terça-feira, 29 de maio de 2012

Romantismo

Considerando a citação de Antonio Candido (Formação da literatura brasileira - momentos decisivos), comente a reflexão do crítico e historiador na primeira parte do capítulo XIII - O triunfo do romance. Elabore um texto a partir dos elementos evidenciados - em especial atenção aos aspectos psicológicos que dariam o caráter de maturidade para o romance -, apresentando uma obra do período romântico para sustentar sua leitura.

"(...) as sendas poéticas do indianismo e a humanidade sincera, mas superficial do regionalismo não eram elementos suficientes para a maturidade do nosso romance. Faltavam-lhe para isso aquelas 'pesquisas psicológicas', que segundo Lúcia Miguel Pereira constituem o brasão de Machado de Assis e Raul Pompéia. Elas consistem, principalmente, em recusar o valor aparente do comportamente e das ideias, em não aceitá-los segundo a norma que lhes traçam o costume, ou os seus desvios mais frequentes. Há na pesquisa psicológica uma certa malícia e uma certa dor, que levam o romancista a esquadrinhar a composição dos atos e pensamentos; a reconstituir as maneiras possíveis por que teriam variado, levando-os, muitas vezes, a consequências inaceitáveis para a visão normal. Esta experimentação com o personagem é que o torna tão vivo e próximo da nossa vida profunda, na qual vai rovocar o estremecimento de atos virtuais, de pensamentos sufocados, de toda uma fermentação obscura e vagamente pressentida. Na medida em que atua deste modo, o romance tem para nós uma função insubstituível, auxiiando-nos a vislumbrar em nós mesmos, e nos outros homens, certos abismos sob os quais a engenharia da vida de relação constrói suas pontes frágeis e questionáveis." (p. 529).

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 13. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012.

38 comentários:

  1. No Brasil, após a Proclamação da Independência, há uma maior tentativa para a definição de uma identidade nacional. Obra de Gonçalves de Magalhães "Suspiros poéticos e saudades"(1836), publicada num livro de poemas,considerada a primeira publicação romântica brasileira,mesmo ano dos dois volumes da revista Niterói que contém o essencial da nova teoria pretendida:
    Tudo pelo Brasil, e para o Brasil.
    Primeira fase -voltada para a natureza, regresso ao passado histórico. Surgimento dos lusófobos, buscando garantir uma identidade nacional, querendo uma separação de Portugal, também na literatura. O índio transformado no símbolo do homem livre, povoando romances e versos, numa representação idealizada. Gonçalves Dias, seu principal representante,com temas românticos fundamentais:natureza,pátria,religião.Construiu a imagem heroica e nobre dos índios brasileiros. Obras:Primeiros cantos (1846); As sextilhas do Frei Antão(l848); Os timbiras (exaltação a natureza) e I Juca Pirama.
    Segunda fase -tema de fascínio escritores; a morte , muitas vezes, pela oposição entre o desejo de amar x morte;o amor impossível e a escuridão. Uma visão negativa do mundo e da sociedade está presente nas obras. Condenação em qualquer forma de manifestação física do amor.
    Ainda, fuga da realidade;atração pelo mistério;
    profunda solidão pessoal e social do artista e culto a natureza mórbida e soturna. Seus jovens poetas vítimas do "mal do século".
    Terceira fase - caracterizada pelo erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados,mas podendo ser tocada e amada. Mudança econômica. A classe latifundiária defende ferrenhamente a uso da mão-de-obra escrava.Castro Alves, grande representante da geração candoeira, escreve poemas, tratando de temas sociais, muitas vezes
    quase uma oratória.Obras: América; Marieta; Navio negreiro e Vozes D'África - o eu lírico é o próprio continente africano contando a história do seu povo.
    No romance, José de Alencar desenvolve a imagem do índio como nosso antepassado heroico.Cria em seus romances indianistas, no passado,os índices de nacionalidade que serão valorizados, no presente. Seu mais ambicioso projeto literário foi o de traçar um panorama da história e da cultura com uma série de romances ficcionais, como o Gaúcho(1870), o Sertanejo(1875),... fazendo a apresentação do povo brasileiro para os outros povos, buscando construir a almejada independência cultural.
    Joaquim Manoel de Macedo- A Moreninha, 1844 - em um cenário citadino faz o retrato dos costumes da sociedade da época.
    Mas, foi Alencar, principal romancista romântico, quem deu ao romance urbano uma forma mais consistente, melhor acabada, chegando a fazer críticas aos costumes da época.Em Senhora, heroína romântica, retratada de modo bastante idealizado,capaz de cuidar da própria vida, mexer com seu próprio patrimônio.
    Machado de Assis, estilo único, dotado de fase romântica e realista. Como obras românticas destacam-se: A mão e a Luva e Helena, onde faz análise psicológica e crítica social.

    Clarisse Recuero

    ResponderExcluir
  2. O romantismo teve início no século XIX e tinha como características o individualismo, nacionalismo, idealização, liberdade, espírito criativo e sonhador e essas características foram encontrados nos textos de alguns autores, como por exemplo, Alvares de Azevedo, Cassimiro de Abreu, Gonçalves de Magalhães, Castro Alves, Gonçalves Dias, José de Alencar e etc.
    No romantismo o amor era visto por alguns autores como um amor platônico, as mulheres eram vistas como uma figura inatingível no qual era associada à felicidade, à inocência da infância, à virgem (um anjo que jamais poderiam desfrutar).
    Bosi em seu texto diz “O eu romântico, objetividade incapaz de resolver os conflitos com a sociedade, lança-se à evasão. A natureza romântica é expressiva, ou seja, ela significa e revela, prefere-se a noite ao dia, pois à luz crua do sol o real impõe-se ao indivíduo. Mas é na treva que latejam as forças inconscientes da alma: o sonho, a imaginação.” É o que acontece com o texto de Alvares de Azevedo, o autor utiliza a poesia para manifestar o sentimento que ele sentia naquele momento (que era a tristeza e a solidão) e o poema era também uma maneira que o autor tinha de fugir da realidade, podemos ver isso no poema abaixo:

    Catiusce Voigt

    ResponderExcluir
  3. Continuação
    Lembrança de Morrer (Alvares de Azevedo)
    Quando em peito rebentar-se a fibra Que o espírito enlaça a dor vivente, Não derramem por mim nem uma lágrima Em pálpebra demente.

    E nem desfolhem da matéria impura A flor do vale que adormece ao vento: Não quero que uma só nota de alegria Se cale por meu triste passamento.

    Eu deixo a vida como deixo o tédio Do deserto o poento caminheiro –como as horas de um nobre pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

    Como deserto de minh’alma errante Onde fogo insensato a consumia Só levo uma saudade- é desses tempos Que amorosa ilusão embelecia.

    Só levo uma saudade- é dessas sombras Que eu sentia velar nas noites minhas... De ti, ó minha mãe, pobre coitada Que por minha tristeza te definhas!

    Do meu pai... de meus poucos amigos, Poucos-bem poucos- e que não zombavam Quando em noites de febre endoudecido Minhas pálidas crenças duvidavam

    Se uma lágrima as pálpebras me imunda Se um suspiro nos seios treme ainda É pela virgem que sonhei... que nunca Aos lábios encostei a face linda!

    Só tu a mocidade sonhadora Do pálido poeta destes flores... Se viveu foi por ti! e de esperança De na vida gozar de teus amores.

    Beijarei a verdade santa e nua Verei cristalizar-se o sonho amigo... Ó minha virgem dos amores sonhos, Filha do céu, eu vou sonhar contigo!

    Descansem o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecidas À sombra de uma cruz e escrevam nela: -Foi poeta-sonhou e amou na vida!

    Sombras do vale, noite da montanha Que minha alma cantou e amava tanto, Protegei o meu corpo abandonado, E no silêncio derramai-lhe canto!

    Mas quando preludia ave d’aurora E quando à meia-noite o céu repousa, Arvoredos do bosque, abri-me os ramos Deixei a lua prantear-me a lousa!

    A sua poesia é marcada pelo exagero do subjetivismo, sarcasmo, melancolia e nesse texto o autor fala dos sonhos que nunca se tornaram realidade e a partir disso Alvares de Azevedo entra em depressão, fica solitário e isso se torna uma frustação e que é acalmado pela sua mãe e sua irmã, sendo estas as únicas mulheres que ele (o autor) realmente amou que eram de verdade (de carne e osso) e não de fantasias como suas musas inspiradoras. Catiusce voigt

    ResponderExcluir
  4. A implantação da imprensa decorrente da chegada da corte portuguesa em terras brasileiras foi fator de importância para o desenvolvimento do romance, uma vez que muitos desses eram divulgados em folhetins antes de serem publicados. O Romantismo no Brasil desenvolveu-se em um contexto de afirmação do indivíduo, o que refletiu nas obras no momento em que o eu lírico deixou de ser distanciado do que escrevia e, a partir disso, conclui-se que, como afirmou Alfredo Bosi, “A natureza romântica é expressiva. Ao contrário da natureza árcade, decorativa. Ela significa e revela.” (BOSI, 1994, p.93), ou seja, o autor reflete em sua obra a realidade que o cerca.
    Publicada em 1836, a obra Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, é tradicionalmente lembrada por ser a introdutória do movimento romântico brasileiro. Faz parte da primeira geração da poesia romântica, também denominada nacionalista ou indianista, por enfatizar a natureza brasileira, de um total de três gerações poéticas no período. A segunda geração foi a do mal-do-século, na qual os poetas se inspiravam nas obras de Lord Byron e a qual se caracterizou pelo chamado ultrarromantismo. Por fim, a terceira geração foi a condoreira, marcada pela defesa da libertação da escravidão.
    Contudo, o que mais se destaca nesse período é o surgimento do romance e, consequentemente, do sistema literário autor/obra/público. Os autores passaram a atender aos anseios dos leitores, que correspondiam, em geral, a “reencontrar a própria e convencional realidade e projetar-se como herói ou heroína em peripécias com que não se depara a média dos mortais” (BOSI, 1994, p. 129). Vejamos então o trecho final do capítulo 23 de A Moreninha, romance de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882):

    A menina, com efeito, entregou o breve ao estudante, que começou a descosê-lo precipitadamente. Aquela relíquia, que se dizia milagrosa, era sua última esperança; e, semelhante ao náufrago que no derradeiro extremo se agarra à mais leve tábua, ele se abraçava com ela. Só falta a derradeira capa do breve... ei-la que cede e se descose... salta uma pedra... e Augusto, entusiasmado e como delirante, cai aos pés de D. Carolina, exclamando:
    - O meu camafeu!... o meu camafeu!...
    A senhora D. Ana e o pai de Augusto entram nesse instante na gruta e encontram o feliz e fervoroso amante de joelhos e a dar mil beijos nos pés da linda menina, que também por sua parte chorava de prazer.
    - Que loucura é esta? perguntou a senhora D. Ana.
    - Achei minha mulher!... bradava Augusto; encontrei minha mulher!
    - Que quer dizer isto, Carolina?...
    - Ah! minha boa avó!... respondeu a travessa Moreninha ingenuamente: nós éramos conhecidos antigos.

