terça-feira, 19 de junho de 2012

Parnasianismo - Simbolismo

Cite uma obra parnasiana em que a premissa da "arte pela arte" se apresenta de maneira clara.
Cite uma obra simbolista na qual se evidencia uma busca do transcendente ao lado do sentimento trágico da existência.
Não esqueça de colocar as fontes consultadas e também realizar a devida pesquisa histórica para apresentar a obra no seu contexto de produção/publicação.

30 comentários:

  1. PARNASIANISMO

    E um dia assim! de um sol assim! E assim a esfera
    Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
    Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
    Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
    Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...

    BILAC, Olavo. IN EXTREMIS. Poesias. ed.1.São Paulo,1888.

    REFERÊNCIAS:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_Bilac
    http://www.lpm-editores.com.br/livros/Imagens/antologia%20olavo%20bilac.pdf
    http://www.revista.agulha.nom.br/saz01.html

    SIMBOLISMO

    ACROBATA DA DOR

    Gargalha, ri, num riso de tormenta,
    Como um palhaço, que desengonçado,
    Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
    De uma ironia e de uma dor violenta.

    Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
    Agita os guizos, e convulsionado
    Salta, gavroche, salta clown, varado
    Pelo estertor dessa agonia lenta...

    Pedem-te bis e um bis não se despreza!
    Vamos! retesa os músculos, retesa
    Nessas macabras piruetas d'aço...

    E embora caias sobre o chão, fremente,
    Afogado em teu sangue estuoso e quente
    Ri! Coração, tristíssimo palhaço.

    SOUZA, Cruz e. Acrobata da dor. Broquéis, 1893. Rio de Janeiro: Livraria Moderna.

    REFERÊNCIAS:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_e_Sousa
    http://www.psbnacional.org.br/bib/b120.pdf
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Livraria_Moderna

    [Aline Morales]

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  2. Parnasianismo
    Língua Portuguesa
    Última flor do Lácio, inculta e bela,
    És, a um tempo, esplendor e sepultura:
    Ouro nativo, que na ganga impura
    A bruta mina entre os cascalhos vela
    Amo-se assim, desconhecida e obscura
    Tuba de algo clangor, lira singela,
    Que tens o trom e o silvo da procela,
    E o arrolo da saudade e da ternura!
    Amo o teu viço agreste e o teu aroma
    De virgens selvas e de oceano largo!
    Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
    Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
    E em que Camões chorou, no exílio amargo,
    O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
    Olavo Bilac, in "Poesias"
    Referencias:
    http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/parnasianismo
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Parnasianismo
    http://www.citador.pt/poemas/lingua-portuguesa-olavo-bilac

    Simbolismo
    “LENDA DOS CAMPOS
    Por uma doirada tarde azul, em que os rios, após as chuvas torrenciais, sonorizam cristalinamente os bosques, os camponeses de uma vila risonha, numa unção bíblica, conduziam ao tranqüilo cemitério florido o loiro cadáver branco de uma virgem noiva, morta de amor, tão bela e tão de castelos feudais, de montanhas alpestres, de árvores velhas e enevoadas…nova, umedecida no féretro, como se tivesse acabado de nascer da rosada luz da manhã.
    Infantil ainda, viera outrora da Alemanha através
    E, então, desde o dia de sua morte, uma lenda espalhou-se, como a dos Niebelugen, em todas aquelas cabeças ingênuas, rudes e humildes.
    Ela era a deusa fantástica, a visão encantada dos antigos palácios medievais de vidraçaria gótica, onde as rainhas mortas apareciam brancas ao luar, à flor dos lagos e rios, suspirando toda a tragédia histérica dos convulsivos amores passados, que os ventos de hoje como que ainda melancolicamente repetem…
    Era a monja das aldeias dos castelos feudais, graves e solenes, cheios de névoas alemãs, atravessados de fantasmas que fazem mover alvas e longas clâmides de linho no ar neutralizado da meia-noite…
    E, por altas horas, em certos dias, ao luar, a imaginação apreensiva dos homens e mulheres do campo, via uma virgem loira, de ignoto aspecto de ondina mágica, surgir do solo em exalações fosforescentes, o coração traspassado de flechas inflamadas, arrastando soturnamente pela areia luminosa uma vasta túnica branca, os cabelos de sol soltos para trás, candidamente pálida, cantando a canção sonâmbula do túmulo e desfolhando grandes grinaldas de flores de laranjeiras, cujas frescas e níveas pétala cheirosas redemoinhavam, agitadas por um vento frio — pelo vento gelado e soluçante da Morte.”

    CRUZ E SOUSA, João da. PÉREZ, José (org.). Missal, Evocações. In: Cruz e Sousa: Prosa. 2 ed. São Paulo : Cultura, 1945. v. 2. pp.5-126. (Série Clássica Brasileiro-Portuguesa, Os mestres da língua, 14).
    Referencias:
    http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/simbolismo
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_e_Sousa
    http://www.dominiopublico.gov.br

    FABIANE ROSA

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  3. PARNASIANISMO

    Segue um fragmento de Via-Láctea, de Olavo Bilac.

    “IV
    Como a floresta secular, sombria
    Virgem do passo humano e do machado,
    Onde apenas, horrendo, ecoa o brado
    Do tigre, e cuja agreste ramaria
    Não atravessa nunca a luz do dia,
    Assim também, da luz do amor privado,
    Tinhas o coração ermo o fechado,
    Como a floresta secular, sombria...
    Hoje, entre os ramos, a canção sonora
    Soltam festivamente os passarinhos.
    Tinge o cimo das árvores a aurora...
    Palpitam flores, estremecem ninhos...
    E o sol do amor, que não entrava outrora,
    Entra dourando a areia dos caminhos.”

