Pernambuco e Salvador.
    Percebe-se pela citação de Massaud Moisés que Padre Antônio Vieira não estava preocupado com o gongorismo, ou seja, usar uma linguagem rebuscada em suas obras, assim criticando o estilo culto. Esse poeta era conceptista, isto é, segue um raciocínio lógico, que constrói o Barroco. Está relacionado à ideias e conceitos.
    Gregório de Matos por outro lado, utiliza mais outra característica do período. Foi o maior cultista(gongorismo) no Brasil. Sem a preocupação de abordar temas clássicos ele consegue, saindo dos padrões, tornar-se um poeta ágil na provocação porém nunca deixa de lado as caracteríscas do Barroco.
    Outro autor desse período foi Francisco de Vasconcelos com a obra "À morte de F", apresentada a seguir:
    À morte de F
    Esse jasmim que arminhos desacata,
    Essa aurora que nácares aviva,
    Essa fonte que aljôfares deriva,
    Essa rosa que púrpuras desata;

    Troca em cinza voraz lustrosa prata,
    Brota em pranto cruel púrpura viva,
    Profana em turvo pez prata nativa,
    Muda em luto infeliz tersa escarlata.

    Jasmim na alvura foi, na luz Aurora,
    Fonte na graça, rosa no atributo,
    Essa heróica deidade que em luz repousa.

    Porém fora melhor que assim não fora,
    Pois a ser cinza, pranto, barro e luto,
    Nasceu jasmim, aurora, fonte, rosa.

    Nesse poema há o gongorismo, assim como nas obras de Gregório. Há a presença de jogos de palavras e oposição representada por antíteses, paralelismos e sinonímias.
    (Bruna Sedrez)

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  11. Ilustres do barroco brasileiro

    Natássia Pegoraro Camargo

    Mesmo com tantas discussões sobre a legitimidade do “barroco brasileiro”, possuímos algumas manifestações com as características da época. No Brasil têm-se nomes consagrados como Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, mas também se apresenta autores como Bento Teixeira, Frei Manoel de Santa Maria Itaparica, Frei Manuel Calado e outros. Para meu trabalho escolhi manifestar alguns conhecimentos sobre Manuel Botelho de Oliveira, que foi o primeiro poeta nascido no Brasil a ter um livro publicado.
    Manuel Botelho de Oliveira nasceu na Bahia em 1636, curso Direito em Coimbra (Portugal). Quando voltou ao Brasil começou a exercer sua profissão e se tornou político. No ano de 1964 tornou-se capitão-mor por um empréstimo feito para a criação da Casa da Moeda na Bahia. Mal Amigo, de 1663, foi sua primeira obra impressa e publicada em Coimbra. Sua principal obra foi publicada em Lisboa, Música do Parnaso, escrita em 1705 tornou-o o primeiro autor brasileiro a ter um livro impresso.
    O destaque do livro citado à cima é o poema À Ilha de Maré, ele apresenta um linguajar típico do barroco, descreve de maneira aplicada as características brasileiras como, frutas e legumes, aqui encontrados e que causam inveja as metrópoles européias.

    As laranjas da terra
    poucas azedas são, antes se encerra
    tal doce nestes pomos,
    que o tem clarificado nos seus gomos;
    mas as de Portugal entre alamedas
    são primas dos limões, todas azedas.
    Nas que chamam da China
    grande sabor se afina,
    mais que as da Europa doces, e melhores,
    e têm sempre a ventagem de maiores,
    e nesta maioria,
    como maiores são, têm mais valia.
    Os limões não se prezam,
    antes por serem muitos se desprezam.
    Ah se Holanda os gozara!
    Por nenhuma província se trocara.


    Para fazer uma comparação a Gregório de Matos é apresentado a seguir o Soneto a Bahia. Este autor constrói um olhar mais crítico ao país, mais específico a Bahia.

    [continua...]

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  12. [Continuação...]

    Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia

    Soneto

    A cada canto um grande conselheiro,
    Que nos quer governar cabana e vinha;
    Não sabem governar sua cozinha,
    E podem governar o mundo inteiro.

    Em cada porta um bem freqüente olheiro,
    Que a vida do vizinho e da vizinha
    Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
    Para o levar à praça e ao terreiro.

    Muitos mulatos desavergonhados,
    Trazidos sob os pés os homens nobres,
    Posta nas palmas toda a picardia,

    Estupendas usuras nos mercados,
    Todos os que não furtam muito pobres:
    E eis aqui a cidade da Bahia.