    O fragmento acima representa o típico desfecho de romances românticos: final feliz, frequentemente precedido de um namoro impossível e de mistérios que tumultuam o enredo até que a tranquilidade inicial seja restabelecida. A obra citada pode ser enquadrada no que se chama romance urbano, o qual, especificamente, procura retratar os costumes da sociedade. Além desse, há o romance indianista, o regionalista e o histórico, ambos com suas especificidades.
    É possível perceber, ainda, aspectos psicológicos que norteiam as obras do período em geral. Entre eles, a hipervalorização dos sentimentos (revelando o desejo de libertação de uma análise de mundo baseada na razão), o perfil idealizado da mulher, sob uma ótica patriarcalista, e o nacionalismo, esse último sendo um dos fatores principais no que tange a diferenciação entre o Romantismo brasileiro e o europeu.

    Referências

    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.

    Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
    http://www.psbnacional.org.br/bib/b224.pdf Acesso em 02 jun. 2012

    Só literatura. Disponível em:
    http://www.soliteratura.com.br/romantismo/ Acesso em 02 jun. 2012

    [Juliane M. Orlandi]

    ResponderExcluir
  5. Romantismo
    Romantismo e burguesia são considerados sinônimos, porque esta se reflete e se identifica naquele; e aquele surge e se sustenta em função desta.
    A classe burguesa, principalmente a partir da segunda metade do século XVIII, passa influir poderosamente na economia, na política, nos costumes e nas ideias da sociedade de então. Além do poder do dinheiro, a força do pensamento liberal burguês modifica a maneira de pensar e de agir das pessoas, principalmente através da imprensa e do teatro.
    Embora o Romantismo tenha surgido primeiro na Inglaterra e na Alemanha, foi a partir da França que ele se espalhou por outros países da Europa e pelo mundo.
    A burguesia brasileira, que vai sustentar e inspirar o nosso Romantismo, é formada quase que unicamente pela sociedade monárquica. Muito do nosso Romantismo, por tanto, ainda será influenciado pelo romantismo Europeu.
    Com decorrência da subjetividade, no Romantismo a emoção é mais forte que a razão, a paixão e o sonho suplantarão a coerência e materialidade. O mundo pessoal do artista é valorizado. A intuição e a fantasia são inseparáveis da imaginação criadora.
    A liberdade de pensamento e de criação fazem do romântico um opositor natural do classicismo. O artista procura se desvencilhar das normas rígidas da arte clássica. Na poesia surgem novas formas e novos tema inclusive com o emprego de versos brancos e livres.

    ResponderExcluir
  6. A subjetividade do artista romântico, faz com que ele enxergue tudo a partir do seu mundo pessoal e isto, muitas vezes, causa insatisfação, porque as coisas nem sempre são como ele gostaria que fossem; ou ele se rebela, protesta, prega reformas sociais, luta por liberdade e justiça; ou então, sentindo-se deslocado e marginalizado, fecha-se em si mesmo, viaja nas fantasias e cria um mundo ideal, onde tudo é como ele acha que deveria ser.
    O Navio Negreiro
    Castro Alves
    V
    “Senhor Deus dos desgraçados!
    Dizei-me vós, Senhor Deus,
    Se eu deliro... ou se é verdade
    Tanto horror perante os céus?!...
    Ó mar, por que não apagas
    Co'a esponja de tuas vagas
    Do teu manto este borrão?
    Astros! noites! tempestades!
    Rolai das imensidades!
    Varrei os mares, tufão! ...”

    ResponderExcluir
  7. A natureza exótica, exuberante e riquíssima vai ser assunto constante nas obras românticas. Ela é fonte de inspiração, motivo de orgulho, refúgio onde o poeta busca o conforto e identidade, espelho que reflete o estado de alma do artista. A todos esses sentimentos alia-se a religiosidade que vê a natureza como expressão de força divina.
    Na Europa, o Romantismo realiza a tendência nacionalista por meio dos romances históricos em que surgem os heróis da pátria: cavaleiros andantes...
    No Brasil, sem personagens históricos para transformar em heróis, os românticos encontram no índio a figura do herói nacional: valoroso, nobre...
    Esta idealização do índio torna-o um personagem legendário, irreal, mítico, com características de herói branco.

    caroline münchow

    ResponderExcluir
  8. O romantismo um é período cultural, artístico e literário que se inicia na Europa no final do século XVIII, espalhando-se pelo mundo até o final do século XIX. No Brasil, o marco do início do romantismo no Brasil foi a publicação da obra “Suspiros poéticos e saudade” de Domingos José Gonçalves de Magalhães,em 1836. Como características principais deste período, podem-se destacar valorização das emoções, liberdade de criação, amor platônico, temas religiosos, individualismo, nacionalismo e história. Ainda, este período foi influenciado pelos ideais do iluminismo e pela liberdade conquistada na Revolução Francesa.
    Neste período, nosso país ainda vivia sob a emoção da Independência. Os artistas brasileiros buscaram sua fonte de inspiração na natureza e nas questões sociais e políticas do país. As obras brasileiras valorizavam o amor sofrido, a religiosidade cristã, a importância de nossa natureza, a formação histórica do país e o cotidiano popular. Como principais autores do romantismo no Brasil podem-se citar Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves, José de Alencar.
    O romantismo é dividido em três fases sendo elas: a primeira chamada de nacionalista ou indianista , marcada pela busca de uma identidade nacional, pela exaltação da natureza e criação do herói nacional. A segunda fase, chamada de "mal século", influenciada pela poesia de Lord Byron e Musset, carregada de egocentrismo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescente e tédio constante. Seu tema preferido é a fuga da realidade. Já a terceira fase chamada de condoreira é caracterizada pela poesia social e libertária. O condoreirismo é símbolo de liberdade adotado pelos jovens românticos.
    Álvares de Azevedo foi um dos mais marcantes autores do romantismo. Em sua obra “Lira dos Vinte Anos”. Característica do poema são lamentos de um eu- lírico tímido e inexperiente, sendo o poema dividido em três partes,a primeira e terceira fases, apresentam uma poesia de cunho idealizador, sentimental e abstrato.
    “E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração – ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor – esses dous raios luminosos do coração de Deus."
    A primeira parte da Lira contém poemas cuja temática é intimista: dores do coração, medo da morte, a mulher que ora se mostra, ora se esconde, a família, o sonho e a fantasia que se misturam principalmente através do jogo metafórico na erotização da mulher. Na segunda fase, o poeta apela para ironia e pelo sarcasmo.

    “Poetas! amanhã ao meu cadáver Minha tripa cortai mais sonorosa!...
    Façam dela uma corda, e cantem nela Os amores da vida esperançosa!”


    O eu- lírico se apresenta num conjunto de antíteses sobre o fazer poético. É algo muito característico do romantismo esse dilaceramento do eu diante do mundo, que se traduz em contradições.

    Era uma noite – eu dormia
    E nos meus sonhos revia
    As ilusões que sonhei!
    E no meu lado senti...
    Meu Deus! por que não morri?
    Por que do sono acordei?
    No meu leito – adormecida
    Palpitante e abatida,
    A amante de meu amor! (...)

    Nesse trecho, estão bem representados os temas principais da primeira parte do livro. Diante da impossibilidade de realizar seus impulsos, o eu lírico exalta seus desejos, refugiando- se em um mundo imaginário de virgens idealizadas, de anjos e de espuma.
    Podemos encontrar a obra de Álvares de Azevedo inserida no segundo momento da poesia romântica no Brasil; portanto, no ultra - romantismo, conhecido também como byronismo ou poesia do mal- do- século.

    ANGÉLICA NORONHA DE SÁ

    ResponderExcluir
  9. O Romantismo no Brasil
    Jéssica Nunes

    “Adeus, oh terras da Europa!
    Adeus, França, adeus, Paris!
    Volto a ver terras da Pátria,
    Vou morrer no meu país.

    Qual ave errante, sem ninho,
    Oculto peregrinando,
    Visitei vossas cidades,
    Sempre na Pátria pensando.

    De saudade consumido,
    Dos velhos pais tão distante,
    Gotas de fel azedavam
    O meu mais suave instante.
    As cordas de minha lira
    Longo tempo suspiraram,
    Mas alfim frouxas, cansadas
    De suspirar, se quebraram.”

    O fragmento apresentado faz parte do poema “Adeus à Europa”, publicado no livro “Suspiros poéticos e saudações” de Domingos de Magalhães. Esta obra foi o marco fundador do Romantismo, em que já se pensava em uma literatura genuinamente brasileira.
    Havia uma necessidade de se criar uma cultura brasileira que fosse identificada por suas próprias raízes, o Romantismo, então, assume o papel de um movimento que vai contra a literatura produzida na época colonial, buscando nessas raízes – sejam históricas, linguísticas e culturais – elementos que iriam compor esta literatura própria.
    O Nacionalismo passa a ser então um traço essencial dessa literatura, pois permitiu abordar diferentes temas, como o indianismo, o regionalismo, a crítica aos problemas nacionais, etc. e, assim como no poema de Domingos de Magalhães, se diz um “Adeus à Europa”, rompendo assim com aquela grande influência que a nossa literatura sofria até então.
    No Romantismo todos os elementos eram idealizados, sejam eles no bom ou no mau sentido. Tanto é, que neste Nacionalismo que marcou a primeira geração do Romantismo brasileiro, se exaltava a pátria e a idealizava, se exaltava o índio e o colocava como herói nacional que fazia parte da nossa natureza, e havia narração de fatos históricos brasileiros, mas principalmente aqueles em que o Brasil teve uma participação significativa.
    Na segunda fase do romantismo já se percebe características mais “românticas”. Nesta fase são trazidos às obras aspectos psicológicos, principalmente relacionados com o amor que normalmente não é correspondido e com o sofrimento por causa disso. Mas para que o escritor possa escrever sobre isso, é obrigatoriamente necessário que ele o tenha vivido e sofrido, para que ele tenha legitimidade sobre o que escreveu. Esta fase do Romantismo concentra-se em buscar o sentido da vida, com a ideia de que é necessário sofrer para entender a existência.

    ResponderExcluir
  10. [continuação]


    Esse sofrimento no amor vem acompanhado pela a idealização deste sentimento e de sua amada, que atua como musa inspiradora do eu-lírico. É possível perceber esta idealização no fragmento abaixo:
    Fragmento do poema “Segredos” de Casimiro de Abreu.
    Seu rosto é formoso, seu talhe elegante,
    Seus lábios de rosa, a fala é de mel,
    As tranças compridas, qual livre bacante,
    O pé de criança, cintura de anel;
    - Os olhos rasgados são cor das safiras
    Serenos e puros, azuis como o mar;
    Se falam sinceros, se pregam mentiras,
    Não quero, não posso, não devo contar!