    Referência
    Domínio Público. Disponível em:
    http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf Acesso 23 jun. 2012

    _______________________________________________________

    SIMBOLISMO

    Destaca-se a poesia “Clamando...”, de autoria de Cruz e Sousa, extraída do livro Broquéis.

    “CLAMANDO...
    Bárbaros vãos, dementes e terríveis
    Bonzos tremendos de ferrenho aspecto,
    Ah! deste ser todo o clarão secreto
    Jamais pôde inflamar-vos, Impassíveis!

    Tantas guerras bizarras e incoercíveis
    No tempo e tanto, tanto imenso afeto,
    São para vós menos que um verme e inseto
    Na corrente vital pouco sensíveis.

    No entanto nessas guerras mais bizarras
    De sol, clarins e rútilas fanfarras,
    Nessas radiantes e profundas guerras...

    As minhas carnes se dilaceraram
    E vão, das llusões que flamejaram,
    Com o próprio sangue fecundando as terras...”

    Referência
    Domínio Público. Disponível em:
    http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000057.pdf Acesso em 23 jun. 2012

    [Juliane M. Orlandi]

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  4. Parnasianismo

    Hino à tarde
    Olavo Bilac

    Glória jovem do sol no berço de ouro em chamas,
    Alva! natal da luz, primavera do dia,
    Não te amo! nem a ti, canícula bravia,
    Que a ti mesma te estruis no fogo que derramas!

    Amo-te, hora hesitante em que se preludia
    O adágio vesperal, - tumba que te recamas
    De luto e de esplendor, de crepes e auriflamas,
    Moribunda que ris sobre a própria agonia!

    BILAC, Olavo. HINO À TARDE. Poesias. ed.1.São Paulo,1888.

    http://pt.wikisource.org/wiki/Hino_%C3%A0_Tarde_(Olavo_Bilac)


    Simbolismo

    Múmia
    Cruz e Souza

    Báratros, criptas, dédalos atrozes
    Escancaram-se aos tétricos, ferozes
    Uivos tremendos com luxúria e cio...
    Ris a punhais de frígidos sarcasmos
    E deve dar congélidos espasmos
    O teu beijo de pedra horrendo e frio!

    SOUZA, Cruz e. MÚMIA. Broquéis, 1893. Rio de Janeiro: Livraria Moderna.

    http://www.superdownloads.com.br/

    Jéssica Nunes

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  5. BIANCA ROSA PERES
    PARANASIANISMO
    Soneto “Profissão de fé” de Olavo Bilac
    “[...] Torce, aprimora, alteia, lima
    A frase; e, enfim,
    No verso de ouro engasta a rima,
    Como um rubim.
    Quero que a estrofe cristalina,
    Dobrada ao jeito
    Do ourives, saia da oficina
    Sem um defeito.
    E que o lavor do verso, acaso,
    Por tão sutil,
    Possa o lavor lembrar de um vaso
    De Becerril.[...]”
    Soneto publicado como parte integrante da obra “Poesias” em 1888.
    Referências:
    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 33. Ed. São Paulo: Cultrix, 1994.
    Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/literatura-infantil-olavo-bilac/olavo-bilac.php consulta realizada em: 23/06/12 às 18h

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  6. * Corrigindo - "Parnasianismo"

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  7. Parnasianismo

    As Pombas

    Vai-se a primeira pomba despertada...
    Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
    Das pombas vão-se dos pombais, apenas
    Raia sanguinea e fresca a madrugada.

    E à tarde, quando a rígida nortada
    Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
    Ruflando as asas, sacudindo as penas,
    Voltam todas em bando e em revoada...

    Também dos corações onde abotoam
    Os sonhos, um a um, céleres voam,
    Como voam as pombas dos pombais;

    No azul da adolescência as asas soltam,
    Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
    E eles aos corações não voltam mais.
    Raimundo Correia
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Raimundo_Correia
    http://www.casadobruxo.com.br/poesia/r/pombas.htm
    http://www.portalsaofrancisco.com.br

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    Simbolismo

    Piedade

    O coração de todo o ser humano
    foi concebido para ter piedade,
    para olhar e sentir com caridade,
    ficar mais doce o eterno desengano.
    Para da vida em cada rude oceano
    arrojar, através da imensidade,
    tábuas de salvação, de suavidade,
    de consolo e de afeto soberano.
    Sim! Que não ter um coração profundo é
    os olhos fechar à dor do mundo,
    ficar inútil nos amargos trilhos.
    É como se o meu ser compadecido
    não tivesse um soluço comovido
    para sentir e para amar meus filhos!
    Cruz e Souza
    Fonte: www.dominiopublico.gov.br
    Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cruz-de-souza/piedade.php#ixzz1yer6Njwh
    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_e_Sousa


    ANGÉLICA NORONHA DE SÁ

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  8. Simbolismo


    “Violões que choram” de Cruz e Sousa
    “Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
    Soluços ao luar, choros ao vento...
    Tristes perfis, os mais vagos contornos,
    Bocas murmurejantes de lamento.
    Noites de além, remotas, que eu recordo,
    Noites da solidão, noites remotas
    Que nos azuis da Fantasia bordo,
    Vou constelando de visões ignotas.
    Sutis palpitações a luz da lua,
    Anseio dos momentos mais saudosos,
    Quando lá choram na deserta rua
    As cordas vivas dos violões chorosos.
    Quando os sons dos violões vão soluçando,
    Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
    E vão dilacerando e deliciando,
    Rasgando as almas que nas sombras tremem.
    Harmonias que pungem, que laceram,
    Dedos Nervosos e ágeis que percorrem
    Cordas e um mundo de dolências geram,
    Gemidos, prantos, que no espaço morrem...
    E sons soturnos, suspiradas magoas,
    Mágoas amargas e melancolias,
    No sussurro monótono das águas,
    Noturnamente, entre ramagens frias.
    Vozes veladas, veludosas vozes,
    Volúpias dos violões, vozes veladas,
    Vagam nos velhos vórtices velozes
    Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
    Tudo nas cordas dos violões ecoa
    E vibra e se contorce no ar, convulso...
    Tudo na noite, tudo clama e voa
    Sob a febril agitação de um pulso.
    Que esses violões nevoentos e tristonhos
    São ilhas de degredo atroz, funéreo,
    Para onde vão, fatigadas do sonho
    Almas que se abismaram no mistério[...]”