    Neste soneto Gregório expõe a realidade baiana com duras críticas ao governo e ao povo baiano, não tendo nenhum pudor em expressar suas ideias de maneira direta, por isto era também chamado de “boca do inferno”. Ele, o soneto, é considerado perfeito para a estética barroca, pois possui dez silabas poéticas.
    Já Manuel Botelho considera o Brasil e a Bahia como paraísos onde tudo é maravilhoso, estupendo e lindo. A seguir um novo trecho do poema À Ilha de Maré para exemplificar esta ideia otimista:

    Esta Ilha de Maré, ou de alegria,
    que é termo da Bahia,
    tem quase tudo quanto o Brasil todo,
    que de todo o Brasil é breve apodo;
    e se algum-tempo Citeréia a achara,
    por esta sua Chipre desprezara,
    porém tem com Maria verdadeira
    outra Vênus melhor por padroeira.

    Embora o argumento apresentado tenha sido de contrariedade entre os autores, é possível também achar semelhanças entre eles. Que no estilo barroco lidam com o bem/mal, alegre/triste, negativo/positivo, etc.

    Referências:

    Portal Literario. Disponível em: http://portalliterario.sites.uol.com.br/barroco.htm
    Acesso em: 23/04/2012 às 18h07min.

    Antonio Miranda. Disponível em: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/bahia/manuel_botelho.html
    Acesso em: 23/04/2012 às 18h10min.

    MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. Seleção, introdução e notas de José Miguel Wisnik.

    OLIVEIRA, Manuel Botelho de. À Ilha de Maré. in Poesia Barroca, org. por Péricles
    Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Melhoramentos, 1967.
    Texto proveniente de:
    A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
    A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo
    Permitido o uso apenas para fins educacionais.
    Texto-base digitalizado por:
    Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística

    Universidade Federal de Santa Catarina

    Natássia Pegoraro Camargo

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  13. “O barroco surgiu em meio à crise dos valores renascentistas, ocasionada pelas lutas religiosas e dificuldades econômicas. O contexto assimétrico e rebuscado do barroco, é reflexo do conflito do homem entre as coisas terrenas e as coisas celestiais, o homem e deus, antropocentrismo e o teocentrismo, pecado e o perdão, enfim, constantes dicotomias.”
    Sabrina Vilarinho
    Retirado do site: http://www.brasilescola.com/literatura/o-barroco.htm
    Como autor do barroco cito Francisco de Vasconcelos (1665-1723), nasceu no Funchal, frequentou a Universidade de Coimbra entre 1686 e 1697 e foi nomeado ouvidor da Capitania do Funchal em 1697. É um dos mais importantes poetas da Fénix Renascida, estando representado no volume I e no volume II. Em 1729, já depois da sua morte, foram publicadas as obras "Feudo do Parnaso", um panegírico a D. João V em tercetos, e Hecatombe Métrico, obra composta por cem sonetos onde se narra a história da redenção do homem, desde o pecado de Adão até à paixão e morte de Cristo.
    Poema escolhido para análise:
    À fragilidade da vida
    Esse baixel nas praias derrotado
    Foi nas ondas Narciso presumido;
    Esse farol nos céus escurecido
    Foi do monte libré, gala do prado.

    Esse nácar em cinzas desatado
    Foi vistoso pavão de Abril florido;
    Esse Estio em Vesúvios encendido
    Foi Zéfiro suave, em doce agrado.

    Se a nau, o Sol, a rosa, a Primavera
    Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel
    Sentem nos auges de um alento vago,

    Olha, cego mortal, e considera
    Que és rosa, Primavera, Sol, baixel,
    Para ser cinza, eclipse, incêndio, estrago.
    Francisco de Vasconcelos (1665-1723), FÉNIX RENASCIDA III
    [continua]

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  14. [continuação]
    • Tema: tal como no texto anterior, o caráter efêmero da vida humana, como nos é demonstrado no último terceto, com particular incidência no último verso;
    • Soneto organizado na base de quatro elementos (baixel, farol, nácar e Estio) que se desdobram de acordo com a finalidade temática;
    • Presença de jogos de palavras (sinonímia (baixel/nau; farol/sol; nácar/rosa; estio/Primavera), antonímia ou oposições (nau/estrago; Sol/eclipse; rosa/cinza; Primavera/ardor cruel; rosa/cinza; Primavera/incêndio; Sol/eclipse; baixel/estrago), enumerações), jogos de imagens (metáforas) e jogos de construções (paralelismos (nas duas quadras), antíteses (nos dois tercetos));
    • Estrutura interna bipartida do soneto (1.ª parte: quadras; 2.ª parte: tercetos);
    • Burilado excessivo da forma e desproporcionado em relação à temática;
    • Características cultistas (pontos 2, 3 e 5).
    Análise retirada do site: http://faroldasletras.no.sapo.pt/barroco_poemas.html
    Temas frequentes na literatura barroca:
    - fugacidade da vida e das coisas;
    - morte, expressão máxima da efemeridade das coisas;
    - concepção do tempo como agente da morte;
    - castigo, como decorrência do pecado;
    - arrependimento;
    - narração de cenas trágicas;
    - erotismo;
    - sobrenatural;
    - misticismo;
    - apelo à religião.
    Outras referencias: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/fvascon.htm
    http://revisaovirtual.com/site/Artigos_19_barroco.htm
    [Sirlei Schumacher]