    Oh! ontem no baile com ela valsando
    Senti as delícias dos anjos do céu!
    Na dança ligeira qual silfo voando
    Caiu-lhe do rosto seu cândido véu!
    - Que noite e que baile ! - Seu hálito virgem
    Queimava-me as faces no louco valsar,
    As falas sentidas que os olhos falavam
    Não posso, não quero, não devo contar!
    Já na terceira fase do Romantismo, passa-se a ter uma visão não só estética, mas também político-social. As obras desta fase voltam-se mais para o real do que para o ideal. Podemos observar isso na obra de Castro Alves:
    Fragmento de “Navio negreiro”
    Era um sonho dantesco... o tombadilho
    Que das luzernas avermelha o brilho.
    Em sangue a se banhar.
    Tinir de ferros... estalar de açoite...
    Legiões de homens negros como a noite,
    Horrendos a dançar...
    Negras mulheres, suspendendo às tetas
    Magras crianças, cujas bocas pretas
    Rega o sangue das mães:
    Outras moças, mas nuas e espantadas,
    No turbilhão de espectros arrastadas,
    Em ânsia e mágoa vãs!

    Entre tantos marcos do Romantismo, a consolidação do romance e a ideia de um sistema literário podem ser considerados uns dos mais importantes. Firmam-se as características dos romances Românticos, que são o amor entre duas pessoas, o obstáculo entre este amor e por fim, a superação deste obstáculo e a realização deste amor através do casamento, como aconetece em “A Moreninha” de Joaquim Manoel de Macedo.
    [Jéssica Nunes da Silva]
    Bibliografia:
    MAGALHÃES, Gonçalves de. Adeus à Europa. In: Wikisource. Disponível em: < http://pt.wikisource.org/wiki/Adeus_%C3%A0_Europa > Acesso em: 12 de junho de 2012.
    ABREU, Casimiro de. Segredos. In: Wikisource. Disponível em: < http://pt.wikisource.org/wiki/Segredos > Acesso em: 03 de junho de 2012.
    ALVES, Castro. Navio Negreiro. In: Cultura Brasil. Disponível em: < http://www.culturabrasil.org/navionegreiro.htm > Acesso em: 03 de junho de 2012.
    Romantismo. In: Graudez. Disponível em: < http://www.graudez.com.br/literatura/romantismopoesia.html > Acesso em: 03 de junho de 2012.

    Jéssica Nunes

    ResponderExcluir
  11. O movimento romântico é,com o da renascença um dos principais eventos da vida intectual da Europa,em particular da sua vida literária.Da mesma forma que a renascença havia preparado a idade clássica da literatura europeia,o romantismo inauguá-lhe a idade moderna.Assim principia um dos estudos de síntese mais bem equilibrados que já fizeram acerca do Romantismo.A rigor,o paralelo poderia ser mais vincado : o Romantismo constitui profunda e vasta revolução cultural cujos efeitos não cessaram até os nossos dias além das letras e da artes,o conhecimento científico, filosófico e religioso sofreu um impacto que ainda repercute na crise permanente da cultura moderna.Na verdade,as metamorfoses continuam galopantes sofridas pela atividades artísticas desde o começo do século XX apenas prolongam e devolvem matrizes culturais postas em circulação com advento do romantismo:este,como o designativo de um novo ciclo de cultura em que a cosmo visão hebraico-cristã é posta em cheque continua até os dias de hoje.De onde o rótulo de o Neo romantismo para algumas correntes modernas construir mera tautologia.Dentre o romantismo podemos citar três fases ou momentos: 1º de 1836 até 1853 aproximadamente;2º de 1853 a 1870,e 3º de 1870 a 1871.
    Podemos citar também dois grandes autores Álvares de Azevedo,para tanto a leitura de Àlvares Azevedo merece prioridade,pois foi o escritor mais bem dotado de sua geração em vários níveis se apreendem as sua tendências para evasão e para o sonho.
    “Pálida estrela!o canto do crepúsculo
    Acordar-te no céu:
    Ergue-te nua na floresta morta
    No teu doirado véu!
    Ergue-te!Eu vim por ti e pela tarde
    Pelos campos errar,
    Sentir o vento,respirando a vida,
    “E livre suspirar.” (Álvares de Azevedo,Lira dos Vinte Anos).
    Casimiro de Abreu também outra romancista morto na adolescência deixou um legado poético marcado indelevelmente pelo signo da idade que lhe coube atingir: (Canção do exílio),
    "E este mundo não Val um só dos beijos
    Tão doces duma mãe!
    Quero ver o céu da minha terra
    Tão lindo e tão azul!
    E a nuvem cor de rosa que passava
    Correndo lá do sul!"

    ROSELAINE DE LIMA SOUZA

    ResponderExcluir
  12. ROSELAINE DE LIMA SOUZA

    BIBLIOGRAFIA ACIMA CITADA:HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA VOL 1,(DAS ORIGENS DO ROMANTISMO)-MASSAUD MOISÉS E ALFREDO BOSI HISTÓRIA CONCISA DA LITERATURA BRASILEIRA.

    ResponderExcluir
  13. Romantismo
    Gladis Lindemann Colvar
    O Romantismo é a tendência que se manifesta no Brasil em 1830, influenciada pela proclamação da Independência do Brasil em 1822 e “pela tese do filósofo Jean-Jacques Rousseau de que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”; informação extraída do Almanaque Abril; 1998 pág. 169. Os escritores tomaram para si o compromisso de definir nação, povo, língua e cultura brasileira e dessa forma, “[...] dotar o Brasil de uma literatura equivalente às europeias, que exprimisse de maneira adequada a sua realidade própria ou como então se dizia, uma literatura nacional.”, relata Cândido; 2012, pág. 327. E, reforçaram a busca de características e diferenças em nossa nação. Em suas obras valorizaram o individualismo, o sofrimento amoroso, a religiosidade, a natureza, o índio, a linguagem, os temas nacionais, as questões político-sociais e o passado.
    O Romantismo não é só uma escola literária e artística, mas revolucionária, que se formou no princípio de igualdade, de fraternidade e de liberdade. O artista romântico centralizou sua arte no sentimentalismo, no arroubo, na impulsividade, em oposição à arte clássica que apreciava o racionalismo e o cientificismo. Como não havia um passado medieval, buscou-se no índio o símbolo da raça brasileira, o que pode ser averiguado em Cândido; 2005, pág. 214, [...] com propósitos expressos de reconhecer e valorizar o nosso passado histórico, embora recente, as nossas origens americanas, [...] as virtudes do homem nacional, o elemento de autoafirmação e, de alguma maneira, de oposição ao português.
    O romancista escolhido para este trabalho, Visconde de Taunay, conforme Bosi, 1994; pág. 144, “Alfredo D’Escragnolle Taunay nasceu no Rio de Janeiro, 1843 a 1899. Estudou no Colégio D. Pedro II e na Escola Militar. Bacharelou-se em Ciências Físicas e Matemáticas, seguiu como engenheiro para o Mato Grosso no começo da Guerra do Paraguai, o que lhe deu a ocasião de testemunhar – depois narrar – o episódio da retirada de Laguna.” Foi deputado, senador e presidente de províncias.
    Visconde de Taunay é um romântico pelo idealismo sentimental e realista pelas descrições da natureza, às vezes com observações minuciosas e notas científicas sobre a fauna, a flora e o relevo do cerrado central do Brasil, segundo Bosi; 1994, pág. 144, Taunay era “Homem de pouca fantasia, muito senso de observação, formado no hábito de pesar com inteligência as suas relações com a paisagem e o meio, [...].” . “Inocência” é considerada a obra-prima não só de Taunay, mas também do romance regionalista de nosso Romantismo. É um romance tipicamente brasileiro, original, pelo fato de não ter sido idealizado em modelos europeus, uma vez que os cenários e enredos são inspirados em paisagens, costumes, valores e comportamentos típicos de pequenos proprietários de regiões brasileiras. A descrição fiel e objetiva de uma região, os confrontos entre o homem do campo ou do sertão - que possui preconceitos contra os costumes da cidade, e o homem urbano - que é liberal em relação aos costumes e subestima o homem rural -, são características presentes em “Inocência”.
    continua...

    ResponderExcluir
  14. O romance tem como protagonistas a pura e ingênua Inocência, uma jovem do sertão de Mato Grosso, filha de Pereira, pequeno proprietário, representante típico da mentalidade vigente entre habitantes daquela região, e Cirino, prático de farmácia, que se autopromovera a médico para ganhar a vida e que numa de suas “consultas” cura Inocência. Inocência e Cirino se apaixonam e a frágil moça se torna forte em nome de seu real amor. A realização amorosa entre os jovens é inviável, porque Inocência fora prometida em casamento pelo pai a Manecão Doca, um rústico vaqueiro da região; e também porque Pereira exerce forte vigilância sobre sua filha, pois, de acordo com seus valores, ele tem de garantir a virgindade de Inocência até o casamento. Em um dos encontros amorosos o casal é descoberto o que leva seu Pereira e Manecão a planejarem uma emboscada para Cirino. Inocência e Cirino terminam mortos. O desfecho infeliz entre os dois personagens é uma criação inovadora de Taunay para os romances da época.
    Ao lado dos acontecimentos que constituem a trama amorosa, há também o choque de valores entre Pereira e Meyer, um naturalista alemão colecionador de borboletas que se hospedara na casa do pequeno proprietário. O escritor segundo Bosi; 205, pág. 145, “[...] sabia explorar na medida justa o cômico dos tipos como o naturalista alemão à cata de borboletas [...] e a morte solitária de Cirino.” O choque de valores entre os dois evidencia as diferenças entre o meio rural brasileiro e o meio urbano europeu.
    É notável como o narrador nos apresenta o choque de duas concepções de mundo extremamente diversas. Pereira, homem do sertão, preso a padrões estritos de comportamento, mantém sua bela filha Inocência reclusa.
    Taunay foi um autor além da maioria dos romancistas, entre os quais se incluíam alguns que, embora também usassem temas sertanistas, não tinham realmente muita experiência do interior brasileiro. Ao contrário, ele escrevia sobre o que conhecera. Aliás, o próprio Taunay se manifestou sobre isso, embora não diminuísse de modo algum a importância e o valor de outros romancistas, a pág. 145, Bosi afirma que “[...] nada há que supere Inocência em simplicidade e bom gosto, [...].

