domingo, 7 de setembro de 2014

CAPÍTULO 1 - Regionalismo(s) e Regionalidade(s)

Luan Menezes Vieira Borges
Stella Ferreira Leite
Vanessa Magela da Silva Santos
Vânia Caldonceli Coimbra

Um comentário:

  1. No texto, Ligia Chiappini narra sua experiência na Alemanha como pesquisadora do Regionalismo Literário. Ela considera o regionalismo um fenômeno da modernidade, embora na época fosse considerado conservador. O regionalismo era visto como morto e as obras regionalistas uma literatura de valor estético baixo ou nulo, portanto subdesenvolvido. Entretanto, para a autora, o regionalismo brasileiro se renovaria constantemente. Logo no início de suas pesquisas, ela constatou que o regionalismo não estava morto, porque havia na Europa uma variedade de estudos sobre o assunto. Chiappini verificou também que embora o surgimento do regionalismo tenha sido registrado em regiões pobres da Europa, as obras regionais teriam surgido em regiões menos carentes, as quais teriam gerado uma elite intelectual responsável pela criação das obras.
    Mecklenburg trabalha com a distinção entre Regionalismo e Regionalidade, e afirma que a regionalidade faz parte de uma poética do espaço, especificada numa poética da província, ou melhor, da região. Para isso ela traz o conceito de região e regionalidade, no qual a região é um local físico e existente, e a regionalidade remete não necessariamente ao local dito no mapa, mas um local fictício que tenha um pacto com a realidade, que mostre a questão regional de forma ao mesmo tempo viva e subjetiva. E o Regionalismo não é necessariamente xenófobo e exclusivo de sua cultura, mas sim aberto à transculturalidade, construindo a troca de culturas, e dentro de sua dimensão encontrando o que é universal. A dicotomia regional/universal nem sempre é interessante, pois ela generaliza ao máximo esses conceitos, colocando barreiras. O que se pode entender é que não somente as medidas populares fazem uma obra ser universal, mas também um contato com aquilo que é particular a faz ser extensa por várias culturas.
    Ligia Chiappini sugere que a Literatura Comparada é a área mais adequada para estudar o regionalismo, pois auxilia através de seus estudos de tematologia e tipologia, além de, nos anos 90, já vir trabalhando com o regionalismo procurando “vencer os pressupostos nacionalistas e os preconceitos culturais [...]”. Ela define o regionalismo como uma categoria político-cultural, e para ser entendido seu desdobramento moderno leva-se em conta os meios de comunicação modernos [...]”. E o regionalismo literário, as “diferentes significações da palavra regionalismo no passado e no presente”. Apesar do interesse pelo regionalismo se expandir nos dias atuais, muitos autores evitam se enquadrar nesta tendência e muitos críticos ainda pensam não valer a pena o estudo de obras regionais e se atém a estudos genéricos. Chiappini diz que os estudos de obras singulares não estão acabando, mas no caso de um país com extensão territorial como o Brasil - se torna necessário um grande exercício de “garimpagem”, que extrapola as fronteiras do país. Chiappini então debate as ideias de nacionalidade e identidade regional contrastando com a globalização. A autora afirma que hoje há uma mudança de paradigmas e que as questões de que as identidades regionais têm ou não por base um princípio de exclusão, são bem discutidas (p.32).
    Nessa última parte do texto a autora conclui que os estudos do regionalismo devem se expandir além da germanística. Afirmando que uma perspectiva interdisciplinar e intercultural nos ajudaria a compreender melhor a literarização econômico-turística do espaço regional e de sua literatura, o que ajudaria a desmistificar o clichê da autenticidade. Os autores que foram reunidos no livro são adeptos da cooperação internacional, o que dá ao leitor a oportunidade de entrar no mundo da língua alemã por regiões nacionais e transnacionais. Chiappini afirma ainda que seria interessante o processo inverso, explorar em alemão o regionalismo de Mario de Andrade, Viana Moog etc. Ela afirma que esses autores poderiam ser estudados em paralelo com textos inovadores das gerações seguintes. E afirma também que as duas categorias fazem parte de um problema mais amplo, mas deixa a sugestão para um congresso a respeito do tema.


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