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  15. O Barroco no Brasil
    O autor (Antonio Candido) diz que não existia uma literatura propriamente dita no Brasil e sim manifestações literárias, estas sendo um conjunto de obras ligadas por escritores comuns da época, e estes escritores tinham suas característica como, por exemplo, a língua, temas, imagens, e alguns elementos de natureza social e psíquica, embora sejam organizados historicamente, e a existência de um conjunto literário se dá através de um conjunto de produtores (que produzam e que estejam conscientes de seu papel), um conjunto de receptadores (os diferentes tipos de público alvo) e um mecanismo transmissor (lugar pelo qual a mensagem, texto é transmitida). É a partir desses três elementos que se formam as manifestações, ou seja, elementos de contatos uns com outros sendo que cada um vai ter sua visão de mundo podendo concordar ou não.
    Na literatura empenhada os escritores do século XVIII tinham o desejo de formar a literatura no Brasil para mostrar que também são capazes de fazer literatura. Sendo que um dos pressupostos é a tomada da consciência que cada autor deve ter quando se escreve um texto. Ou seja, a literatura empenhada é aquela que é capaz de servir aos padrões do grupo, o próprio amadurecimento ente o homem e a civilização, da traição e fraqueza e ao mesmo tempo essa imaturidade da à literatura um sentido histórico e excepcional poder comunicativo tornando uma língua para a sociedade buscar o autoconhecimento estabelecendo assim uma conexão entre o autor e escritor.
    Concluindo, o presente livro nos mostra que não só podem ser compreendidas e explicadas em função da qual é permitido ressaltar este ou aquele aspecto. E empenhar a personalidade do crítico (é o esforço que este tem em compreender, interpretar e explicar etapas que integram um elemento perceptivo inicial, um elemento intelectual médio e um elemento voluntário final, ou seja, de perceber, compreender e julgar) e intervêm na sensibilidade do leitor.

    Catiusce Voigt

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  16. O termo Barroco designa todas as manifestações artísticas do fim do século XVII e início do século XVIII. Além da literatura estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época.
    Seu objetivo era propagar a religião através de uma arte de impacto, enfeitada ao extremo uma arte altamente contraditória, surgiu com o conflito entre a Reforma Protestante e a Contra Reforma.
    O Barroco brasileiro tem seu marco inicial com a publicação do poema épico “Prosopopeia” de Bento Teixeira, que introduziu o modelo de poesia camoniana em nossa literatura. Antes de Bento Teixeira, os sinais mais evidentes da influência da poesia barroca no Brasil surgiram a partir de 1580.
    O auge do Barroco no Brasil foi com a literatura do poeta baiano Gregório de Matos e o orador sacro Padre Antônio Vieira. A poesia religiosa de Gregório de Matos tem uma dualidade entre o pecado e o perdão o homem em busca da pureza da fé, mas tendo ao mesmo tempo necessidade de viver a vida mundana. Em sua poesia satírica mostra a critica a uma sociedade marcada pela mediocridade e desonestidade, por causa dessas críticas ganhou o apelido de boca do inferno. Já PE. Antônio Vieira tem sua obra embasada pela oratória sagrada jesuítica, que pede ser dividida em três tipos de trabalho: profecias, cartas e sermões. Os sermões e as cartas além de temas religiosos manifestam algumas questões polemicas da época como: a escravidão dos índios e dos negros pelos colonizadores, a defesa dos novos cristãos e judeus contra a intolerância da inquisição. Essas posições custaram a ele uma condenação da Inquisição ficando preso de 1655 a 1677.
    Outro autor do Barroco foi Frei Manuel de Santa Maria Itaparica que escreveu o poema Eustáquidos, poema sacro que narra a vida de SantoEustáquio e sua família. Poema que exalta de forma exagera os aspectos e recursos naturais da terra do Brasil-colônia em confronto com Portugal colonizador.
    XIII
    Em um vasto me achei, e o novo Mundo
    De nós desconhecido, e ignorado,
    Em cujas praias batem um mar profundo,
    Nunca ategora de algum lenho arado:
    E o chão de árvores muito povoado,
    E no vedor das folhas julguei, que era
    Ali sempre continua a Primavera.
    XIV
    Delas estavam pomos pendurados
    Diversos na fragrância e na pintura
    Nem dos homens carecem ser plantados
    Mas agrestes se dão, e sem cultura;
    E entre os troncos muitos levantados,
    Que ainda a fantasia me figura,
    Havia um pau de tinta mui fecunda,
    Transparente na cor, e rabicunda.
    XV
    Pássaros muitos de diversas cores
    Se viam várias ondas transformando,
    E dos troncos suavíssimos licores,
    Em copia grande estavam dimanando:
    Peixes vi na grandeza superiores,
    E animais quadrupedes saltando,
    A terra tem do metal louro as veias,
    Que de alguns rios se acha na areia.
    Fabiane Rosa