    Para ilustração do trabalho foi extraído do romance

    ResponderExcluir
  15. continuação
    Para ilustração do trabalho foi extraído do romance o trecho a seguir. Inocência de Taunay; pág. 29 a 32.
    “--Ora muito que bem, continuou Pereira caindo aos poucos na habitual garrulice, quando vi a menina tomar corpo, tratei logo de casá-la.
    --Ah! é casada? perguntou Cirino.
    --Isto é, é e não é. A coisa está apalavrada. Por aqui costuma labutar no costeio do gado para São Paulo um homem de mão-cheia, que talvez o sr. conheça... o Manecão Doca...
    --Não, respondeu Cirino abanando a cabeça.
    --Pois isso é um homem às direitas, desempenado e trabucador como ele só... fura estes sertões todos e vem tangendo pontes de gado que metem pasmo. Também dizem que tem bichado muito e ajuntado cobre grosso, o que é possível, porque não é gastador nem dado a mulheres. Uma feita que estava aqui de pousada... olhe, mesmo neste lugar onde estava mecê inda agorinha, falei-lhe em casamento... isto é, dei-lhe uns toques .. porque os pais devem tomar isso a si para bem de suas famílias; não acha?
    --Boa dúvida, aprovou Cirino, dou-lhe toda a razão; era do seu dever.
    --Pois bem, o Manecão ficou ansim meio em dúvida; mas quando lhe mostrei a pequena, foi outra cantiga... Ah! também é uma menina!...
    E Pereira, esquecido das primeiras prevenções, deu um muxoxo expressivo, apoiando a palma da mão aberta de encontro aos grossos lábios
    --Agora, está ela um tanto desfeita: mas, quando tem saúde é coradinha que nem mangaba do areal. Tem cabelos compridos e finos como seda de paina, um nariz mimoso e uns olhos matadores ...Nem parece filha de quem é...
    A gabes imprudentes era levado Pereira pelo amor paterno. Foi o que repentinamente pensou lá consigo, de modo que, reprimindo-se, disse com
    hesitação manifesta:
    --Esta obrigação de casar as mulheres é o diabo!.. Se não tomam estado, ficam jururus e fanadinhas...; se casam podem cair nas mãos de algum marido malvado... E depois, as histórias! . Ih meu Deus, mulheres numa casa, é coisa de meter medo... São redomas de vidro que tudo pode quebrar... Enfim, minha filha, enquanto solteira, honrou o nome de meus pais... O Manecão que se agüente, quando a tiver por sua .. Com gente de saia não há que fiar... Cruz! botam famílias inteiras a perder, enquanto o demo esfrega um olho.
    Esta opinião injuriosa sobre as mulheres é em geral corrente nos nossos sertões e traz como conseqüência imediata e prática, além da rigorosa clausura em que são mantidas, não só o casamento convencionado entre parentes muito chegados para filhos de menor idade, mas sobretudo os numerosos crimes cometidos, mal se suspeita possibilidade de qualquer intriga amorosa entre pessoa da família e algum estranho.
    Desenvolveu Pereira todas aquelas ideias e aplaudiu a prudência de tão preventivas medidas.
    --Eu repito, disse ele com calor, isto de mulheres, não há que fiar. Bem faziam os nossos do tempo antigo. As raparigas andavam direitinhas que nem um fuso... Uma piscadela de olho mais duvidosa, era logo pau... Contaram-me que hoje lá nas cidades... arrenego!... não há menina, por pobrezinha que seja, que não saiba ler livros de letra de forma e garatujar no papel... que deixe de ir a fonçonatas com vestidos abertos na frente como raparigas fadistas e que saracoteiam em danças e falam alto e mostram os dentes por dá cá aquela palha com qualquer tafulão malcriado... pois pelintras e beldroegas não faltam.. Cruz!... Assim, também é demais, não acha? Cá no meu modo de pensar, entendo que não se maltratem as coitadinhas, mas também é preciso não dar asas às formigas... Quando elas ficam taludas, atamanca-se uma festança para casá-las com um rapaz decente ou algum primo, e acabouse a historia...

    ResponderExcluir
  16. continuação
    --Depois, acrescentou ele abrindo expressivamente com o polegar a pálpebra inferior dos olhos, cautela e faca afiada para algum meliante que se faca de tolo e venha engraçar-se fora da vila e termo... Minha filha... Pereira mudou completamente de tom:
    --Pobrezinha... Por esta não há de vir o mal ao mundo... É uma pombinha do céu... Tão boa, tão carinhosa!... E feiticeira!!! Não posso com ela.. só o pensar em que tenho de entregá-la nas mãos de um homem, bole comigo todo... E preciso, porém. Há anos... devia já ter cuidado nesse arranjo, mas... não sei... cada vez que pensava nisso... caia-me a alma aos pés. Também é menina que não foi criada como as mais... Ah! sr. Cirino, isto de filhos, são pedaços do coração que a gente arranca do corpo e bota a andar por esse mundo de Cristo. Umedeceram-se ligeiramente os cílios do bom pai.”
    --O meu mais velho pára, Deus sabe onde... Se eu morresse neste instante, ficava a pequena ao desamparo... Também, era preciso acabar com esta incerteza... Além disso, o Manecão prometeu-me deixá-la aqui em casa, e deste modo fica tudo arranjado... isto é, remediado, filha casada é traste que não pertence mais ao pai.
    Houve uns instantes de silêncio.









    Bibliografia:
    BOSI, Alfredo, 1994. História Concisa da Literatura Brasileira. Editora Cultrix. São Paulo.
    CÂNDIDO, Antônio, 2012. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos. Editora Ouro sobre Azul. Rio de Janeiro.
    CÂNDIDO, Antônio – CASTELLO, J. Aderaldo, 2005. Presença da Literatura Brasileira: das origens ao Realismo. Editora Bertrand. Rio de Janeiro.
    http://www.dominiopublico.gov.br, 04.06.12 às 16h
    http://www.albumdeliteratura.vilabol.uol.com.br. 01.06.12 às 15h
    http://www.pt.wikipedia.org. 01.06.12 às 15h30min
    http://www.suapesquisa.com. 01.06.12 às 15h
    http://www.brasilescola.com. 01.06.12 às 14h30min

    ResponderExcluir
  17. Romantismo
    Bianca Peres

    O Romantismo é um dos movimentos literários mais longos, surge no século XVIII e perdura durante, praticamente, todo o século XIX. Neste movimento há a inauguração de importantes conceitos para a sociedade, como as noções de indivíduo e individualidade. Também neste mesmo período passa-se a pensar em um público leitor e em um mercado editorial.
    As principais características do romantismo constituem: o culto à natureza e ao fantástico; o culto ao amor e à confidência ou se dispõe à renúncia e ao isolamento, recorrendo a uma identificação essencial com a natureza; o subjetivismo; a liberdade de criação; o pessimismo e a tristeza; a “aspiração vaga ou imprecisa, o anseio de algo melhor do que a realidade, o inconformismo social, os ideais políticos e de liberdade.” (CANDIDO e CASTELLO, 1976, p. 204).
    Muitos desses elementos característicos do Romantismo são constituidores do caráter psicológico presente na literatura romântica, discutido por Antonio Candido no parágrafo de citação já referenciado a cima.
    Os sentimentos de inconformismo social e as indagações em relação às normas já existentes na sociedade dão um novo tom à literatura romântica, tanto no conteúdo, quanto na composição e na forma.
    As temáticas e as indagações feitas pelos escritores românticos os aproximam do público leitor não somente por exprimirem a sua experiência individual, através do eu-lírico, mas por estarem influenciados pelas transformações políticas e culturais daquele momento histórico, e por isso representar uma síntese deste período, por meio de sentimentos, que de certa forma podem ser considerados, partilhados pelos contemporâneos daquela época. “Do testemunho pessoal”, estende-se “ao nacional e finalmente ao universal.” (CANDIDO e CASTELLO, 1976, p. 204).
    Este aspecto psicológico que deu um caráter mais maduro ao romance, colocado por Candido, se fez mais saliente a partir das obras produzidas na segunda geração da literatura romântica.
    Levando em consideração o caráter psicológico na literatura romântica, faz-se pertinente destacar a obra “Noite na Taverna” de Alvarez de Azevedo, pertencente à segunda geração romântica. Em “Noite na Taverna” é possível perceber, através das questões debatidas pelos personagens, os conflitos religiosos, ideológicos e culturais do ser humano em relação à complexidade do mundo. Um exemplo disso está em um trecho da obra onde o personagem, Bertran, questiona e julga a existência de Deus.
    No poema “Virgem Morta”, de mesmo autor, também é possível perceber as indagações do homem com sentimentos de desesperança e pessimismo diante do mundo.

    “Qu’ esperanças, meu Deus! E o mundo agora
    Se inunda em tanto sol no céu da tarde!
    Acorda, coração!... Mas no meu peito
    Lábio de morte murmurou – É tarde!” (BOSI, 1994, p. 112).

    Questionamentos esses também feitos por muitos outros indivíduos a si mesmos e em relação aos outros perante a complexidade do mundo e às perguntas sem respostas, como a questão da morte exposta neste poema.

    ResponderExcluir
  18. CONTINUAÇÃO - BIANCA PERES

    Pode-se evidenciar o caráter psicológico também na obra “Os escravos” de Castro Alves, pertencente à terceira geração romântica. Vale destacar um trecho do poema Vozes d'África, integrante da referida obra:

    “Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
    Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
    Embuçado nos céus?
    Há dois mil anos te mandei meu grito,
    Que embalde desde então corre o infinito...
    Onde estás, Senhor Deus?...”


    Neste poema de Castro Alves são perceptíveis os questionamentos referentes ao conflito da existência, da pequenez do homem diante da imensidão do mundo repleto de contrariedades e injustiças, entretanto com um caráter acentuado de crítica social.
    O Romantismo é um dos mais notáveis ciclos culturais por ter representado, além de um movimento artístico, uma transformação política e cultural.

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 33. Ed. São Paulo: Cultrix, 1994.
    CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: das origens ao romantismo. 7. Ed. Revista. Rio de Janeiro: Difel, 1976.
    CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981.

    Disponível em: http://www.brasilescola.com/literatura/castro-alvespoeta-dos-escravos. Consulta realizada em: 02/06/12 às 13h

    ResponderExcluir
  19. [Parte 1]

    Diversas foram as transformações ocorridas no Brasil no início do século XIX para que surgisse uma literatura mais brasileira: a vinda da família real portuguesa em 1808; importantes medidas políticas tomadas tendo em vista o desenvolvimento nacional; o incentivo à tipografia – o que implica a impressão de novos livros –; a mudança do eixo político-econômico-cultural de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, o qual representava o berço de um público consistente de leitores que nascia e, por fim, e mais relevante: a transição do império para a república. O desejo de ser independente tornava-se realidade. Os sentimentos de liberdade e independência de Portugal que permeavam os escritores dessa época tornaram as condições para o desenvolvimento da escrita Romântica favoráveis.
    A estética do Romantismo é vívida. Diferentemente do Arcadismo que, em traços gerais, busca formas clássicas e decorativas, o período Romântico busca a subjetividade, o eu, uma linguagem que traduza o sentimento de independência. Essa última teve três fases e durou quase um século. A primeira fase foi o chamado Indianismo; a segunda, o Byronismo (inspirada no Lord Byron) e, por fim, surgiu a geração Candoeira (que tem como símbolo o pássaro Condor). Antonio Candido em Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos 1750-1880, a respeito da transição da forma de fazer literatura atrelada às mudanças históricas que ocorriam no Brasil, escreveu:

    “seria impossível guardar as vantagens do universalismo e do equilíbrio clássico, sem asfixiar ao mesmo tempo a manifestação do espírito novo na pátria nova. Graças ao Romantismo, a nossa literatura pôde se adequar ao presente.” pg 327.