    Versos de “Violões que choram” publicados em 1897.


    Referências:
    BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 33. Ed. São Paulo: Cultrix, 1994.
    Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cruz-de-souza/violoes-que-choram.php#ixzz1yeusZdFk consulta realizada em: 23/06/12 às 17h30min
    Disponível em : http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/Cruz_e_Souza/978sc003.html consulta realizada em: 23/06/12 às 19h

    BIANCA ROSA PERES

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  9. Opondo-se ao subjetivismo que prevalecia no período Romântico, o Parnasianismo é contemporâneo do Realismo e Naturalismo e caracteristicamente marcado pelos ideais cientificistas e revolucionários da segunda metade do século XIX. As peculiaridades dessa estética são, dentre várias, a chamada “arte pela arte” que representa a não utilidade da arte pela sociedade, mas uma autossuficiência; encerra-se em si mesma. Um exemplo é encontrado em Alberto de Oliveira, no poema O Vaso Chinês:
    "Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
    Casualmente, uma vez, de um perfumado
    Contador sobre o mármor luzidio,
    Entre um leque e o começo de um bordado.
    Fino artista chinês, enamorado,
    Nele pusera o coração doentio
    Em rubras flores de um sutil lavrado,
    Na tinta ardente, de um calor sombrio.
    Mas, talvez por contraste à desventura,
    Quem o sabe?... de um velho mandarim
    Também lá estava a singular figura.
    Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
    Sentia um não sei quê com aquele chim
    De olhos cortados à feição de amêndoa."

    OLIVEIRA, Alberto de. "Vaso Chinês". IN: Sonetos e Poemas, 1886.

    O Simbolismo, estética que surgiu concomitante ao Parnasianismo, inaugurou-se França. Essa vertente tinha muitas características diferentes da parnasiana, as quais se ressaltam a busca pelo transcendente e a dor de existir. Um dos poetas que muito se destacou foi Cruz e Souza (1861-1898), e o seu poema Acrobata da Dor retrata bem as temáticas ressaltadas:
    “Gargalha, ri, num riso de tormenta,
    Como um palhaço, que desengonçado,
    Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
    De uma ironia e de uma dor violenta.

    Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
    Agita os guizos, e convulsionado
    Salta, gavroche, salta clown, varado
    Pelo estertor dessa agonia lenta ...

    Pedem-te bis e um bis não se despreza!
    Vamos! retesa os músculos, retesa
    Nessas macabras piruetas d'aço. . .

    E embora caias sobre o chão, fremente,
    Afogado em teu sangue estuoso e quente,
    Ri! Coração, tristíssimo palhaço.”

    SOUZA, Cruz e. Acrobata da dor. Broquéis, 1893. Rio de Janeiro: Livraria Moderna.

    Referências Gerais:

    OLIVEIRA, Alberto de. "Vaso chinês". In: Moisés, Massaud. A Literatura Brasileira Através dos Textos. 10.ed.São Paulo: Cultrix, 1983.

    PARNASIANISMO. IN: PORTAL São Francisco. Disponível em: < http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/parnasianismo/parnasianismo.php > Acesso em: 24/06/2012.

    VASO Chinês. IN: ITAU Cultural. Disponível em: < http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_obras_selecionadas&cd_verbete=4994&cd_item=777&cd_texto=722 > Acesso em: 24/06/2012

    SIMBOLISMO. IN: ITAU Cultural. Disponível em: < http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=definicoes_texto&cd_verbete=12154&lst_palavras= > Acesso em: 24/06/2012

    [Julia Ribeiro Castilho]

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  10. Parnasianismo:
    Com objetivo de opor-se ao aos “exageros sentimentais” do romantismo, o parnasianismo visa a “arte pela arte”, ou seja, a busca da perfeição estética em seus versos, contemplando coisas extremamente vazias e sem vida. Como exemplo “A estátua” de Teófilo Dias:

    A ESTÁTUA

    Fosse-me dado, em mármore de Carrara,
    Num arranco de gênio e de ardimento,
    Às linhas do teu corpo o movimento
    Suprimindo, fixar-te a forma rara,

    Cheio de força, vida e sentimento,
    Surgira-me o ideal da pedra clara,
    E em fundo, eterno arroubo, se prostrara,
    Ante a estátua imortal, meu pensamento.

    Do albor de brandas formas eu vestira
    Teus contornos gentis; eu te cobrira
    Com marmóreo cendal os moles flancos,

    E a sôfrega avidez dos meus desejos
    Em mudo turbilhão de imóveis beijos
    As curvas te enrolara em flocos brancos.


    DIAS, Teófilo. Poesias escolhidas. Seleção, introdução e notas Antônio Cândido. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1960

    Simbolismo:
    Período marcado pelo pessimismo devido ao contexto histórico da época. No Brasil, o público leitor era de índice muito baixo, já que a maioria da população era analfabeta. O espaço para a literatura era mínimo em jornais, por isso os autores não eram otimistas e utilizavam muito a melancolia em suas obras. Podemos citar Augusto do Anjos como um poeta frustrado, pois ao escrever sobre a dor humana e os fenômenos naturais usando expressões científicas e incomuns, ninguém o compreendeu. Um exemplo é “Versos Íntimos”:
    Vês! Ninguém assistiu ao formidável
    Enterro de tua última quimera.
    Somente a Ingratidão – esta pantera –
    Foi tua companheira inseparável!