    Referencias:

    http://www.netsaber.com.br/resumos
    Acesso: 23.04.2012
    http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria
    Acesso: 23.04.2012
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Barroco_no_Brasil
    Acesso: 23.04.2012

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  17. [Parte 1]

    O Barroco e seus expoentes

    Período Renascentista, momento de revolução, de contrarreforma, de transição do teocentrismo para o antropocentrismo e precursor de muitas mudanças na sociedade. Foi nesse contexto de inovação que surgiu o Barroco, época de antíteses e paradoxos, de dualidade entre o santo e o profano, de questionamentos existenciais.
    Essa escola literária, que surgiu em meio a tantas mudanças, viveu um verdadeiro conflito: seguir a carne ou ao espírito? A fé ou a dita razão? Ao material ou ao espiritual? Eis alguns questionamentos levantados no período, que iam no íntimo daqueles que viviam no século XVII no Brasil. A literatura barroca, quanto à escrita, foi basicamente caracterizada pela valorização exagerada da forma, pelo rebuscamento da linguagem, por figuras de estilo, como a metáfora, a alegoria, a hipérbole e a antítese.
    Gregório de Matos Guerra, nascido em Salvador (1636-1695), homem dito boêmio, criticador da igreja católica, da nobreza, dos padres, dos governadores, dos comerciantes mercantilistas e da empáfia dos mulatos, foi um dos maiores expoentes desse período tão recorrente na história. Esse poeta, autor de muitos escritos que foram agrupados em seis volumes publicados apenas no século XX, soube usar muito bem as figuras de linguagem próprias do período em que viveu. Além disso, seus textos seguiam a linha do cultismo, ou seja, valorizava a forma, enfatizava a expressividade do texto. Percebe-se isso, facilmente, num pequeno trecho de um de seus poemas, Ao Braço do Mesmo Menino Jesus Quando Appareceo:

    “O todo sem parte não é todo,
    A parte sem o todo não é parte,
    Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
    Não se diga que é parte, sendo todo”.

    Esse pequeno fragmento demonstra, claramente, através do jogo de palavras, que Matos tinha sua preferência pela ênfase na forma de se escrever, mais do que pelas ideias ali apresentadas.


    [Continua]

    - Julia R. Castilho

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  18. [Parte 2 - continuação]

    O Padre Antônio Vieira, nascido em Lisboa, Portugal (1608-1697), foi outro grande escritor do período em questão. Seguindo uma linha, de certa forma, diferente de Matos, viveu o período literário barroco aderindo às características gerais dessa escola literária.
    Vieira nasceu na Europa, mas, bem novo, aos seis anos de idade, foi com sua família para Salvador, Bahia, onde se formou como noviço, tendo estudado também lógica, física, metafísica, matemática e economia. Autor de mais de 200 sermões, seu foco principal não estava nos negros, ao contrário de Gregório, mas, sim, nos índios. O Padre tinha interesse em catequizá-los e, para isso, dispôs-se a aprender a língua de diferentes tribos, bem como se dispôs a passar cinco anos percorrendo as aldeias dos nativos na Bahia, pregando para eles.
    Por sua habilidade tamanha no manejo das palavras, foi ele considerado um grande prosador da literatura brasileira, recorrendo, em seus sermões, à técnica da analogia, além das figuras de linguagem, como metáforas, alegorias, símiles, enumerações, apóstrofes e conceitos, com os quais tentava o convencimento dos que o escutavam. Antônio, diferentemente de Gregório, recorreu em suas obras ao conceptismo, o que diz respeito à ênfase dada no plano das ideias de forma a torná-las mais claras possíveis. Em seus sermões, procurava ele ressaltar mais os conceitos que as formas.
    Paralelamente a esses grandes escritores, surgiu Manuel Botelho de Oliveira, nascido na Bahia (1636-1711). Estudou Jurisprudência Cesária na Universidade de Coimbra, tendo, mais tarde, atuado na Advocacia de Causas Forenses, e exercido o cargo de vereador do Senado e capitão-mor.
    Quanto a seus escritos, em 1705, foi publicado o volume de poesias Musica do Parnaso, dividida em quatro coros de rimas. Em seus poemas, são de praxe a consonância e a analogia a conceitos presentes em tratados retóricos, poéticos e filosóficos antigos. Um dos trechos de seu poema, Eco de Anarda, mostra, de forma clara, uma característica também presente em seus textos, bem como típico do período barroco: a anáfora.