    Com tantas modificações políticas e sociais, tornava-se impossível manter o ideal clássico de forma representativa numa sociedade tão dinamizada pelas reformas. O Romantismo foi o canal que uniu o público à literatura. Quer-se fazer uma literatura brasileira, algo que caracterize o país, a nação; que represente a independência da Europa, tanto política-economicamente, como culturalmente. Surge, então, o sistema literário autor-obra-público, em que os escritores da época procuravam satisfazer aos desejos dos leitores, os quais buscavam se enxergar heróis e capazes de realizar grandes feitos atípicos. Como obra inaugural, a primeira fase Romântica tem como marco a obra Suspiros Poéticos e Saudade (1836), de Gonçalves de Magalhães.

    [Julia Castilho]
    [Continua]

    ResponderExcluir
  20. [Parte 2]


    Por conta do desejo do Brasil de uma autoafirmação como nação há de forma geral e especialmente nessa fase, uma superficialidade no quesito enredo e personagens. Ainda muito europeizados, não há grande profundidade nos componentes da trama, e também há a idealização da realidade, bem como do desfecho da história. Exemplo da superficialidade e do imaginário idealizado da primeira fase do Romantismo é O Guarani (1857), de José de Alencar, em que a relação entre índios e brancos se dá de maneira até amorosa, que é o que ocorre entre os personagens Peri e Cecília na saga. É o rapaz o herói da jovem portuguesa e, por ela, é capaz até de mudar sua religião, seus costumes e de submeter-se a escravidão. O índio é ressaltado de maneira sobre-humana, dotado de forças e talentos miraculosos. Há também a predominância do amor no enredo, como característica essencial. Observam-se alguns desses fatos nos trechos a seguir:

    “Peri estava de novo sentado junto de sua senhora quase inanimada: e,
    tomando-a nos braços, disse-lhe com um acento de ventura suprema:
    - Tu viverás!...
    Cecília abriu os olhos, e vendo seu amigo junto dela, ouvindo ainda suas
    palavras, sentiu o enlevo que deve ser o gozo da vida eterna.
    - Sim?... murmurou ela: viveremos!... lá no céu, no seio de Deus, junto
    daqueles que amamos!...
    O anjo espanejava-se para remontar ao berço.
    - Sobre aquele azul que tu vês, continuou ela, Deus mora no seu trono,
    rodeado dos que o adoram. Nós iremos lá, Peri! Tu viverás com tua irmã, sempre...!
    Ela embebeu os olhos nos olhos de seu amigo, e lânguida reclinou a loura fronte.
    O hálito ardente de Peri bafejou-lhe a face.
    Fez-se no semblante da virgem um ninho de castos rubores e límpidos
    sorrisos: os lábios abriram como as asas purpúreas de um beijo soltando o vôo.
    A palmeira arrastada pela torrente impetuosa fugia...
    E sumiu-se no horizonte.”

    No trecho destacado, ambos saíram de uma situação de risco e Peri salvou a vida de sua senhora, a apelidada Ceci. Com “hálito ardente” ele bafejava-lhe a face e ela retribuía com sorrisos “como as asas purpúreas de um beijo soltando o voo”. Fica evidente a atração amorosa que um tinha pelo outro, sendo um índio e, a outra, europeia, o que evidencia a relação idealizada entre colonizados e colonizadores. Por mais que tenha havido intrigas e até ameaças de mortes durante a saga, o amor dos dois prevalece e ambos desaparecem pelo horizonte numa “palmeira arrastada pela torrente impetuosa”.
    Por haver a necessidade de uma literatura abrasileirada, nacionalizada no momento histórico que o Brasil vivia não se cria uma grande profundidade psicológica nos personagens dos romances na primeira fase do Romantismo, de maneira geral. É esse um momento de criar os chamados “finais felizes”, ao invés de quebrar com a expectativa e levar os personagens a consequências não aceitáveis ao refletirem sobre seus atos. O questionamento comportamental e a avaliação psicológica se darão em momentos posteriores, com escritores como, por exemplo, Machado de Assis e Raul Pompéia.


    Referências:

    CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 13. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012.

    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultix, 2006.

    ROMANTISMO. IN: PORTAL São Francisco. Disponível em: < http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/romantismo/romantismo-1.php >. Acesso em: 04 de Junho de 2012.

    ROMANTISMO (primeira geração). IN: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural. Disponível em: < http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=definicoes_texto&cd_verbete=12164&cd_item=237&cd_produto=84 >. Acesso em: 04 de Junho de 2012.

    MITYE, Camila. TRÊS faces do Romantismo brasileiro. IN: BRASIL escola. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/literatura/romantismo-no-brasil.html >. Acesso em: 04 de Junho de 2012.


    [Julia Castilho]

    ResponderExcluir
  21. Romantismo
    Sirlei Schumacher
    [parte 1]
    Em 1822, ano da nossa independência política, a Europa já vivia o Romantismo e foi a partir deste que os nossos românticos se inspiraram, principalmente nos franceses. Os escritores usavam algumas características da literatura europeia e outras eram adaptadas à realidade brasileira da época. Foi nesse momento que conquistamos a nossa independência literária, criando-se o que se chama de “literatura nacional”, pois, foi devido ao Romantismo que a literatura brasileira acabou por adequar-se ao momento histórico do país.
    Algumas características o Romantismo:
    1)Liberdade de criação: o romântico se expressa através de uma atitude pessoal, individual e única, sem considerar mais os modelos clássicos.
    2)Sentimentalismo: sua maneira de analisar e expressar a realidade obedece ao sentimento, considerado como o grande valor da vida do indivíduo.
    3)Supervalorização do amor: o amor é considerado o valor supremo da vida. A perda do amor leva sempre à loucura, à morte ou ao suicídio.
    4)Nacionalismo: se expressa principalmente através da supervalorização da terra natal.
    5)Religiosidade: a vida espiritual e a crença em Deus são enfocadas como pontos de apoio diante das frustrações do mundo real.
    6)Mal-do-século: O romântico não se sente um indivíduo inteiro e sim uma “peça” da engrenagem social, onde perde sua individualidade. Isso faz com que o romântico busque a solidão, o gosto pela melancolia e pelo sofrimento.
    7)Evasão: o romântico sente-se deslocado no seu tempo e no seu espaço.
    Evasão no tempo: o romantico brasileiro recua até a época da descoberta e cria um dos traços marcantes do nosso Romantismo: o indianismo.
    Evasão no espaço: leva o Romantico a procurar paisagens novas, estranhas e exóticas.
    Evasão na morte: é encarada como solução definitiva para o chamado mal-do-século.
    8)Indianismo: a transformação do índio em herói literário obedeceu a saída possível que os escritores encontraram no sentido de buscar um típico representante daquilo que seria o homem brasileiro.
    [continua]

    ResponderExcluir
  22. Poema para análise:

    Se se morre de amor!

    Se se morre de amor! – Não, não se morre,
    Quando é fascinação que nos surpreende
    De ruidoso sarau entre os festejos;
    Quando luzes, calor, orquestra e flores
    Assomos de prazer nos raiam n’alma,
    Que embelezada e solta em tal ambiente
    No que ouve e no que vê prazer alcança!
    Simpáticas feições, cintura breve,
    Graciosa postura, porte airoso,
    Uma fita, uma flor entre os cabelos,
    Um quê mal definido, acaso podem
    Num engano d’amor arrebentar-nos.
    Mas isso amor não é; isso é delírio
    Devaneio, ilusão, que se esvaece
    Ao som final da orquestra, ao derradeiro
    Clarão, que as luzes ao morrer despedem:
    Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
    D’amor igual ninguém sucumbe à perda.
    Amor é vida; é ter constantemente
    Alma, sentidos, coração – abertos
    Ao grande, ao belo, é ser capaz d’extremos,
    D’altas virtudes, té capaz de crimes!
    Compreender o infinito, a imensidade
    E a natureza e Deus; gostar dos campos,
    D’aves, flores,murmúrios solitários;
    Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
    E ter o coração em riso e festa;
    E à branda festa, ao riso da nossa alma
    fontes de pranto intercalar sem custo;
    Conhecer o prazer e a desventura
    No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
    O ditoso, o misérrimo dos entes;
    Isso é amor, e desse amor se morre!
    Amar, é não saber, não ter coragem
    Pra dizer que o amor que em nós sentimos;
    Temer qu’olhos profanos nos devassem
    O templo onde a melhor porção da vida
    Se concentra; onde avaros recatamos
    Essa fonte de amor, esses tesouros
    Inesgotáveis d’lusões floridas;
    Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
    Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
    Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
    Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
    E, temendo roçar os seus vestidos,
    Arder por afogá-la em mil abraços:
    Isso é amor, e desse amor se morre!
    GONÇALVES DIAS. Se se morre de amor!In:Massaud Moisés (org.). A literatura brasileira através dos textos. 11.ed. São Paulo, Cultrix, 1984. p.113-4.
    O poema apresenta algumas características importantes do Romantismo que são: a supervalorização do amor, a religiosidade, a natureza vista como um prolongamento do “eu” do poeta, o cultivo da solidão, da tristeza da melancolia. O poeta expõem seus sentimentos, solta a emoção. O poeta não se preocupa com a forma: os versos tem tamanhos diferentes quanto ao número de sílabas e não se constatam rimas finais.



    Referências:

    Franco & Moura, Literatura Brasileira. p. 59-100.
    CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 13. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012.
    http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/literatura010.asp
    http://blogdospoetas.com.br/poemas/se-se-morre-de-amor/
    [Sirlei Schumacher]

    ResponderExcluir
  23. [PRIMEIRA PARTE - LILIAN CANEZ]

    O movimento romântico inicia-se, nas literaturas inglesa e alemã, já na segunda metade do século XVIII, estendendo-se depois pelas literaturas europeias e americanas.
    No Brasil, a implantação do Romantismo é um tanto tardia em relação às suas fontes europeias, razão por que a onda romântica se prolongou entre nós através da segunda metade do século XIX. Mais exatamente, pode-se dizer que o Romantismo brasileiro se instaura com a publicação, em 1836, do livro Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães.
    Uma vez instalado, o Romantismo se desdobraria através de grupos, tendo permanecido influente e forte até os fins dos anos 60 do século XIX, quando começa a perder terreno para o estilo subsequente, o Realismo.
    É possível admitir a existência de três grupos de escritores românticos, cada um deles com um traço característico:

    Primeiro grupo: surge nas décadas de 1830 e 1840, a ele se devendo tanto as medíocres realizações inaugurais quanto as bem-sucedidas criações indianistas em poesia. Seus principais autores são: Porto alegre, Gonçalves de Magalhães, Teixeira e Sousa, Martins Pena, Joaquim Manuel de Macedo, Gonçalves Dias.