    Acostuma-te à lama que te espera!
    O Homem, que, nesta terra miserável,
    Mora entre feras, sente inevitável
    Necessidade de também ser fera.

    Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
    O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
    A mão que afaga é a mesma que apedreja.

    Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
    Apedreja essa mão vil que te afaga,
    Escarra nessa boca que te beija!

    ANJOS, Augusto dos. Eu, 1912 Abril Educação: São Paulo, Reedição: Eu e Outras Poesias, 1919.
    http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/simbolismo/simbolismo.php

    Bruna Sedrez

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  11. Simbolismo

    ISMÁLIA

    Quando Ismália enlouqueceu,
    Pôs-se na torre a sonhar...
    Viu uma lua no céu,
    Viu outra lua no mar.

    No sonho em que se perdeu,
    Banhou-se toda em luar...
    Queria subir ao céu,
    Queria descer ao mar...

    E, no desvario seu,
    Na torre pôs-se a cantar...
    Estava perto do céu,
    Estava longe do mar...

    E como um anjo pendeu
    As asas para voar...
    Queria a lua do céu,
    Queria a lua do mar...

    As asas que Deus lhe deu
    Ruflaram de par em par...
    Sua alma subiu ao céu,
    Seu corpo desceu ao mar...

    ALPHONSUS DE GUIMARAENS,(Afonso Henriques da Costa Guimaraens)

    Publicado no livro Pastoral aos crentes do amor e da morte: este poema, integrante da série "As Canções", foi incluído no livro “Os cem melhores poemas brasileiros do século”, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2001, p.45, uma seleção de Ítalo Moriconi.


    REFERÊNCIA:
    http://www.releituras.com/alphonsus_ismalia.asp

    Ademir Pereira

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  12. Parnasianismo

    VASO GREGO

    Esta de áureos relevos, trabalhada
    De divas mãos, brilhante copa, um dia,
    Já de aos deuses servir como cansada,
    Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

    Era o poeta de Teos que o suspendia
    Então, e, ora repleta ora esvasada,
    A taça amiga aos dedos seus tinia,
    Toda de roxas pétalas colmada.

    Depois… Mas, o lavor da taça admira,
    Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
    Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

    Ignota voz, qual se da antiga lira
    Fosse a encantada música das cordas,
    Qual se essa voz de Anacreonte fosse.

    ALBERTO DE OLIVEIRA,Antonio Mariano

    Sonetos e Poemas (1885)

    REFERÊNCIA:
    http://oficinadoescritor.blogspot.com.br/2010/12/soneto-vaso-grego-alberto-de-oliveira.html

    Ademir Pereira

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  13. PARNASIANISMO
    A história da arte e da literatura é construída por ciclos. Assim, o ser humano rompe com aquilo que considera ultrapassado e propõe algo novo. Esse novo, porém, muitas vezes não passa de algo ainda mais velho, mas revestido de uma linguagem diferente.
    É o caso do Parnasianismo, movimento de inspiração clássica que ganhou pouco destaque na Europa, mas teve muita repercussão no Brasil a partir de 1880. Depois da revolução romântica, que impôs novos parâmetros e valores artísticos, formou-se em nosso país um grupo de poetas que desejava restaurar a poesia clássica, desprezada pelos românticos. Propunham uma poesia objetiva vocabular, racionalista, bem-acabada do ponto de vista formal e voltada para temas universais.

    A UM POETA

    Olavo Bilac
    Longe do estéril turbilhão da rua,
    Beneditino, escreve! No aconchego
    Do claustro, na paciência e no sossego,
    Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

    Mas que na forma se disfarça o emprego
    Do esforço; e a trama viva se construa
    De tal modo, que a imagem fique nua
    Rica mas sóbria, como um templo grego.

    Não se mostre na fábrica o suplício
    Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
    Sem lembrar os andaimes do edifício:

    Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
    Arte pura, inimiga do artifício,
    É a força e a graça na simplicidade.
    Fonte:Jornal de Poesia
    Bosi, Alfredo, História Concisa da Literatura Brasileira, l994. Ed. Cultrix Ltda. São Paulo.
    BILAC, Olavo. In: Poesia. 29. Ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1997. p. 320.
    Foi publicado no ano de 1888, (Poesias)
    Olavo Bilac, (1865, RJ – 1918, RJ). Jornalista e funcionário público
    Gladis

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  14. SIMBOLISMO

    A decadência econômica europeia nas últimas décadas do século XIX põe por terra as esperanças positivistas e materialistas. Uma nova forma de encarar o mundo faz com que se retomem os valores até então adormecidos: o idealismo e o misticismo são revitalizados. Surge o Simbolismo, opondo-se ao objetivismo realista.
    Na França, berço do Simbolismo, falava-se em decadência, aumentavam as rivalidades entre monarquistas e republicanos e sentia-se a perda da guerra de 1870 contra a Alemanha. Agravavam-se as rivalidades entre a Áustria e a Rússia e a competição anglo-alemã. A Europa vivia em estado de alerta, cada país procurava aumentar os seus contingentes militares e aperfeiçoar os seus armamentos. Era o fantasma da guerra.
    As consequências desse clima se farão sentir mais profundamente logo no início do século XX, e as últimas manifestações simbolistas e as primeiras produções modernistas serão contemporâneas da Primeira Guerra Mundial, em 1914, e da Revolução russa, em 1917.
    O simbolismo, refletindo esse momento histórico, percebe a falência do racionalismo, do materialismo e do positivismo, insuficientes para a compreensão do mundo exterior, e retorna às tendências espiritualistas. O sonho, o inconsciente, a metafísica e a religiosidade renascem na procura de um mundo ideal situado ora no interior do indivíduo, ora no sobrenatural. Fugindo ao racionalismo, o artista mergulha então no irracional, cuja expressão exigia uma linguagem nova, metafórica e sugestiva.