    “Entre males desvelados
    Entre desvelos constantes,
    Entre constâncias amantes,
    Entre amores castigados,
    Entre castigos chorados,
    E choros, que o peito guarda,
    Chamo sempre a bela Anarda;
    E logo, a meu mal, fiel,
    Eco de Anarda cruel
    Só responde ao peito que arda.”

    Botelho seguia a linha do cultismo em seus textos, dando, assim como Gregório de Matos, mais ênfase à forma que ao conteúdo propriamente dito.
    Os autores do Barroco têm muitas coisas em comum, sendo as técnicas de escrita uma delas, como as já referenciadas: antíteses, analogias, anáforas, etc. Botelho, Matos e Vieira estiveram na poesia e prosa, respectivamente, e carregaram consigo marcas consagradas do barroco: a dualidade, o conceptismo ou cultismo, as figuras de linguagem, como tantas outras características particulares que marcaram esse período em especial.

    Referências:

    MUHANA, Adma. A “MARAVILHA” na poesia de Manuel Botelho de Oliveira. IN: SCIELO. Disponível em: . Acesso em: 22/04/2012.

    PÁDUA, Vilani. A OBRA do barroco satírico. IN: UOL. Disponível em: . Acesso em: 22/04/2012.

    PÁDUA, Valini. A OBRA do maior prosador barroco. IN: UOL. Disponível em: . Acesso em: 22/04/2012.

    CARACTERÍSTICAS do movimento na literatura. IN: UOL. Disponível em: . Acesso em: 22/04/2012

    ANTÔNIO Vieira. IN: UOL. Disponível em: . Acesso em: 22/04/2012

    GREGÓRIO de Matos. IN: JORNAL de poesia. Disponível em: . Acesso em: 22/04/212


    Julia R. Castilho

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  19. Barroco
    Adelita
    Acompanhando leituras dos textos de Alfredo Bosi e com reflexões em sala de aula podemos destacar que: O estilo barroco se enraizou por mais tempo na Europa neolitana sofrendo impacto vitorioso dos novos estados mercantis.
    É bom observar que o barroco- jesuítico não tem nítidas fronteiras espaciais, mas sim ideológicas. O barroco carrega ainda o jeito e a experiência do renascentismo conservando suas formas maduras e crepusculares.
    Já no Brasil houve ecos do barroco europeu durante o século XVII e XVIII: Gregório de Mattos, frei Itaparica repetiram motivos e formas do barroquismo ibérico e italiano. Na segunda metade do século XVIII, o ciclo do ouro já dava essência à arquitetura , à escultura e à vida musical, ressaltando que no período barroco a intensidade dramática , a tradição religiosa, o apego pelo Carpe Dien eram bem aflorados sem deixar de falar da tensão entre o apocentrismo (homem como centro de tudo) e o teocentrismo (Deus como centro de tudo).
    De acordo com as coletas na obra de Bosi venho citar o autor barroco Bento Teixeira, nascido em Protugal, na cidade do Porto no ano de 1561 e veio a falecer em Lisboa no ano de 1600, mas viveu grande parte da sua vida no Brasil, sendo que há controvérsias sobre o local de sua morte: alguns afirmam em Pernambuco; outros em Lisboa. Sabe-se que o autor estudou no colégio da Bahia, freqüentou um seminário, logo mudou-se para Pernambuco sendo lá professor de aritmética, língua latina e gramática, considerado o primeiro poeta brasileiro apesar de questionado. Casou-se com Filipa Raposa em1584 e depois alegando adultério, Bento Teixeira matou a própria esposa, esse fato o fez fugir , refugiando-se no mosteiro de São Bento em Olinda onde lhe deram direito de asilo e por lá escreveu sua obra- prima: Prosopopéia, obra essa considerada nebulosa que me dedicarei a ressaltar alguns aspectos e tentar comparar com outros autores consagrados da mesma época, tentando de certa forma compara- los seja em linguagem, contexto histórico entre outros.
    Então na obra Prosopopéia publicada em 1601, com grande valor histórico, a obra mais famosa do autor é o poema épico já citado, Prosopopéia, nele o escritor fala sobre a vida e o trabalho de Jorge Albuquerque Coelho, terceiro donatário da capitania de Pernambuco, e seu irmão Duarte. Essa é a única obra reconhecida e aceita como sendo de sua autoria, embora publicada em Lisboa, na ocasião Bento Teixeira encontrava-se ali encarcerado, e a despeito do autor ter nascido em Portugal, atribui-se à Prosopopéia o mérito de ser obra da literatura brasileira devido ao autor ter estudado e feito carreira aqui no Brasil.
    Escrito em oitava rima, com noventa e quatro estrofes, o poema marcou o barroco no Brasil. Ao que parece a obra foi influenciada pelo poema os Lusiadas, de Camões, tal influência é percebida quando analisada pela síntese, é extremamente clássica, cheia de