    Segundo grupo: marca a década de 1850. Em poesia, é o momento do ultrarromantismo, tanto sentimental quanto humorístico e irreverente; na prosa de ficção, ocorre a afirmação do romance. Seus principais representantes são: Bernardo Guimarães, José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela.

    Terceiro grupo: assinala as décadas de 1860 e 1870, fechando o ciclo romântico. Empenha-se no engajamento da literatura nas grandes lutas sociais e políticas da época (liberalismo, abolição, república). Seus escritores mais importantes são: França Junior, Tobias Barreto, Franklin Távora, Alfredo d’Escragnole Taunay, Castro Alves.

    ResponderExcluir
  24. [SEGUNDA PARTE - LILIAN CANEZ]

    “A língua é a nacionalidade do pensamento como a pátria é a nacionalidade do povo”, dizia José de Alencar, o maior romancista brasileiro. Com efeito, os românticos preocupam-se muito em “nacionalizar” a linguagem literária, isto é, em usar cada vez mais na Literatura a língua portuguesa conforme falada no Brasil, e não segundo a modalidade falada em Portugal.

    Veremos um trecho de Iracema, José de Alencar.

    “Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu.”

    Na descrição do primeiro encontro entre Martim e Iracema, a índia está dormindo após ter se banhado e acorda com um ruído que o deslumbrado Martim produzira. O amor do colonizador e da índia está sempre perto do sono – como na cena da perda da virgindade – e, nesse caso, duplamente próximo do sono, uma vez que Martim é flechado por Iracema e fica à beira da morte, entregue aos braços protetores da amada. Iracema é como a deusa Diana, que, ao ser flagrada nua por Ácteon, castiga violentamente o furtivo visitante. Mas é ainda uma Diana às avessas, uma vez que o castigo de Martim é também uma bênção. Um amor tão intenso só poderia nascer de forma equivalente. O platonismo da situação é evidente, e a flecha de Iracema é como a flecha de Cupido, símbolo de um amor fatal.


    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 13. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012.

    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultix, 2006.

    JOBIM, José Luís. Iniciação à literatura Brasileira. Rio de Janeiro, 1987.

    ResponderExcluir
  25. O CARÁTER PSICOLÓGICO DAS OBRAS DO ROMANTISMO

    Em sua análise, Antonio Candido comenta sobre o caráter psicológico das obras do romantismo. Ele fala que os personagens dos romances são um espelho dos nossos sentimentos e conflitos, e que através desses personagens temos retratados nossos medos, inseguranças e dores.
    Uma obra do romantismo que reflete claramente esse espelho que o personagem romântico é para nós é A Escrava Isaura de Bernardo Guimarães. No texto, podemos identificar os temas da escravidão e do abolicionismo, que foram de grande importância para nossa história, e que também minaram durante séculos as emoções do nosso povo, como podemos observar no trecho abaixo:

    “- Mas, senhora, apesar de tudo isso, que sou eu mais do que
    uma simples escrava? Essa educação, que me deram, e essa beleza, que
    tanto me gabam, de que me servem?... são trastes de luxo colocados na
    senzala do africano. A senzala nem por isso deixa de ser o que é: uma
    senzala.”

    Podemos notar, também na mesma obra, a possibilidade que era oferecida ao público feminino em relação a uma “fuga” do mundo real, pois, na época, as mulheres ainda não tinham conquistado nem o pequeno espaço que há hoje para elas na sociedade. Manuel Cavalcanti Proença ressalta que:


    Numa literatura não muito abundante em manifestação abolicionista, é obra de muita importância, pelo modo sentimental como focalizou o problema, atingindo principalmente o público feminino, que encontrava na literatura de ficção derivativo e caminho de fuga, numa sociedade em que a mulher só saía à rua acompanhada e em dias pré-estabelecidos; o mais do tempo ficava retida em casa, sem trabalho obrigatório, bordando, cosendo e ouvindo e falando mexericos, isto é, enredos e intrigas, como se dizia no tempo e ainda se diz neste romance.

    •http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo_no_Brasil#Caracter.C3.ADsticas
    •http://fredb.sites.uol.com.br/eisaura.html
    •http://www.superdownloads.com.br/download/191/escrava-isaura-bernardo-guimaraes/

    Aline Morales

    ResponderExcluir
  26. Romantismo
    O Romantismo teve inicio no fim século XVIII, inicio do século XIX na Alemanha, França e Inglaterra, marcados por dois acontecimento histórico a revolução industrial e francesa, a vida social estava dividida entre a burguesia industrial e o surgimento da classe operária. Na ocasião, a sociedade se reorganizava e as classes sociais criavam ou redefiniam suas visões da existência e do mundo. Em comum, essas duas classes sociais têm a insatisfação e o inconformismo com a realidade, o que permite compreender muitos traços subjacentes ao movimento romântico. A visão de mundo que privilegia o sujeito ou o subjetivismo, elemento essencial ao pensamento romântico, é uma manifestação de amor à liberdade do próprio romantismo, na medida em que constitui uma afirmação dos valores individuais em oposição às normas sociais. É também uma forma de oposição aos valores neoclássicos dos séculos anteriores, cujo racionalismo artístico passou a ser desprezado em favor de um emocionalismo e de um misticismo (este último, por sua vez, ostenta a religião cristã em oposição à mitolologia clássica, que tinha sido revalorizada durante século 18).
    No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, logo após a independência nasce o Romantismo brasileiro. Os escritores Araújo Porto Alegre, Sales Torres Homem, Pereira da Silva e Domingos José Gonçalves de Magalhães resolveram escrever uma revista com temas de interesse nacional. Nesse momento nasce a Niterói, Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes, que trazia a epígrafe: “Tudo pelo Brasil e para o Brasil”. Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria; na realidade, características já cultivadas na Europa e que se encaixavam perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar profundas crises sociais, financeiras e econômicas.
    O termo romântico refere-se ao movimento estético ou, em um sentido mais amplo, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.
    O Romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na saudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais. Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos. , o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.

    ResponderExcluir
  27. O romantismo seria dividido em 3 gerações:
    A 1ª Geração do Romantismo teve como principal escritor o maranhense Gonçalves Dias. Ele, apesar de não ter introduzido o gênero no Brasil, foi o responsável pela consolidação da literatura romântica.
    A exaltação da natureza, à volta ao passado histórico e a idealização do índio como representante da nacionalidade brasileira são temas típicos do Romantismo presentes nas obras de Gonçalves Dias. Assim, sua obra poética pode ser dividida basicamente em lírica (o amor, o sofrimento e a dor do homem romântico – “Se se morre de amor”), medieval (uso do português arcaico) e nacionalista (exaltação da pátria distante – tem como exemplo “Canção do Exílio”).
    Gonçalves Dias
    Nascido no Maranhão, era filho de uma união não oficializada entre um comerciante português com uma mestiça cafuzabrasileira (o que muito o orgulhava de ter o sangue das três raças formadoras do povo brasileiro: branca, indígena e negra), e estudou inicialmente por um ano com o professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrituração da loja de seu pai, que veio a falecer em 1837.
    Iniciou seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835 quando foi matriculado em uma escola particular. Foi estudar na Europa, em Portugal em 1838 onde terminou os estudos secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Por se achar tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a Canção do exílio.

    Poesia – Canção de exílio
    Minha terra tem palmeiras,
    Onde canta o Sabiá;
    As aves, que aqui gorjeiam,
    Não gorjeiam como lá.

    Nosso céu tem mais estrelas,
    Nossas várzeas têm mais flores,
    Nossos bosques têm mais vida,
    Nossa vida mais amores.

    Em cismar, sozinho, à noite,
    Mais prazer encontro eu lá;
    Minha terra tem palmeiras,
    Onde canta o Sabiá.

    Minha terra tem primores,
    Que tais não encontro eu cá;
    Em cismar — sozinho, à noite —
    Mais prazer encontro eu lá;
    Minha terra tem palmeiras,
    Onde canta o Sabiá.

    Não permita Deus que eu morra,
    Sem que eu volte para lá;
    Sem que desfrute os primores
    Que não encontro por cá;
    Sem qu'inda aviste as palmeiras,
    Onde canta o Sabiá.

    Na canção do exilio podemos encontrar algumas características:
    Natureza interagindo com o eu lírico
    A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momento narrado, a natureza interage com o eu-lírico, funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta.
    Nacionalismo
    Surge a necessidade de criar uma cultura genuinamente brasileira. Como uma forma de publicidade do Brasil, os autores brasileiros procuravam expressar uma opinião, um gosto, uma cultura e um jeito autênticos, livres de traços europeus.
    O culto à natureza
    Com a busca de uma cultura naturalmente brasileira surge o culto ao natural. Passava-se a observar o ambiente natural como algo divino e puro.

    ResponderExcluir
  28. 2ºgeração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e certo gosto pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada, mas a felicidade não era atingida. O tema que fascinou os escritores da segunda geração romântica brasileira foi a morte. Nas obras dos escritores desse período está presente uma visão negativa do mundo e da sociedade, onde expressam seu pessimismo e sentimento de inadequação à realidade, pois viviam uma vida desregrada, dividida entre os estudos acadêmicos, o ócio, os casos amorosos e a leitura de obras literárias.
    A segunda geração, também conhecida como ultrarromantismo, encontra no Brasil discípulos fervorosos, que diante do amor apresentam uma visão dualista, envolvendo atração e medo, desejo e culpa. Em seus poemas, a imagem de perfeição feminina apresenta os traços de morte, condenando implicitamente qualquer forma de manifestação física do amor. Temos como exemplo: poesia – Lembranças de Morrer de Álvares de Azevedo.

    Álvares de Azevedo
    Manuel Antônio Álvares de Azevedo (São Paulo, 12 de setembro de 1831 — Rio de Janeiro, 25 de abril de 1852) foi um escritor da segunda geração romântica (Ultra Romântica, Byroniana ou Mal do Século), contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro, filho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Mota Azevedo, passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos. Voltou a São Paulo (1847) para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde desde logo ganhou fama por brilhantes e precoces produções literárias. Não chegou a concluir o curso, pois, adoeceu de tuberculose pulmonar — porém o que deu fim real a sua vida foi um tumor na fossa ilíaca que piorou depois de sua queda de cavalo, aos 20 anos.

    Poesia – Lembranças de Morrer
    Quando em meu peito rebentar-se a fibra
    Que o espírito enlaça à dor vivente,
    Não derramem por mim nem uma lágrima
    Em pálpebra demente.