    Cárcere das almas
    Cruz e Souza
    Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
    Soluçando nas trevas, entre as grades
    Do calabouço olhando imensidades,
    Mares, estrelas, tardes, natureza.

    Tudo se veste de uma igual grandeza
    Quando a alma entre grilhões as liberdades
    Sonha e, sonhando, as imortalidades
    Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

    Ó almas presas, mudas e fechadas
    Nas prisões colossais e abandonadas,
    Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

    Nesses silêncios solitários, graves,
    que chaveiro do Céu possui as chaves
    para abrir-vos as portas do Mistério?!

    Extraído de:
    http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/carcere.htm
    Bosi, Alfredo, História Concisa da Literatura Brasileira, l994. Ed. Cultrix Ltda. São Paulo.
    Foi publicado no de 1893, (Broquéis).
    João da Cruz e Souza, (1861, Florianópolis – 1898, MG). Filho de escravos foi educado pelos antigos senhores de seus pais, exerceu o jornalismo e o magistério. Por ser negro foi recusado como promotor público de Laguna.
    Gladis

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  15. Parnasianismo
    A poesia pela poesia, distanciada de preocupações existenciais, metafísicas ou político-sociais. Comprovado no poema abaixo:
    Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
    E triste, e triste e fatigado eu vinha.
    Tinhas a alma de sonhos povoada,
    E a alma de sonhos povoada eu tinha...

    E paramos de súbito na estrada
    Da vida: longos anos, presa à minha
    A tua mão, a vista deslumbrada
    Tive da luz que teu olhar continha.

    Hoje, segues de novo... Na partida
    Nem o pranto os teus olhos umedece,
    Nem te comove a dor da despedida.

    E eu, solitário, volto a face, e tremo,
    Vendo o teu vulto que desaparece
    Na extrema curva do caminho extremo.
    BILAC, Olavo. Nel mezzo Del camin. In:______Poesia. 6. Ed. Rio de Janeiro. Agir.1976.p.58.(col. Nossos Clássicos.)
    Referencias:
    Franco & Moura. Literatura brasileira
    http://outraspalavras.arteblog.com.br/271507/Nel-mezzo-del-camin-analise-do-soneto-de-Bilac/


    Simbolismo

    Ah! quanto sentimento! ah! quanto sentimento!
    Sob a guarda piedosa e muda das Esferas
    Dorme, calmo, embalado pela voz do vento,
    Frágil e pequenino e tenro como as heras.
    Ao mesmo tempo suave e ao mesmo tempo estranho
    O aspecto do meu fiIho assim meigo dormindo...
    Vem dele tal frescura e tal sonho tamanho
    Que eu nem mesmo já sei tudo que vou sentindo.
    Minh’alma fica presa e se debate ansiosa,
    Em vão soluça e clama, eternamente presa
    No segredo fatal dessa flor caprichosa,
    Do meu filho, a dormir, na paz da Natureza

    Minh’alma se debate e vai gemendo aflita
    No fundo turbilhão de grandes ânsias mudas:
    Que esse tão pobre ser, de ternura infinita,
    Mais tarde irá tragar os venenos de Judas!...
    Cruz e Souza
    Referências:
    www.dominiopublico.gov.br
    http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/f/farois
    [Sirlei Schumacher]

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  16. Parnasianismo

    INANIA VERBA
    Olavo Bilac

    Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
    O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
    — Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
    Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...

    O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
    A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
    E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,
    Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

    Quem o molde achará para a expressão de tudo?
    Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
    Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

    E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
    E as palavras de fé que nunca foram ditas?
    E as confissões de amor que morrem na garganta?!

    http://valiteratura.blogspot.com.br/2011/09/olavo-bilac-vida-caracteristicas-e.html





    Simbolismo

    Supremo Desejo
    1. Eternas, imortais origens vivas
    2. Da luz, do Aroma, segredantes vozes
    3. Do mar e luares de contemplativas,
    4. Vagas visões volúpticas, velozes...
    5. Aladas alegrias sugestivas
    6. De asa radiante e branda de albornozes,
    7. Tribos gloriosas, fúlgidas, altivas,
    8. De condores e de águias e albatrozes...
    9. Espiritualizai nos Astros loiros.
    10. Do sol entre os clarões imorredouros.
    11. Toda esta dor que na minh’alma clama...
    12. Quero vê-la subir, ficar cantando
    13. Na chama das Estrelas, dardejando
    14. Nas luminosas sensações de chama.
    Livro os broqueis, poema Supremo Desejo de João da Cruz e Sousa, publicado originalmente em 1893 no Rio de Janeiro pela Livraria Moderna.
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Livraria_Moderna
    http://www.geocities.ws/achouwebpage/literatura/Literatura/broqueis.htm

    Eliani Ludwig

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  17. Parnasianismo

    Última Deusa
    Alberto de Oliveira

    Foram-se os deuses, foram-se, eu verdade;
    Mas das deusas alguma existe, alguma
    Que tem teu ar, a tua majestade,
    Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma.

    Ao ver-te com esse andar de divindade,
    Como cercada de invisível bruma,
    A gente à crença antiga se acostuma
    E do Olimpo se lembra com saudade.

    De lá trouxeste o olhar sereno e garço,
    O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,
    Rútilo rola o teu cabelo esparto...

    Pisas alheia terra... Essa tristeza
    Que possuis é de estátua que ora extinto
    Sente o culto da forma e da beleza.