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    Respostas
    1. inversões que dificulta o entendimento por um leitor do século atual, apresenta caráter heróico, suposta valentia dos irmãos é narrada em decasílabos.
      Adelita (parte 2)

      Trecho do poema de Bento Teixeira:
      I
      “Cantem poetas o poder Romano,
      Sobmetendo Nações ao juro duro;
      O mantuano pinte o Rei Troiano,
      Descendo à confusão do reino escuro;
      Que eu canto um Albuquerque soberano,
      Da Fé, da cara Pátria firme muro,
      Cujo valor e ser, que o ceo lhe inspira,
      Pode estancar a Lácia e Grega lira.

      IV
      Vereis um senil ânimo arriscado
      A trances e conflictos temerosos,
      E seu raro valor executado
      Em corpos Luteranos vigorosos.
      Vereis seu estandarte derribado
      Aos católicos pés victoriosos,
      Vereis em fim o garbo a alto brio
      Do famoso Albuquerque vosso tio.”

      Assim como em toda obra barroca, tanto Bento Teixeira quanto Gregório de Mattos, autores da mesma época que guiavam- se pelo estilo europeu renascentista, usavam de intensidade dramática, davam êxtase a religiosidade, cultuavam a pátria, usavam uma linguagem muito clássica, digamos até rebuscada, o cultismo era mostrado claramente em seus poemas, sendo Bento Teixeira em sua obra Prosopopéia que é um poema épico baseado na obra “Os Lusíadas” de Camões como já citado anteriormente. O livro conta os feitos heróicos de Jorge Albuquerque a quem o autor pretendia agradar, considerado também um poema laudatório ( que contém louvor )

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    2. Adelita (parte 3)
      Trecho do poema de Gregório de Mattos.

      “Que falta nesta cidade?... verdade
      Que mais por sua desonra?... honra
      Falta que mais lhe ponha?... vergonha.
      Já Gregório de Mattos além das características já citadas na introdução este por sua vez escreveu poemas satíricos contra Salvador, sua própria cidade, contra os políticos e apesar de ter exercido funções religiosas e de ter tido um irmão padre (Eusébio de Mattos), este não perdoou nem a igreja.
      O que conclui-se então da analise desses dois autores e suas obras: é que indiferentemente da época, do estilo de escrita e de composição serem parecidos cada um em seu contexto histórico, em seu “momento”, visão de sociedade diferentes, têm pensamentos diferentes, e fazem questão de mostrar em suas obras sem se importar com o que a sociedade iria pensar, retratavam suas dores, crenças, amores, devoções com grande envolvimento com o que estavam escrevendo.

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  20. O Barroco é conhecido como arte da contra-reforma . O Barroco se restingiu no Pernambuco onde se originou aqui no Brasil com a obra de Bento Teixeira,Prosopopeia,e na Bahia onde teve um de seus maiores poetas Gregório de Matos. Suas maiores caracteristicas sao: o Cultismo x Conceptismo e Teocentrismo x Antropocentrismo tendo neste o uso de temas opostos como espírito e matéria, perdão e pecado, bem e mal, céu e inferno.
    O período barroco foi marcado por contadições como: o Humanismo clássico e o Renascimento, com apelos ao racionalismo, ao prazer e ao apego aos bens materiais contra o homem é pressionado pela Igreja Católica a um regresso ao Teocentrismo medieval, à renúncia aos prazeres, à mortificação da carne