    E nem desfolhem na matéria impura
    A flor do vale que adormece ao vento:
    Não quero que uma nota de alegria
    Se cale por meu triste passamento.

    Eu deixo a vida como deixa o tédio
    Do deserto, o poento caminheiro
    — Como as horas de um longo pesadelo
    Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

    Como o desterro de minh'alma errante,
    Onde fogo insensato a consumia:
    Só levo uma saudade — é desses tempos
    Que amorosa ilusão embelecia.

    Só levo uma saudade — é dessas sombras
    Que eu sentia velar nas noites minhas...
    De ti, ó minha mãe, pobre coitada
    Que por minha tristeza te definhas!

    De meu pai... de meus únicos amigos,
    Poucos — bem poucos — e que não zombavam
    Quando, em noite de febre endoudecido,
    Minhas pálidas crenças duvidavam.

    Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
    Se um suspiro nos seios treme ainda
    É pela virgem que sonhei... que nunca
    Aos lábios me encostou a face linda!

    Só tu à mocidade sonhadora
    Do pálido poeta deste flores...
    Se viveu, foi por ti! e de esperança
    De na vida gozar de teus amores.

    Beijarei a verdade santa e nua,
    Verei cristalizar-se o sonho amigo....
    Ó minha virgem dos errantes sonhos,
    Filha do céu, eu vou amar contigo!

    Descansem o meu leito solitário
    Na floresta dos homens esquecida,
    À sombra de uma cruz, e escrevam nelas
    — Foi poeta — sonhou — e amou na vida.—

    Sombras do vale, noites da montanha
    Que minh'alma cantou e amava tanto,
    Protegei o meu corpo abandonado,
    E no silêncio derramai-lhe canto!

    Mas quando preludia ave d'aurora
    E quando à meia-noite o céu repousa,
    Arvoredos do bosque, abri os ramos...
    Deixai a lua prantear-me a lousa!

    ResponderExcluir
  29. Lembranças de Morrer podemos encontrar algumas características:
    Mal do Século
    Essa geração, também conhecida como Ultra-Romantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
    Idealização
    Empolgado pela imaginação, exagerando em algumas em suas características, a mulher é vista como uma virgem frágil.
    Sentimentalismo exacerbado
    Os sentimentos dos personagens entram em foco. O autor passa a usar a literatura como forma de explorar sentimentos comuns à sociedade, como: o amor, a paixão etc. O sentimentalismo geralmente implica na exploração da temática amorosa e nos dramas de amor. O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo relatado.Emoção acima de tudo.

    A 3ª geração é também conhecida como “O condoreirismo”, os poetas dessa geração apresentam estilo grandioso ao tratarem de temas sociais, eram comprometidos com a causa abolicionista e republicana desenvolvendo, assim, a poesia social. Temos como exemplo a Senhora de José de Alencar.
    José de Alencar
    José Martiniano de Alencar (Messejana, 1 de maio de 1829 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1877) foi um jornalista, político, advogado, orador, crítico, cronista, polemista, romancista e dramaturgo brasileiro.Formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária no Correio Mercantil e Diário do Rio de Janeiro. Foi casado com Ana Cochrane. Filho do senador José Martiniano Pereira de Alencar.

    Senhora é um romance clássico, narra a historia de Aurélia Camargo e Fernando Seixas. Aurélia moça pobre é rejeitada por Fernando.
    Jose de Alencar procura retratar o modo de falar da aristocracia e da burguesia em ascensão por meio de dialogo bem-feitos.
    [...]
    “- Tomei a liberdade de incomodá-lo, meu tio para falar-lhe de objeto muito importante para mim”.
    - Ah!Muito importante?...Repetiu o velho, batendo a cabeça.
    - De meu casamento!Disse Aurélia com maior frieza e serenidade.
    [...]
    Em contraposição o autor utiliza uma linguagem metafórica e abundantemente adjetiva, ate mesmo nas passagens em que pretende demonstrar certo realismo. É exemplo disso a descrição que Alencar faz de Aurélia.
    [...]
    “Era uma expressão fria, pausada, inflexível, que jaspeava sua beleza, dando-lhe quase a gelidez da estátua. Mas nos lampejos de seus grandes olhos pardos brilhavam as irradiações da inteligência. Operava-se nela uma revolução. O principio vital da mulher abandonava seu foco natural, o coração, para concentrar-se no cérebro, onde residem as faculdades especulativas do homem”.
    [...]
    De acordo com o tema principal abordado no livro podemos afirmar que o tipo de tendência pode ser classificado como um romance urbano, pois este mostra temas ligados à cidade e a sociedade em geral.
    .

    Senhora trata-se de uma critica aos costumes da sociedade burguesa, esta obra traz consigo características de uma sociedade voltada ao lucro que de certa forma realizava os casamentos baseados em interesses econômicos e não no amor conjugal. As intrigas de amor, desigualdades econômicas, com a vitória do amor (que tudo apaga), são marcas dos romances de Jose de Alencar, que aos moldes dos europeus terminam com final feliz.
    Podemos ainda notar nesta obra diversas características do Romantismo:
    Como a idealização da mulher e a valorização do amor conjugal.

    ELIANI LUDWIG

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo
    http://albumdeliteratura.vilabol.uol.com.br/archive.htm
    http://www.brasilescola.com/literatura/romantismo.htm
    http://www.mundoeducacao.com.br/literatura/romantismo-no-brasil.htm

    ResponderExcluir
  30. Romantismo no Brasil
    FABIANE ROSA
    O Romantismo no Brasil predominou por quase 50 anos, teve seu marco inicial em 1836 com o desenvolvimento máximo em torno de 1850 e 1860 declinando acentuadamente após 1870, quando o Realismo começou a dominar a criação artística do país, porém ele ainda persistiu até 1880.
    A instauração desse movimento no Brasil coincide com o processo de afirmação da independência do país. Os ideais políticos, artísticos e sociais dessa corrente literária vinham de encontro com as aspirações de criar uma consciência nacional. O Romantismo significou a fundação de uma literatura propriamente brasileira. Esse projeto romântico constitui, basicamente, na intenção de dotar o país de uma literatura que expressasse aquilo que tínhamos de típico, que fosse diferente de qualquer outro país. Ao mesmo tempo, uma literatura que pudesse ser comparada a outros países europeus sem quaisquer desvantagens.
    Como o Romantismo teve um período de longa duração, houve muitos escritores sobre sua influencia. Autores esses que apresentavam muitas diferenças e semelhanças entre si. Por isso com base principalmente nas diferenças, podemos agrupá-los em três gerações.
    A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes.
    A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
    A terceira geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do social e influenciador dessa geração.
    Essas três gerações referem-se à poesia romantica, pois no Brasil a prosa não foi marcada por gerações e sim por estilos os quais foram: Indianistas, Urbano ou Regional.

    ResponderExcluir
  31. Continuação....
    Vejamos agora fragmento de uma das principais obras de Romantismo Brasileiro – A Viuvinha – José de Alencar.
    “... Na manhã seguinte, às 9 horas, Dona Maria e o senhor Almeida conversavam
    amigavelmente na sala de jantar, onde acabavam de servir o almoço.
    O velho negociante, depois da entrevista com o filho de seu amigo, não
    se cabia de contente e viera preparar a mãe e a filha para mais tarde
    receberem a noticia inesperada, que era ainda um segredo, só conhecido
    de duas pessoas. O assunto era melindroso e a sua habilidade comercial
    nada adiantava em negócios de coração; não sabia por onde começar.
    Nisto, Dona Maria chamou sua filha.
    - Vem almoçar, Carolina.
    - Já vou, mamãe, respondeu a menina, do seu quarto, estou à espera de
    Jorge.
    A pobre mãe julgou que sua filha tinha enlouquecido e ergueu-se
    precipitadamente para correr a ela. Mas a porta abriu-se e Carolina
    entrou pelo braço de seu marido.
    Desmaio, espanto, surpresa e alegria, passo por tudo isto, que a senhora
    imagina melhor do que eu posso descrever.
    Depois do almoço, Jorge e sua mulher, passeando no jardim, pararam junto
    ao lugar onde haviam estado na véspera.
    - Aqui!... disse a menina, sorrindo entre o rubor.
    - Foi o meu segundo berço! replicou Jorge.
    - Por que dizes berço?
    - Porque nasci aqui para esta vida nova. Oh! tu não sabes!... Depois que
    reabilitei o nome de meu pai e o meu, ainda me faltava uma condição para
    voltar ao mundo.
    - Qual era?
    - A tua felicidade, o teu desejo. Se tivesses esquecido teu marido para
    amar-me sem remorso e sem escrúpulo, eu estava resolvido... a fugir-te
    para sempre!
    - Mau!... se eu te deixasse de amar, não era para amar-te ainda?... Ah!
    Não terias ânimo de fugir-me.
    - Também creio.
    Jorge e sua mulher são hoje nossos vizinhos; têm uma fazenda
    perfeitamente montada. Para evitar a curiosidade importuna e indiscreta,
    haviam imediatamente abandonado à corte.
    A boa Dona Maria já está bastante velha. O senhor Almeida partiu há seis
    meses para a Europa, tendo feito o seu testamento, em que instituiu
    herdeiros os filhos de Jorge.
    Carlota é amiga íntima de Carolina. Elas acham ambas um ponto de
    semelhança na sua vida; é a felicidade depois de cruéis e terríveis
    provanças. As nossas famílias se visitam com muita freqüência; e posso
    dizer-lhe que somos uns para os outros a única sociedade.
    Isto lhe explica, Dona.., como soube todos os incidentes desta história.”
    Esta obra de Alencar trata-se de um romance urbano que tem como caracteristica retratar e criticar alguns comportamentos burguese da época, há tambem uma grande exaltação do país. Outras caracteristicas do Romantismo que estão presente nesta obra são, a idealização da figura feminina, o sentimentalismo, a supervalorização do amor.
    Referências bibliograficas:
    ABDALA Jr Benjamim, CAMPEDELLI, Samira Youssef, Tempos da Literatura Brasileira. Sao Paulo: Atica, 1985.
    BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo, Cultrix, 1970.
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo_no_Brasil
    http://virtualbooks.terra.com.br
    FABIANE ROSA

    ResponderExcluir
  32. Estou plubicando novamente o primeiro parágrafo que ficou sem uma parte na hora de passar postar no blog:
    "O Romantismo no Brasil predominou por quase 50 anos, teve seu marco inicial em 1836 com a publicação dos Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves Magalhães. Obteve seu com o desenvolvimento máximo em torno de 1850 e 1860 declinando acentuadamente após 1870, quando o Realismo começou a dominar a criação artística do país, porém ele ainda persistiu até 1880."