    Referência:
    www.sonetos.com.br
    Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/alberto-de-oliveira/ultima-deusa.php#ixzz1ypAnerlL



    Simbolismo
    DANÇA DO VENTRE
    Cruz e Souza

    Torva, febril, torcicolosamente,
    numa espiral de elétricos volteios,
    na cabeça, nos olhos e nos seios
    fluíam-lhe os venenos da serpente.
    Ah! que agonia tenebrosa e ardente!
    que convulsões, que lúbricos anseios,
    quanta volúpia e quantos bamboleios,
    que brusco e horrível sensualismo quente.

    O ventre, em pinchos, empinava todo
    como réptil abjecto sobre o lodo,
    espolinhando e retorcido em fúria.

    Era a dança macabra e multiforme
    de um verme estranho, colossal, enorme,
    do demônio sangrento da luxúria!

    Referência:
    Jornal de Poesia
    http://www.jornaldepoesia.jor.br/csousa.html#ventre

    Caroline Münchow

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  18. O parnasianismo buscou temas clássicos,valorizando o rigor formal e a poesia descritiva.Os autores parnasianos usavam uma linguagem rebuscada e,vocabulário culto,temas mitológicos e descrições detalhadas,diziam que faziam arte pela arte.Graças a esta postura foram chamados de criadores de uma literatura alineada,pois não retratavam os problemas sociais que ocorriam naquela época.Os principais autores parnasianos são:Olavo Bilac,Raimundo Correa,Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho.
    Podemos citar também que o parnasianismo foi um movimento essencial poético que reagiu contra os abusos sentimentais dos romântico:
    A um poeta

    Longe do estéril turbilhão da rua,
    Beneditino escreve! No aconchego
    Do claustro, na paciência e no sossego.
    Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

    Mas que na forma se disfarce o emprego
    Do esforço; e a trama viva se construa
    De tal modo, que a imagem fique nua,
    Rica mas sóbria, como um templo grego.

    Não se mostre na fábrica o suplício
    Do mestre. E natural, o efeito agrade,
    Sem lembrar os andaimes do edifício:

    Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
    Arte pura, inimiga do artifício,
    É a força e a graça na simplicidade.

    (Olavo Bilac)
    O simbolismo tem uma fase literária que inicia-secom a puplicaçao de Missal e Broquéis de João da Cruz e Souza.Os poetas simbolistas usavam uma linguagem abstrata e sugestiva,enchendo suas obras de misticismo e religiosidade,valozando muito os mistérios da morte e dos sonhos,carregando os textos de subjetivismos,sendo assim temos os principais representante do simbolismo Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraes.
    Trechos do poema Antífona de Cruz e Sousa:

    Ó formas alvas, brancas, formas claras
    De lugares, de veves, de neblinas!...
    Ó formas vagas, fluidas, cristalinas...
    Incensos dos turíbulos das aras...

    Formas do amor, constelarmente puras,
    De virgens e santas pavorosas...
    Brilhos errantes, mádidas frescuras
    E dolências de lírios e de rosas...

    Indefiníveis músicas supremas,
    Harmonias da cor e do perfume...
    Horas do ocaso, trêmulas, extremas,
    Réquim do sol que a dor da luz resume...

    Visões, salmos e cânticos serenos,
    Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
    Dormências de volúpticos venenos
    Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...

    Infinitos espíritos dispersos,
    Inefáveis, edênicos, aéreos,
    Fecundai o mistério destes versos
    Com a chamada ideal de todos os mistérios.

    Do sonho as mais azuis diafaneidades
    Que fuljam, que na estrofe se levantem
    E as emoções, todas as castidades
    Da alma do verso, pelos versos cantem.


    O poema Antífona de Cruz e Sousa, apresenta a tematização do mistério, sensações, angústia da dor de existir e elevação do espírito.
    É um poema de cunho e vocabulário religioso como o próprio título - Antífona é um curto versículo recitado ou cantado antes ou depois de um salmo. Palavras como incenso, turíbulos, visões, salmos, cânticos.
    Como característica marcante do Simbolismo, temos a citação de entidades espirituais na tentativa de evocá-las e assim atingir um plano espiritual mais elevado buscando a afastamento da realidade concreta pois o poema não descreve nenhum objeto ou uma situação de um caso de amor, de cultivarem o subjetivismo posto de lado pelos parnasianos.
    No simbolismos temos algumas características marcantes como o uso da sinestesia a procura por sensações e também a subjestivade geralmente tentando expressar os diferentes estados da alma ,voltavam-se seus poemas em busca da espiritualidade.

    HTTP://www.literaturaemfoco.com/?p=1930

    ROSELAINE DE LIMA SOUZA

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  19. Simbolismo
    Poesia retira da obra de Bandeira, Manuel. Poesia completa e prosa. (retirado do livro de Português: língua, literatura, produção de texto: ensino médio/ Maria Luiza Abaurre, Marcela Nogueira Pontara, Tatiana Fadel. – 1º Ed. – São Paulo: Moderna, 2005.(pág: 40)

    Momento num café

    “Quando o enterro passou Os homens que se achavam no café Tiravam o chapéu maquinalmente Saudavam os mortos distraídos Estavam todos voltados para a vida Absortos na vida Confiantes na vida.

    Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado Olhando o esquife longamente Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade Que a vida é traição E saudava a matéria que passava Liberta para sempre da alma extinta.” Manoel Bandeira
    Catiusce Voigt

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  20. Simbolismo
    Poesia retira da obra de Bandeira, Manuel. Poesia completa e prosa. (retirado do livro de Português: língua, literatura, produção de texto: ensino médio/ Maria Luiza Abaurre, Marcela Nogueira Pontara, Tatiana Fadel. – 1º Ed. – São Paulo: Moderna, 2005.(pág: 40)

    Momento num café

    “Quando o enterro passou Os homens que se achavam no café Tiravam o chapéu maquinalmente Saudavam os mortos distraídos Estavam todos voltados para a vida Absortos na vida Confiantes na vida.

    Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado Olhando o esquife longamente Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade Que a vida é traição E saudava a matéria que passava Liberta para sempre da alma extinta.” Manoel Bandeira
    Catiusce Voigt (Corrigido)

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  21. Parnasianismo
    A primeira publicação de Poemas escolhidos foi em 1888.Fragmento retirado da obra Poesia (Últimos Sonetos)de Olavo Bilac- editora Martin Claret Ltda.-São Paulo, 2006.
    Via - láctea (part. I - pág.)
    “E eu olhava-a de baixo, olhava-a... Em cada Degrau, que o ouro mais límpido vestia, Mudo e sereno, um anjo a harpa dourada,Ressoante de súplicas, feria...” Olavo Bilac
    Catiusce Voigt

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  22. Cabelos
    Cabelos! Quantas sensações ao vê-los!
    Cabelos negros, do esplendor sombrio,
    Por onde corre o fluido vago e frio
    Dos brumosos e longos pesadelos...
    Sonhos, mistérios, ansiedades, zelos,
    Tudo que lembra as convulsões de um rio
    Passa na noite cálida, no estio
    Da noite tropical dos teus cabelos.
    Passa através dos teus cabelos quentes,
    Pela chama dos beijos inclementes,
    Das dolências fatais, da nostalgia...
    Auréola negra, majestosa, ondeada,
    Alma da treva, densa e perfumada,
    Lânguida Noite da melancolia!
    O simbolismo é considerado o elemento mediador entre o homem e o mundo, capaz de evocar a realidade misteriosa do universo. Por isso, não se deve definir o simbolismo como a estética que usou símbolos, como se nenhuma outra o tivesse feito, porque toda linguagem artística, possui um grau de conotação que lhe confere um valor simbólico. O que acontece é que o simbolismo foi assim chamado por ter como intenção evocar a realidade, traduzindo-a em forma de símbolos e não descrevendo-a detalhadamente.
    Entende-se desse modo que o simbolismo tem temas freqüentes representando o mundo e seus mistérios, como o gosto pela morte e o desconhecido, contrastando o mundo real com o imaginário, o dualismo humano (espírito e matéria), envolvendo poesia em oposição ao materialismo da época.

    O vocabulário simbolista é parecido com o parnasiano com a diferença que o poeta simbolista caminha numa direção oposta, porque ele não pretende descrever miudamente a realidade, ele procura sugeri-la por meio de uma linguagem evocadora , cheia de elementos dos sentidos humanos, como cores, sons, perfumes...
    Como mostra no poema em destaque: “... teus cabelos quentes”
    “...chama dos beijos inclementes”
    “...Alma da treva, densa e perfumada”
    O mesmo é do Autor simbolista Cruz e Souza, publicado postumamente no ano de 1900, na obra chamada “Faróis”, tal poema retrata bem os sinais que estudamos no simbolismo, as chamadas sinestesias, (o exagero do sentimento humano misturados uns aos outros, como sentir cheiro de algo inodoro, ou ver cor em algo que é incolor).
    Fonte: www.dominiopublico.gov.br
    Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cruz-de-souza/cabelos.php#ixzz1ypkVEFMY~
    Adelita Vimes rodrigues

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  23. p.s. Adelita Vimes Rodrigues
    foi usado como referencia bibliográfica também a obra de estudos literários: TUFANO, Douglas, Estudos de literatura Brasileira, 1978.

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  24. p.s. Adelita vimes Rodrigues
    Foi usado também como referência bibliográfica:
    TUFANO, Douglas, Estudos de Literatura Brasileira,2ºedição-São Paulo: ed. moderna, 1978

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  25. Desculpem, não coloquei título nos meus poemas. se o grupo encarregado puder colocar, agradeço. o primeiro é Nel mezzo del camin e o segundo é Meu filho.
    [Sirlei Schumacher]

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  26. Exemplo onde a "arte pela arte" se apresenta de maneira clara:

    Virgens Mortas

    Quando uma virgem morre, uma estrela aparece,
    Nova, no velho engaste azul do firmamento:
    E a alma da que morreu, de momento em momento,
    Na luz da que nasceu palpita e resplandece.
    Õ vós, que, no silêncio e no recolhimento
    Do campo, conversais a sós, quando anoitece,
    Cuidado! - o que dizeis, como um rumor de prece,
    Vai sussurrar no céu, levado pelo vento...
    Namorados, que andais, com a boca transbordando
    De beijos, perturbando o campo sossegado
    E o casto coração das flores inflamando,
    - Piedade! elas vêem tudo entre as moitas escuras... Piedade! esse impudor ofende o olhar gelado
    Das que viveram sós, das que morreram puras!

    Olavo Bilac. VIA-LÁCTEA Virgens Mortas (1888)

    Exemplo de obra simbolista na qual se evidencia uma busca do transcendente ao lado do sentimento trágico da existência:


    Cárcere das almas
    Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
    Soluçando nas trevas, entre as grades
    Do calabouço olhando imensidades,
    Mares, estrelas, tardes, natureza.

    Tudo se veste de uma igual grandeza
    Quando a alma entre grilhões as liberdades
    Sonha e, sonhando, as imortalidades
    Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

    Ó almas presas, mudas e fechadas
    Nas prisões colossais e abandonadas,
    Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

    Nesses silêncios solitários, graves,
    que chaveiro do Céu possui as chaves
    para abrir-vos as portas do Mistério?!