    Sérgio Luiz

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  21. Barroco no Brasil: relações entre as obras de Padre Antônio Vieira, Gregório de Matos Guerra e Manuel Botelho de Oliveira.
    Bianca Rosa Peres

    A presença do Barroco no Brasil se manifesta no início do século XVII, em 1601, e se estende até o século XVIII. O Barroco surge em nosso país ainda muito influenciado pelo barroquismo europeu, mais especificamente, pelo ibérico e italiano. Dentro do quadro descrito se inserem, dentre outras, as obras de Gregório de Matos e de Botelho de Oliveira, nas quais carregam fortes motivos e formas características do Barroco espanhol, português e italiano.
    As principais características do movimento Barroco estão extremamente ligadas ao seu contexto histórico-cultural o qual comporta as renovações culturais trazidas pelo Renascimento, o fim do ciclo das navegações e a Reforma Protestante combatida pela Contra-Reforma.
    Nessa época, repleta de transformações, há grande tensão entre as perspectivas teocêntrica e antropocêntrica. A dualidade guia o pensamento humano em todas as esferas. Além disso, há uma tentativa de conciliar a glória e o valor humano despertados pelo Renascimento à ideia, já existente, de submissão perante a Deus e à igreja. O ser humano continua perseguido pela ideia de pecado, entretanto, passa a buscar a salvação de maneira angustiada. É neste espírito contraditório que a arte barroca se manifesta.
    Em muitas obras da literatura barroca é possível perceber um sentimento dual, na tentativa de conciliação de ideias antagônicas: sagrado x profano; amor x desejo; espírito x carne; bem x mal; céu x inferno; morte x vida, entre outras dualidades.
    Vale destacar um trecho da obra de Candido e Castello, que nos esclarece muito sobre a temática barroca:

    “Na sua ânsia de valorização da experiência humana, acentuando os seus estados contraditórios, da exaltação dos sentidos à reflexão, a essência da temática barroca se encontra na grande antítese entre vida e morte. Daí deriva o sentimento da brevidade enganosa da vida, da transitoriedade dos predicados físicos da natureza humana, da fugacidade das coisas. Voltando-se então para a morte, o homem barroco ou assume uma atitude estóica ou adota um comportamento epicurista, o carpe diem, o gozar a mocidade, aproveitar o momento presente livre de outros compromissos.” (CANDIDO e CASTELLO, 1976, p.17).

    Este pessimismo descrito na citação anterior, voltado para morte, e a dificuldade de lidar com a fugacidade do tempo que faz da vida transitória, podem ser representados, na poesia barroca, através da transcrição do fechamento de um soneto de Gregório de Matos.

    “Ó não guardes, que a madura idade,
    Te converte essa flor, essa beleza,
    Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.”.

    A expressão de toda essa inquietação e estado de dúvidas são traduzidos tanto na poesia quanto na prosa por meio de recursos linguísticos, que logo mais exporemos através das obras de Pe. Antônio Vieira e Gregório de Matos, bem como suas relações com as obras de Botelho de Oliveira.
    Padre Antônio Vieira (1608-1697) é o nome central da prosa barroca por ser o principal orador jesuítico e produzir notáveis sermões.

    “De Vieira ficou o testemunho de arquiteto incansável de sonhos e de um orador complexo e sutil, mais conceptista do que cultista, amante de provar até o sofisma, eloqüente até à retórica, mas assim mesmo, ou por isso mesmo, estupendo artista da palavra.” (BOSI,1994, p. 45).

    Podemos considerar a obra de Pe. Antônio Vieira, uma das, ou até mesmo a mais revolucionária da primeira fase do período barroco, por já inaugurar, na época em que é escrita, ideais abolicionistas, especialmente em

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  22. CONTINUAÇÃO - BIANCA

    relação à escravidão dos índios. Isso é perceptível na pregação do “Sermão da Primeira Dominga da Quaresma”, em 1653, na qual, Vieira, tenta persuadir os colonizadores a libertarem os indígenas.
    Seus Sermões são desenvolvidos em longos períodos através de um encadeamento lógico, e para expressar suas ideias utiliza principalmente a metáfora e a parábola, como recursos linguísticos. Para exemplificar, faz-se necessário citar um trecho de uma de suas obras:

    “Para um homem ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos.”

