terça-feira, 21 de agosto de 2018

Brasil - pensar o mito fundador

Leiam os textos disponíveis nos links abaixo referentes ao problema do mito fundador na sociedade brasileira e apresentem comentários sobre algum(ns) aspecto(s) que julgarem pertinente(s) de serem desenvolvidos a partir da proposta da disciplina e da reflexão de Murilo Mendes:
"Os inimigos dos mitos não têm força para criá-los ou recriá-los. Julgam que os mitos acham-se superados pela realidade, quando eles são a própria figura da realidade".
Pois...
"Os deuses jejuam de pão e tudo mais. Menos de metáfora."

https://acasadevidro.com/2016/03/28/brasil-mito-fundador-sociedade-autoritaria-conheca-o-livro-da-filosofa-marilena-chaui/
https://fpabramo.org.br/2006/04/23/brasil-mito-fundador-e-sociedade-autoritaria-resenha-de-flavio-moura/

8 comentários:

  1. A partir das leituras sugeridas, cujo tema é o mito fundador apresentado e discutido pela filósofa M.C., destaco um dos tópicos para discorrer, brevemente, neste comentário: a ilusão da sociedade brasileira mestiça. Como dito pela autora, o povo brasileiro sabe que é o resultado da mistura de índios, negros e portugueses, e declara com orgulho que, por esta razão, a sociedade se constituí pela integração igualitária destas três "raças". Sendo assim, o Brasil se caracteriza pela junção de culturas. A irrealidade desta concepção é gritante. O povo brasileiro é, realmente, mestiço, mas isso só é apontado como qualidade quando um negro é capitão da seleção de futebol que ganhou o campeonato mundial e, através das suas habilidades, elevou o status do Brasil aos olhos do resto do mundo. Aí, então, a ginga e o talento da herança africana representam o que é ser brasileiro. Quando, raramente, os olhos da sociedade se voltam para a realidade do negro no país, ele já não é mais o representante nacional, mas o parasita, o fardo social, o atraso da sociedade, é o favelado bandido que não só não traz nenhum benefício para o desenvolvimento do país, como também é a causa de todos os problemas que a nação possa ter. O mesmo pode ser dito sobre a população indígena que ainda resta no Brasil, que só é lembrada no "Dia do Índio". Neste dia, o índio é o mártir brasileiro que tentou resistir a dominação portuguesa e que, por isso, foi quase varrido do território brasileiro pelos "descobridores" europeus. Mas quando ocupa um pedaço da terra do Brasil e atrapalha os interesses econômicos dos que se consideram brancos, é o índio preguiço e ignorante, que incivilizado, não faz parte da sociedade e só causa problemas. Trouxe estes dois exemplos, apenas para ilustrar a ilusão que domina o brasileiro de que, por ser mestiço, todos vivem em harmonia, sem nenhum preconceito racial e nenhuma diferença social ou econômica entre as etnias. Ilusão esta que constitui o mito de que no Brasil não existe racismo. Angélica Gonçalves.

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  2. Eu que desconhecia qualquer conceito sobre "mito", ou "mito fundador", após a leitura dos dois textos sugeridos, entendi que o mito, ou verdeamarelismo termo usado pela autora do primeiro link, acabou por se tornar um grande equivoco na compreensão de nós mesmos enquanto brasileiros, e na nossa capacidade de lidar com os nossos dilemas e problemas sociais. Mascarando e confundindo nosso entender sobre nós mesmos, de acordo com a vontade daqueles que detém o poder. Sugiro uma reflexão e discussão, sobre o mito na sociedade atual, e quais suas implicações.

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  3. Entendi que o mito fundador é o que nós brasileiros acreditamos sobre como o Brasil se desenvolveu e como está atualmente. Nos consideramos bons brasileiros, mas desconhecemos nossos preconceitos, desconhecemos que somos oriundos de uma mestiçagem, desconhecemos nossos pré-conceitos sobre índios, mulheres, negros. Vemos os índices de violência aumentando, entretanto, ainda afirmamos que somos um povo pacífico e ordeiros. Enfim, penso que criamos "uma barreira" para não vermos nossos erros e não nos politicarmos parar sermos melhores. Ademais, sugiro que na próxima aula façamos uma análise em grupo sobre o mito fundador a fim de esclarecer dúvidas pendentes.
    Bianca Pinheiro Marques.