    Cruz e Souza Cárcere das almas (1899)

    Luiza Vasselai da Veiga

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  27. PARNASIANISMO

    O Parnasianismo é uma estética literária de caráter exclusivamente poético, que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. A poesia parnasiana voltada para onde há o ideal da perfeição estética e a sublimação da "arte pela arte".
    Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si própria. Ela não teria nenhum valor utilitário, nenhum tipo de compromisso. Seria auto-suficiente. Justificada apenas por sua beleza formal. Qualquer tipo de investigação do social, referência ao prosaico, interesse pelas coisas comuns a todos os homens seria ‘matéria impura’ a comprometer o texto. Restabelecem, portanto, um esteticismo de fundo conservador que já vigorava na decadência romana. A arte passava apenas a ser um jogo frívolo de espíritos elegantes.

    In Extremis
    Olavo Bilac

    Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
    Assim! De um sol assim!
    Tu, desgrenhada e fria,
    Fria! Postos nos meus os teus olhos molhados,
    E apertando nos teus os meus dedos gelados...

    E um dia assim! De um sol assim! E assim a esfera
    Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
    Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
    Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
    Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...

    E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! E este medo!
    Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,
    A arredar-me de ti, cada vez mais a morte...

    Eu com o frio a crescer no coração, — tão cheio
    De ti, até no horror do verdadeiro anseio!
    Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
    A boca que beijava a tua boca ardente,
    A boca que foi tua!

    E eu morrendo! E eu morrendo,
    Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
    Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
    A delícia da vida! A delícia da vida!


    SIMBOLISMO

    O Simbolismo define-se assim pelo antiintelectualismo. Propõe a poesia pura, não racionalizada, que use imagens e não conceitos. É uma poesia difícil, hermética, misteriosa, que destrói a poética tradicional.
    A vida penetra com sua carga de amarguras, como no soneto Vida Obscura:

    Vida Obscura
    João da Cruz e Sousa

    “Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
    Ó ser humilde entre os humildes seres.
    Embriagado, tonto dos prazeres,
    O mundo para ti foi negro e duro.

    Atravessaste num silêncio escuro
    A vida presa a trágicos deveres
    E chegaste ao saber de altos saberes
    Tornando-te mais simples e mais puro.


    Ninguém te viu o sofrimento inquieto,
    Magoado, oculto e aterrador, secreto,
    Que o coração te apunhalou no mundo.
    Mas eu que sempre te segui os passos
    Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
    E o teu suspiro como foi profundo!”

    BILAC, Olavo. Poesias. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1954.
    SOUZA, Cruz e. Nossos clássicos. Rio de Janeiro, Agir, 1960.
    GONZAGA, Sergius. Manual de literatura brasileira. 6ª ed. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990.
    http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/parnasianismo/parnasianismo.php


    [Juliete Bönemann]

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  28. Observação: Esqueci de colocar entre aspas o primeiro poema.

    Juliete Bönemann

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  29. " A arte pela arte" no Parnasianismo


    Poema “Profissão de Fé” de Olavo Bilac
    Invejo o ourives quando escrevo:
    Imito o amor
    Com que ele, em ouro, o alto relevo
    Faz de uma flor.

    Imito-o. E, pois, nem de Carrara
    A pedra firo:
    O alvo cristal, a pedra rara,
    O ônix prefiro.

    Por isso, corre, por servir-me,
    Sobre o papel
    A pena, como em prata firme
    Corre o cinzel.

    Corre; desenha, enfeita a imagem,
    A idéia veste:
    Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
    Azul-celeste.

    Torce, aprimora, alteia, lima
    A frase; e, enfim,
    No verso de ouro engasta a rima,
    Como um rubim.

    Olavo Bilac foi abolicionista e republicano, ficou preso por 6 meses na fortaleza de Laje, durante o governo de Floriano Peixoto; livre, exilou-se em Minas Gerais. Autor da letra do Hino à Bandeira, escreveu poemas infantis e livros didáticos e, em 1913, foi eleito o primeiro "príncipe dos poetas brasileiros". Embora não tenho sido o primeiro a caracterizar a poesia parnasiana, pois somente em 1888, “Poesias” foi publicado, foi considerado um dos autores mais significativos dessa vertente poética.

    Fonte biográfica:
    http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/literatura-infantil-olavo-bilac/olavo-bilac.php

    Referência: http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/OlavoBilac/profissaodefe.htm ( Thamires Marchezini)

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  30. Obra Simbolista- Medeiros de Albuquerque

    PROCLAMAÇÃO DECADENTE
    A Olavo Bilac

    Poetas,
    são tempos malditos
    os tempos que vivemos...

    Em vez de estrofes, há gritos
    de desalentos supremos.
    pode a música somente
    do Verso nas finas teias
    conservar no tom fluente
    tênue fantasma das idéias;

    Porque é preciso que todos
    No vago dessa moldura
    Sintam os estos mais doudos
    Da emoção sincera e pura;

    Creiam achar no que apenas
    é tom incerto e indeciso
    dos seus sorrisos e penas
    O anseio exato e preciso.


    Que importa a Idéia,contanto
    que vibre a Forma sonora,
    Se da harmonia do canto
    Vaga ilusão se evapora?

    ( Pecados, Rio de Janeiro,1889 )

    No Brasil devido ao grande prestígio que detinha a poesia Parnasianista entre as classes sociais cultas e que condicionou a fundação da Academia brasileira de Letras, não houve um espaço mior para o Simbolismo, este foi sufocado. Na década de 1880 no Brasil houveram prenúncios do Simbolismo. Ele ocorreu a partir de um núcleo inicial centrado no jornal A Folha Popular (RJ/ 1890/1891) com nomes como Cruz e Sousa, Bernardino Lopes, Oscar Rosas e Virgilio Várzea.

    Referência:
    http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/pernambuco/medeiros_e_albuquerque.html

    http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capas/obras-literarias/medeiros-e-albuquerque.php

    http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1765323
    ( Thamires Marchezini )

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