Jeean
Karlos Souza Gomes
João
Luis Pereira Ourique
A
obra O Guarani é uma obra do Romantismo brasileiro. Escrito por José
de Alencar, é um romance em que a idealização do índio aparece
fortemente, pois a figura do índio era o que tínhamos, na época,
sendo algo nativo e este período ficou conhecido como indianismo,
como escreve BOSI (2006, p.99):
Alencar
redigia a epopeia em prosa que é O Guarani.” [...] A essa altura,
o indianismo já caminhara além das intuições do árcades e
pré-românticos esse estruturava como uma para-ideologia dentro do
nacionalismo.
Naquela
época havia a necessidade de construir um espírito de nacionalidade
brasileira e o movimento romântico se empenhou em fazer isso. Porém,
mesmo com o intuito de construir um espírito nacional, os moldes
utilizados foram europeus como observa-se em CANDIDO (2000, p.11):
no
romance e no teatro, o intuito patriótico, ligando-se deste modo os
dois períodos, por sobre a fratura expressional, na mesma disposição
profunda de dotar o Brasil de uma literatura equivalente às
europeias, que exprimisse de maneira adequada a sua realidade própria
ou como então se dizia, uma literatura nacional.
Seguindo
os moldes europeus, o autor idealiza o índio, produzindo uma
personagem estereotipada do modo em que houve o apagamento cultural
do Peri em prol do colonizador. Um outro aspecto relevante é a
exclusão do negro o qual não aparece na obra, visto que Alencar
possuía uma visão conversadora na área da política, seguindo
posições retrógradas diante da questão da escravidão (BOSI
2006).
Entretanto
é uma obra estudada até nos dias de hoje, sua importância não
pode ficar de lado. Mas o que se observa é uma distância entre
obras clássicas e os jovens e para tentar aproximar um ponto ao
outro, foi adotado o RPG (Role Playing Game) como uma
ferramenta didático-pedagógica. A sigla do RPG significa, em
português, “jogo de interpretação de papeis”, resumidamente
consiste em um indivíduo assumir o papel de uma personagem, tomar
suas decisões de acordo com o que o mestre narra. Por sua vez, o
mestre pode ser entendido como o narrador da história. O intuito do
trabalho é poder utilizar algo lúdico, nesse caso o RPG,
para fazer um estudo da obra. É interessante ler o que escreve
AMARAL; BASTOS (2011,
p.05):
Outra
característica marcante no RPG é o seu potencial lúdico, visto que
os seus jogadores precisam viajar, através da mente, aos locais mais
improváveis, vivendo aventuras em outros mundos ou outras eras, no
passado ou futuro, muitas vezes possíveis apenas pelo poder criativo
de suas imaginações.
Visto
que o RPG mexe muito com a imaginação, é interessante os
alunos usá-la, transportando-os para o mundo criado pelo autor e,
consequentemente, os estudantes passam a ter mais familiaridade com a
obra. Porém essa ferramenta pode ser adaptada para outras obras, não
esgotando aqui as possibilidades com o romance em questão.
Trata-se
de uma pesquisa bibliográfica que procura adaptar o RPG à
obra O Guarani, mesclando jogo com o texto, segundo Iser “Os
autores jogam com os leitores e o texto é o campo do jogo”, ao
preencher cada um desses termos, José de Alencar fica no lugar do
autor, os leitores são os estudantes e o campo do jogo é O
Guarani. Ao traduzir para a linguagem do RPG, teríamos Alencar
como mestre, os leitores seriam as personagens ou jogadores e o romance seria o
mundo, onde acontece as aventuras. O título do trabalho foi
inspirado no texto do Iser, intitulado O jogo do texto. Para
aprofundar na questão do campo do jogo continuamos com Iser:
Assim
o texto é composto por um mundo que ainda há de ser identificado e
que é esboçado de modo a incitar o leitor a imaginá-lo e, por fim,
interpretá-lo. Essa dupla operação de imaginar e interpretar faz
com que o leitor se empenhe na tarefa de visualizar as muitas formas
possíveis
O
campo do jogo seria narrado pelo mestre e os jogadores interagiriam
de acordo com a narrativa desenvolvida pelo mestre. A pesquisa,
contudo, ainda está em andamento não tendo resultados até o
instante, pois trata de uma proposta para a disciplina Literatura do
Ensino Médio, voltada especificamente para o segundo ano em que será
abordado o Romantismo.
As
expectativas desta proposta, além de aproximar os jovens para
leitura, visa também estabelecer um confronto entre um sujeito do
século XXI em relação ao indivíduo do século XIX, (nesse caso
representados pelas personagens da obra, cujo o tempo representa o
século XVI, porém com a visão do romantismo) interação com dos
integrantes do grupo em si e utilizar a imaginação dos alunos.
Observa-se, aqui, o uso de uma característica marcante do RPG, visto
que ele possibilita “transportar” qualquer pessoa para qualquer
era, usando apenas a imaginação. Como já foi mencionado a obra em
questão não esgota para adaptação em outras obras, tendo a
possibilidade de se expandir.
CONCLUSÕES
![]() |
Exemplo de ficha da personagem Peri. Foi elaborada de acordo com a leitura da obra em questão. |
![]() |
No desenho,de autoria desconhecida,que ilustrou uma edição carioca fasciculada do romance O Guarani publicada em 1887 e 1888, Peri assemelha-se a um herói grego no físico e na roupa. |
![]() |
Personagem Peri, desenhado de acordo com a visão de um sujeito do séc. XXI. |
Ao
trazer o jogo (RPG) para a sala de aula expande-se a
possibilidade de reflexões
da obra, pois alcança os leitores que possuem outras referências
como: internet, jogos eletrônicos, mídias e etc. As possíveis
reflexões podem ser, por exemplo, um novo paradigma de leitura das
personagens indo mais a fundo no perfil das personagens observando
suas tomadas de decisões, visto que o jogo é interativo, e os
alunos assumem o papel de personagem explorando suas fobias,
habilidades e fraquezas. E o narrador do romance passa a ser encarado
como mestre do RPG que narra os acontecimentos aos jogadores
os guiando na aventura.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BOSI,
Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. 43 ed. - São
Paulo: Cultrix, 2006.
CANDIDO,
Antonio. Formação da Literatura brasileira (Momentos Decisivos).
Ciências,
Belo Horizonte Vol. 11 n.1, p.103-122, 2011.
ISER, W. O jogo do texto. In: JAUSS, Hans Robert, et al. A literatura e o leitor:
textos de estética da recepção. Seleção, coordenação e tradução: Luiz Costa
Lima. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
textos de estética da recepção. Seleção, coordenação e tradução: Luiz Costa
Lima. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
RIBEIRO do Amaral, Ricardo e BASTOS, Heloisa Flora Brasil Nóbrega. O
Roleplaying Game na sala de aula: uma maneira de desenvolver atividades
diferentes simultaneamente. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em
Ciências, Belo Horizonte Vol. 11 n.1, p.103-122, 2011.
Roleplaying Game na sala de aula: uma maneira de desenvolver atividades
diferentes simultaneamente. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em
Ciências, Belo Horizonte Vol. 11 n.1, p.103-122, 2011.
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