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  4. Minha compreensão foi a de que o mito fundador que permeia o imaginário brasileiro nos impede de modificar todos os nossos problemas sociais, políticos, ecológicos e afins, já que para a população, tudo já está bom. Não há o reconhecimento de que temos altos índices de violência de todos os tipos, preconceito, intolerância, racismo, exclusão social, falta de cuidado com o meio ambiente, entre tantas outras questões que impedem um melhoramento na qualidade de vida da população brasileira. Afinal, o que temos a mudar se no nosso país tudo que se planta dá, o povo é pacífico, respeitoso e sem qualquer preconceito?
    Raquel Portella de Souza

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  5. Inicialmente, sabe-se por mito fundador algo de origem filosófica de uma nação, crença, ideia e/ou sociedade; possui um vínculo entre passado e presente, comuns na mitologia grega e na Bíblia.
    Partindo das leituras pressupostas, enfatizo onde é dito que nas escolas, é ensinado que nosso país é abençoado por Deus, bonito por natureza, país do samba, do carnaval, do café e do futebol, o qual possui riquezas naturais e culturais, país de progresso, desconhece catástrofes naturais, mas principalmente, uma terra de miscigenação, mestiçagem, entre negros africanos, indígenas e brancos.
    O contrário do que se pensa, o Brasil é um país que não é bem resolvido com suas “dores”, quando nos ensinam que nosso país não foi originado na base de derramamento de sangue e exploração. A escravidão, a exploração e tantas outras ruindades que foram impostas aqui. Um exemplo de crítica é a obra de José de Alencar, Iracema, a qual aborda a miscigenação, dando origem ao filho da dor, Moacir. Sugiro que seja uma das obras abordadas na disciplina.
    Concluo sobre as leituras que mesmo com informações, leituras e análises, brasileiros seguem baseando-se em fatos passados ou até mesmo imaginários. Proponho uma discussão sobre a sociedade atual e seus problemas sociais, ecológicos, políticos e econômicos e comparássemos com de anos passados.
    Mariana S. Ravaza

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  6. O que entender por mito fundador?
    Em poucas palavras é o mito etiológico que explica a origem de um rito ou de uma cidade, um grupo, uma crença, uma filosofia, uma disciplina, uma ideia ou uma nação.
    A partir das leituras sugeridas, apresentado e discutido pela filósofa M.C, saliento o seguinte trecho: “ao falarmos em mito, nós o tomamos não apenas no sentido etimológico de narração pública de feitos lendários da comunidade (isto é, no sentido grego da palavra mythos), mas também no sentido antropológico, no qual essa narrativa é a solução imaginária para tensões, conflitos e contradições que não encontram caminhos para serem resolvidos no nível da realidade.”
    Ao refletir sobre certas implicações culturais que o imaginário exerce no entendimento do devir histórico, como por exemplo racismo, preconceito, exclusão social e dentre tantos outros exemplos, e refletir sobre noção de mito fundador sobre o processo de formação da literatura e sociedade brasileira é fácil nos depararmos com tais pensamentos como: quem nunca ouviu que Deus é brasileiro, ou então que o Brasil é o país do futebol, do carnaval e gigante pela própria natureza? Tais imagens fazem parte do que Marilena Chaui chamou de "mito fundador", núcleo em torno do qual gravitam repetidas formulações explicativas que têm por função denegar a violência em nossa sociedade.
    Avessa a certas construções intelectuais em voga, segundo as quais tudo é narrativa, sem correspondência necessária com a realidade – que aliás só existiria mesmo como invenção de linguagem –, a autora nos lembra que narração, em seu sentido original, é mito. No livro, mito é entendido como narrativa referida ao passado, cuja função é legitimar a origem (não a formação), o destino e a configuração de uma realidade social.
    Porém o Brasil não é um país pacífico e ordeiro e não somos um povo bom. Devíamos ter orgulho de sermos uma nação nascida da mistura de raças e valorizar nossas diversas culturas.
    Por fim, proponho uma discussão sobre a sociedade atual e seus problemas de realidade pública que enfrentamos diariamente.
    Shaiane Mathias Dos Passos

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  7. Sobre as leituras propostas.

    A autora expõe fatos sobre a abordagem das narrativas na nossa cultura, evidenciando que estas são controladas por uma pequena parcela de uma elite intelectual autoritária, ora numa Terra Brasilis como colônia portuguesa de exploração de ethos catequista, depois em um império e república de base truculenta, Comteana, onde não há democracia intelectual para que olhemos para nossos erros que transpassam os séculos. Espera-se que nesta breve e frágil democracia possamos entender nossas raízes e construirmos um país melhor através do diálogo. Em tempo, proponho mais discussões a respeito da estrutura da sociedade brasileira em sala de aula.

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