    Já Gregório de Matos (1636-1696), gongorista, é considerado pela crítica como o maior satírico de nossa literatura, e sua obra, a mais forte expressão do Barroco na Colônia devido à sua temática e técnica estilística.
    Em sua poesia as dualidades, (religiosidade x sensualismo; misticismo x erotismo e experiências terrenas x experiências espirituais), se apresentam, muitas vezes, de maneira simultânea. Frequentemente percebemos expressões de amor carnal ao lado de aspirações religiosas, assim como, poesias sérias e reflexivas em torno da condição humana ao lado de sátiras da sociedade da época (em especial da baiana).
    Grégorio de Matos utiliza em sua poesia como principal recurso o jogo de palavras e figuras de linguagem, entre as quais se salientam as antíteses e metáforas. É possível percebermos a presença de metáforas, principalmente, no trecho a seguir do poema “Desenganos da vida humana metaforicamente”, pertencente ao referido autor.

    “É vaidade, Fábio nesta vida,
    Rosa, que da manhã lisonjeada,
    Púpuras mil com ambição dourada,
    Airosa rompe, arrasta presumida. [...]”.

    Além destes autores já citados, os quais configuram os maiores expoentes do Barroco no Brasil, faz-se pertinente destacar a obra de Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), quem coincidentemente é um poeta baiano, de formação acadêmica em direito na universidade de Coimbra e com poesia de cunho gongorista, assim como Gregório de Matos.
    Botelho de Oliveira é o primeiro autor brasileiro a ter obra publicada, com a primeira edição a publico de sua coleção de poemas sob o título “Música de Parnaso”.
    Os principais processos estilísticos utilizados pelo referido autor em sua obra são: metáforas, analogias e antíteses. As antíteses e metáforas podem ser evidenciadas através da citação deste trecho de “Anarda passando o Tejo em uma barca” de Botelho de Oliveira:

    “Ardem chamas n’ água, e como
    vivem das chamas, que apura,
    são ditosas Salamandras
    as que são nadantes turbas.

    Meu peito também, que chora
    de Anarda ausências perjuras,
    o pranto em rio transforma,
    o suspiro em vento muda.” (BOSI, 1994, p. 42).

    Este mesmo caráter pode ser percebido no seguinte trecho da obra de Gregório de Matos, mas com uma tentativa de fusão dos opostos , por meio do paradoxo:

    “Ardor em firme coração nascido;

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  23. CONTINUAÇÃO - BIANCA

    Pranto por belos olhos derramado;
    Incêndio em mares de água disfarçado;
    Rio de neve em fogo convertido.”

    Segundo Candido e Castello, no lirismo barroco “a inquietação causada pelo escoamento do tempo refletido na condição humana”, consequencia da grande antítese barroca (vida x morte), tende a pender para uma interpretação como um castigo frente ao egoísmo e à vaidade do homem ou para uma compreensão voltada ao arrependimento dos pecados e ao perdão do Deus bondoso e supremo. Esses dois pensamentos desencadeiam as temáticas predominantes na poesia de inspiração amorosa e de sentimento religioso, nas quais se destaca a obra de Matos.
    Botelho de Oliveira e Gregorio de Matos, em relação a Pe. Antônio Vieira, lidam de maneira diferente com as inquietações causadas pela maior antítese barroca.
    Os primeiros, nas suas poesias de inspiração amorosa, louvam não mais a mulher-amada, mas a mulher-desejada (houve uma mudança no termo utilizado pela poesia lírica anterior). Nas obras de ambos, a transitoriedade da vida é tratada baseada no ideal “carpe diem”, advertem que o prazer proporcionado pela mocidade deve ser usufruído enquanto a beleza e as forças não se acabam, ao mesmo tempo em que fazem exaltações e lisonjas às mulheres.
    Desse modo, explica-se a frequente comparação entre a duração da beleza da mulher e da rosa, no lirismo amoroso de Gregorio de Matos e Manuel Botelho, em que destaca-se este último com a obra “Oitavas à rosa”.
    Padre Vieira reage de forma diversa frente à ameaça da morte, volta-se a Deus e indica o cultivo ao amor místico, por meio de suas obras.
    As obras destes três autores aqui citados demonstram as contrariedades, incertezas e dualidades contidas nas temáticas da literatura barroca, expressas através de uma linguagem rica em contrastes e associações.
    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 33. Ed. São Paulo: Cultrix, 1994.
    CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: das origens ao romantismo. 7. Ed. Revista. Rio de Janeiro: Difel, 1976.
    Disponível em: http://www.graudez.com.br/literatura/barroco.html Consulta realizada em: 20/04/12
    Disponível em: http://portalliterario.sites.uol.com.br/artebarroca Consulta realizada em: 21/04/12

    Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/barroco Consulta realizada em: 20/04/12

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