    Fabiane Rosa

    ResponderExcluir
  33. No Romantismo, o eu artístisco se impunha de forma radicalmente emotiva. A realidade era trazida da percepção do poeta romântico que, profundamente idealizador e insatisfeito buscava a fuga na arte revolucionária ou na morbidez poética.
    “Pensamento gentil de Paz eterna.
    Amiga morte,vem.Tu és o termo
    De dois fantasmas que a existência formam,
    -Dessa alma vã e desse corpo enfermo.”
    ( Junqueira Freire )
    O escapismo,a fuga, se mostrou em sensações como o desejo pela morte, o culto a solidão, como forma de atravessar a insatisfação do poeta .Era traduzida em situações limites como a embriaguez, o culto a morte, o predomínio do sonho e imaginação e a boemia sem limites.
    Esses traços serviam para ilustrar a posição do homem burguês, que buscando uma arte que mostrasse seus anseios, encontra sua expressão no individualismo ,que originou uma poesia profundamente introvertida caracterizada pelo “mal do século”. (Thamires Marchezini)

    ResponderExcluir
  34. Adelita Vimes Rodrigues
    O Romantismo no Brasil
    Com embasamento nas leituras de Antônio Candido e levando em conta o período denominado romantismo que teve seu caráter primor nos anos de 1836, onde novas ideias românticas são divulgadas, devemos reconhecer que já se percebiam certas características românticas em outras obras e autores anteriores, além de alguns fatos que contribuíram para a formação de um ambiente propicio ao desenvolvimento e aceitação das ideias românticas. A influência do romantismo foi também muito importante na língua literária, reivindicando a liberdade de expressar as peculiaridades e as diferenças da fala brasileira, alguns autores procuraram criar o que se poderia chamar de “estilo literário brasileiro”, isto é, um modo de sujeitar a língua brasileira à sensibilidade brasileira.
    O Romantismo no Brasil se revestiu de características próprias, coincidindo com a nossa época de autonomia política, acabou tornando-se uma espécie de estilo da vida cultural do país, considerando o escritor um porta- voz, não só da sensibilidade popular como também dos anseios políticos e sociais da coletividade, essa identificação sentimental e emotiva entre o autor e o publico que tornou o romantismo um dos mais populares movimentos literários da nossa história. (Douglas Tufano)
    No texto “Nacionalismo literário” de Antonio Candido, nos diz que “há na pesquisa psicológica uma certa malicia e uma certa dor que levam o romancista a esquadrinhar a composição dos atos e pensamentos”, em entendimento próprio faço o seguinte comentário a cerca do assunto: Que o autor romântico viveu e escreveu suas obras num momento histórico onde os sentimentos estavam a flor da pele, o subjetivismo deu lugar ao individualismo, foi na época do “mal do século”,os jovens morriam com a maldita tuberculose sem viver as coisas boas da vida, então dedicavam seu curto tempo de vida, com a doença assolando seus corpos a expressar seus sentimentos e imaginação escrevendo contos, poemas e romances fortemente munidos de melancolia, dor, idealização do amor perfeito e cultivando o lirismo simples e com muita ingenuidade.
    Para sustentar minha tese comentarei brevemente a vida e obra de Casimiro de Abreu, poeta romântico da segunda geração, dono de rimas cantantes, ao gosto do publico, Casimiro publicou apenas um livro “ As primaveras” (1859), filho de rico comerciante, estudou em Portugal entre 1853 e 1857 onde sua vocação literária mostrou-se durante sua vida acadêmica, iniciou-se como poeta e dramaturgo na peça “ Camões e Jau”, nela o autor proclama sua brasilidade, a saudade dos trópicos e refere-se a Portugal como “velho caduco”, de volta ao Brasil teve uma “vida prosaica... que enfraquece e mata a inteligência”. Nasceu em 1837 e morreu aos 21 anos de tuberculose no estado do Rio de janeiro. Seu poema mais famoso “meus oito anos”, da segunda geração romântica brasileira, Casimiro de Abreu cultivava o lirismo simples e ingênuo, seus temas dominantes foram o amor e a saudade, criticado por deslizes de linguagem e falta de embasamento filosófico, foi admirado justamente pela

    ResponderExcluir
  35. Adelita Vimes cont.
    simplicidade. Sua pequena obra poética, porem deixou-nos de forma marcante a poesia da saudade.
    Uma panorâmica analise do poema “ meus oito anos”.
    MEUS OITO ANOS
    Oh! que saudades que tenho
    Da aurora da minha vida,
    Da minha infância querida
    Que os anos não trazem mais!
    Que amor, que sonhos, que flores,
    Naquelas tardes fagueiras
    À sombra das bananeiras,
    Debaixo dos laranjais!
    Como são belos os dias
    Do despontar da existência!
    — Respira a alma inocência
    Como perfumes a flor;
    O mar é — lago sereno,
    O céu — um manto azulado,
    O mundo — um sonho dourado,
    A vida — um hino d'amor!
    Que aurora, que sol, que vida,
    Que noites de melodia
    Naquela doce alegria,
    Naquele ingênuo folgar!
    O céu bordado d'estrelas,
    A terra de aromas cheia
    As ondas beijando a areia
    E a lua beijando o mar!
    Oh! dias da minha infância!
    Oh! meu céu de primavera!
    Que doce a vida não era
    Nessa risonha manhã!
    Em vez das mágoas de agora,
    Eu tinha nessas delícias
    De minha mãe as carícias
    E beijos de minha irmã!
    Livre filho das montanhas,
    Eu ia bem satisfeito,
    Da camisa aberta o peito,
    — Pés descalços, braços nus
    — Correndo pelas campinas
    A roda das cachoeiras,
    Atrás das asas ligeiras
    Das borboletas azuis!
    Naqueles tempos ditosos
    Ia colher as pitangas,

    ResponderExcluir
  36. Adelita Vimes cont.

    Trepava a tirar as mangas,
    Brincava à beira do mar;
    Rezava às Ave-Marias,
    Achava o céu sempre lindo.
    Adormecia sorrindo
    E despertava a cantar!
    ................................
    Oh! que saudades que tenho
    Da aurora da minha vida,
    Da minha infância querida
    Que os anos não trazem mais!
    — Que amor, que sonhos, que flores,
    Naquelas tardes fagueiras
    À sombra das bananeiras
    Debaixo dos laranjais!

    Nesse poema fica claro a saudade da infância, como o próprio nome do poema “meus oito anos”, a falta que ele sente dos sonhos, das flores, à sombra das árvores frutíferas e que os anos não trazem mais...
    “ O mar é — lago sereno,
    O céu — um manto azulado,
    O mundo — um sonho dourado,
    A vida — um hino d'amor!”

    Nesses versos onde ele fala da serenidade do mar, do azul do céu, do sonho dourado que é o mundo, do hino d’ amor que é a vida, você nota que ele fala de uma criança que vê o mundo com olhos tão ingênuos onde tudo é lindo, tudo é perfeito...

    “Naqueles tempos ditosos
    Ia colher as pitangas,
    Trepava a tirar as mangas,
    Brincava à beira do mar;”

    Os tempos ditosos, ia colher pitangas... sim, coisas de criança... brincar à beira do mar... nada mais saudoso que isso, Casimiro relata um tempo em que foi muito feliz, nos seus oito anos... tempo que o tempo levou e não traz mais, coisas simples do cotidiano mas que trazem muita saudade, e é tudo que ele tem agora.

    Bibliografia: CANDIDO, Antonio, Formação da literatura Brasileira, (momentos decisivos)
    TUFANO, Douglas, estudos da literatura brasileira, 2º edição.
    WWW.paralerepensar.com.br

    ResponderExcluir
  37. Fui procurar minha postagem hoje para editá-la e não a achei no blog, sendo que a postei dentro do prazo, na segunda-feira dia 4/06. Estou postando novamente a primeira versão:

    Em busca da quebra da razão, anteriormente encontrada na literatura brasileira, o romantismo propõe um "agir segundo a emoção", expressar-se e exagerar na exposição dos sentimentos através das obras.
    O personagem, na maioria da vezes, mostra-se inquieto, sofrendo por amor e questionando o por quê de a vida ter agido de tal forma com ele. Ao agir assim, ele auxilia na libertação de um sentimento sufocado, perdido na mente mas que agora aflora.
    A exaltação nacionalista também está muito presente no Romantismo brasileiro. De acordo com Antônio Cândido, para que haja de fato literatura é preciso escritores conscientes de seu papel, capazes de consolidarem uma obra que estimule a formação de um público, de modo que com esses três elementos se promova a "continuidade literária" (CANDIDO, pag.24), isto é, que não haja um afastamento com o público. Com base nisso, afirma Moreira Leite(1979) "já não se tratava de conseguir a independência política, mas de consolidá-la através de elementos característicos e distintivos do país, bem como de um sentimento fundamental de fidelidade à pátria às suas tradições" (pag. 43)


    Como obra romântica, podemos citar "A Lira Quebrada" de Gonçalves Dias:

    Uma febre, um ardor nunca apagado,

    Um querer sem motivo, um tédio à vida,

    Sem motivo também – caprichos loucos,

    Anelo doutro mundo e doutras coisas

    Desejar coisas vãs, viver de sonhos,

    Correr após um bem logo esquecido,

    Sentir amor e só topar frieza,

    Cismar venturas e encontrar só flores.

    Essa poesia retrata claramente os sentimentos e sofreres do eu-lírico


    CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 13. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012.

    MOREIRA LEITE, Dante. Romantismo e Nacionalismo. O amor romântico e outros temas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1979.

    ResponderExcluir
  38. Trabalho sobre "Romantismo-Citação de Antonio Candido".


    O fundo psicológico no Romance brasileiro
    As ‘pesquisas psicológicas’, da qual fala Antônio Cândido, são contrárias ao herói estereotipado mostrado em Iracema, Peri. Herói este, que supre as necessidades da época, da criação de um imaginário sobre a identidade nacional.
    Essas tramas psicológicas trazidas por Machado de Assis e Raul Pompéia desidealizam o personagem central e o enriquecem. Este, torna-se humano, pois age de acordo com falhas e fraquezas que o tocam de maneira à guiar suas ações. Essa influência se dá sob a filosofia de Russeau que prega que o ser humano nasce bom, e é corrompido na sociedade.No Romance vemos então personagens como Bentinho, que é atormentado por uma suposta traição de sua esposa e remonta sua vida na velhice, narrando suas lembranças, para tentar remontar os fatos passados e assim justificar seus atos.
    Já Raul Pompéia remonta sua trajetória quando menino em um colégio interno, na qual refletia a sociedade e suas hipocrisias e como ele foi influenciado por esta experiência no internato.
    Vemos a partir daí a tendência do anti-herói, um personagem que apesar de suas falhas morais, é na essência bom. Suas falhas são justificadas para o leitor dentro da narrativa psicológica, este identifica-se com o lado humano do personagem, oque torna o romance psicológico uma reflexão profunda do homem em interação com a sociedade, e então nos leva a pensar esta, como as relações humanas influenciam-se umas as outras. Essa relação profunda do sujeito em sua narrativa causou o triunfo do Romance.
    (Thamires Marchezini)

    ResponderExcluir